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terça-feira, 24 de novembro de 2020

Artigo: O parto prematuro como fator de alto risco para o neurodesenvolvimento

 

Problemas comportamentais, cognitivos e emocionais? Vamos entender o que está por trás disso

Dra Gesika Amorim

Dia Mundial da Prematuridade,  comemorado em novembro de cada ano, também chamado de Dia Internacional da Sensibilização para a Prematuridade, desde 2009 em 50 países, entre eles, EUA, Canadá, Brasil, Portugal e Austrália, tem como objetivo a conscientização sobre a prevenção da prematuridade, além de buscar estratégias que venham a diminuir a alta taxa de prematuridade que ocorrem a cada ano; cerca de 15 milhões de partos antecipados, ou seja, com algum grau de prematuridade, no mundo.

E essas taxas de nascimentos prematuros vem aumentando, em grande parte, nos países cujos dados apresentados são confiáveis.

Os países mais problemáticos são os de baixa renda, com 11,8%, seguido pelos países de média renda, 11,3%, e países de alta renda, com 9,3% dos casos. A posição do Brasil é preocupante, com a taxa de 11,7% de partos prematuros no ano de 2010, ficando na décima posição entre os países mais problemáticos. Segundo estudo nacional, apresentado pela UNICEF (2013).

As complicações no período perinatal, compreendidas entre as 22 semanas completas de gestação, até os 7 dias após o nascimento, e no período neonatal (do nascimento aos 28 dias de vida) podem prejudicar a evolução no desenvolvimento desses bebês, além da imaturidade neurobiológica que se apresentará sob vários aspectos.

Segundo a Dra. Gesika Amorim, Pediatra, Neuropsiquiatra Infantil, especialista em Tratamento Integral do Autismo e Neurodesenvolvimento - O cérebro da criança a termo após o nascimento duplica de tamanho até os nove meses. Cada neurônio, após o nascimento, forma pelo menos cem mil sinapses ou “pontes” entre si. Obviamente, o nascer prematuro trará um prejuízo nessa conectividade, com uma redução do número destas sinapses, além do prejuízo na formação da Glia (alimentação, suporte e defesa do SNC), outras células que amadurecem nesse período.

Bebês prematuros estão propícios a apresentarem patologias decorrentes da própria internação em UTI neonatal, todas complicadoras diretamente do neurodesenvolvimento; a falar apneia (falta de respirar), doenças pulmonares, sangramento no cérebro, distúrbios de pressão, etc.

Dra. Gesika Amorim faz um alerta - O mais importante é fazer um pré-natal de qualidade para diminuir as chances dos partos prematuros que acarretarão em doenças sérias ao longo da vida. O ideal é que a mãe entre em trabalho de parto, ou mesmo se isso não ocorrer, que a criança nasça apenas após as 39 semanas, quando há menos risco de complicações. Repetindo: trabalho de parto adiantado é sempre um risco para mãe e para o bebê.

Os Riscos e o Perigo Real.

Os recém-nascidos prematuros, segundo a Organização Mundial da Saúde, são os nascidos antes de atingir as 37 semanas completas de gestação. Segue abaixo a classificação:

  • Menos 28 semanas: prematuro extremo. sobrevivência de 50 % em países desenvolvidos. Problemas visuais, motores, paralisia cerebral, retardo mental, risco elevado para TEA.
  • 28 a 32 semanas: Muito prematuro. Podem apresentar ansiedade, TEA, TDH, problemas na linguagem e no comportamento, dificuldades nas interações sociais e nos relacionamentos afetivos. Baixo rendimento escolar e de aprendizado.
  • 32 a 37 semanas: Prematuro moderado e prematuro tardio. Desempenho escolar medíocre em comparação com crianças que nasceram dentro do período adequado. Sério risco de problemas comportamentais e atencionais.

Segundo a Dra. Gesika Amorim, que além de Pediatra e Neuropsiquiatra infantil, também está à frente há 25 anos de uma Unidade Neonatal, e por isso, ressalta sobre os perigos das cesáreas agendadas.

Segundo a especialista, não se deve marcar cesárea, seja por qualquer motivo, salvo por indicação precisa do médico“Pela minha experiência já vi muitas complicações, problemas graves por causa desse procedimento. As pessoas leigas, acreditam que o bebê nasceu com dois quilos está ótimo, mesmo com 37 semanas. Isso é um problema sério. Essa criança pode mamar, dormir, sorrir e não ter convulsões, mas lá na frente, com 4, 5 ou 6 anos de idade, ela poderá sim apresentar uma tendência maior aos distúrbios de aprendizado, a ter uma deficiência de leitura, ter TDAH ou um Transtorno de Ansiedade. 

Então, existe SIM uma correlação entre o nascer abaixo de 37 semanas, ser prematuro, baixo peso, internar em UTI neonatal e evoluir com transtornos neuropsiquiátricos. A prematuridade causa maior incidência de autismo, déficit intelectual, prejuízo escolar e transtornos disruptivos.”

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