Postagem em destaque

Crônica: Igual peixe, algumas pessoas morrem pela boca

Divulgação Ficava vidrado ao cortar o torresmo e ver a gordura escorrer no prato Astrogildo Magno Juca adorava comida gordurosa. Fã de...

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Geral: Reviravolta no caso da chacina em que morreu casal de PMs

Novas revelações podem mudar direcionamento das investigação na chacina de Vila Brasilândia/SP

   
Luís Alberto Caju

  Mais novidades na chacina de casal de Pms e o filho deles, de 13 anos, encontrados mortos, com três familiares, na segunda-feira (5), na Rua Dom Sebastião, Vila Brasilândia, Zona Norte de SP. A mulher era Andreia Regina Bovo, 35 anos, e o marido, sargento da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), Luís Marcelo Pesseghini, 40 anos.

 O tio da cabo da PM, Andreia Regina Pesseghini, revelou ao programa Cidade Alerta, da Rede Record, nesta quarta-feira, que o menino Marcelo Eduardo Pesseghini, 13 anos, estava morto vestido com calça moletom de pijama, não com as roupas em que aparece no vídeo, andando na calçada rumo à escola, às 6h23 de segunda-feira.

 “A mochila estava jogada na garagem. Vestia camisa branca e calça moletom de pijama. Se alguém vai praticar o suicídio, teria preocupação de tomar banho, trocar de roupa, tirar os sapatos pretos e depois dar um tiro na cabeça?”, questionou o parente de Andreia. No dia do conhecimento da chacina, essa pessoa que pediu para não se identificar, durante entrevista ao Cidade Alerta, logo quando chegou recebeu dois telefonemas.

  “No primeiro às 16h45, segundo ele, uma mulher perguntava se ali era a casa do Marcelinho (filho do casal), e porque o menino não tinha ido à escola naquela segunda-feira. Cinco minutos depois, outra mulher telefona e pergunta se é da casa da Andreia (mãe de Marcelo). Repetiu a mesma história de que o garoto não tinha ido ao colégio, onde estudava a poucos quilômetros de sua casa”, ressaltou.

                                        Voltava para casa de perua

  Em várias reportagens exibidas na televisão sobre o caso, professores e alunos garantem que Marcelo Eduardo foi à escola e ali ficou até perto do meio-dia, quando teria recebido carona de colega e voltado para casa. Porém, de acordo com esse familiar, por parte da cabo Pm Andreia, uma das vítimas na chacina, o garoto só voltava para a residência no carro da mãe ou numa perua contratada, que o deixava no portão, após a avó Benedita Oliveira da Silva, 65 anos, atendê-lo.

 Outro detalhe ressaltado por esse tio de Andreia é o cachorro que ficava na garagem, bravo com estranhos. “Por que com o barulho dos tiros ele ficou quieto, não latiu, pois os cães latem ao ouvir disparos de fogos ou tiros?” “Percebi que a porta da sala estava aberta. Eles nunca dormiam com as portas sem fechar. E pior com a chave do lado de fora”, observou.

  Esse parente da cabo Pm Andreia foi um dos primeiros a entrar na residência para reconhecer os corpos e percebeu fatos estranhos. “Minha avó Benedita e a tia-avó Bernardete (Oliveira da Silva, de 55 anos) estavam deitadas em camas separadas com os rostos de frente para outra, embaixo de cobertores. As duas levaram tiros na cabeça. Não havia rastro de sangue no quintal”, disse.

                                   Cabeça encostada no chão

 O sargento da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), Luís Marcelo Pesseghini, 40 anos, estava deitado de bruços, como se tivesse dormindo quando foi alvejado, ao lado do filho Marcelo, que estava com a pistola .40 perto da barriga. “Minha sobrinha (Andreia) foi encontrada agachada de joelhos, com os braços cruzados e cabeça encostada no chão. Ela viu quem praticou o crime e não foi o Marcelinho”, afirmou.

  Na avaliação desse parente, a polícia está deixando de lado detalhes importantes. “Será que as duas mulheres que ligaram para casa deles (Luís Marcelo e Andreia), e que atendi seus telefonemas, não fizeram isso para confirmar as mortes? Se o Marcelo ficou na escola até perto do meio-dia, qual razão para dizer que ele não tinha ido à escola e por isso estava ligando?”

 Ao tomar conhecimento da entrevista ao Cidade Alerta, o delegado Itagiba Franco, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), responsável pelo inquérito, disse que vai intimar esse parente da cabo Pm Andreia para passar mais detalhes a respeito dos telefonemas que recebeu quando foi reconhecer os corpos das vítimas. “É uma informação nova. Vamos apurar”, concordou.

                                    Roubo a bancos e caixa eletrônicos

  Nesta quarta-feira o coronel Wagner Dimas, comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar, onde a cabo PM Andreia trabalhava, disse durante entrevista à Rádio Bandeirantes, que ela havia denunciado colegas de serviço que estariam envolvidos com roubos a caixas eletrônicos.

 Ele ressaltou que a investigação não chegou a uma conclusão e nenhum policial acabou preso. Porém alguns agentes foram transferidos. O coronel garantiu que Andreia nunca lhe relatou que sofresse qualquer tipo de ameaça e que as denúncias contra os demais soldados eram sigilosas.

 O coronel afirmou durante a entrevista não estar convencido na versão apresentada até agora pela polícia de que o garoto Marcelo Eduardo tenha sido o autor da morte das quatro pessoas de sua família e depois se suicidado. O comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar não descartou a possibilidade de o crime ter ligação com a denúncia feita pela policial.

  Por causa da entrevista, o oficial foi convocado à corregedoria da PM para prestar esclarecimentos e dizer quais as razões que o levaram a fazer tais afirmações ao programa da Rádio Bandeirantes. O comando geral da Polícia Militar de SP pediu que o teor dessa entrevista fosse desconsiderado pela população, mantendo a tese dos quatro homicídios seguido de suicídio.

                                 Perguntas ainda sem respostas
 
1) Se o menino Marcelo Eduardo era gentil, atencioso com a família (de acordo com o tio de Andreia, ele adorava os pais e as avós, inclusive tinha sonho de trabalhar na Rota), quais as razões para matar toda a família? 2) Qual o motivo para o casal de Pms (ele sargento da Rota, tropa de elite da polícia paulista) deixar aberta a porta da sala, inclusive com a chave do lado de fora? 3) Por que o cachorro não latiu ao ouvir o barulho dos tiros (os assassinos não teriam usado silenciadores nas armas). Seria alguém conhecido do casal e talvez por isso o cão o recebeu sem latir?

4) Qual a razão para o garoto Marcelo (apontado como autor dos quatro homicídios) deixar a mochila, em que aparece andando às 6h23 a caminho da escola, na garagem; quando o correto era entrar com ela? 5) Segundo o tio de sua mãe, na entrevista ao Cidade Alerta, o garoto morreu vestido com uma camisa branca e calça moletom de pijama. Ou seja, não trajava o uniforme escolar. Significa que ele tomou banho e trocou de roupa. Qual a razão para um suicida fazer isto, se de fato tirou a própria vida? 6) Quem era a pessoa que o trouxe da escola na segunda-feira e o deixou na porta de casa, quando o costume era vir com a mãe ou de perua contratada, que o entregava no portão onde sua avó Benedita o recebia.

7) A polícia sustenta que existia nos dedos da mão de Marcelo fios de cabelos de sua mãe, que foi executada de joelhos. Eles tinham sangue? Como ele ficou mais de dez horas com os fios de cabelos nos dedos, se durante esse período teve de ir ao banheiro, lavar o rosto e as mãos para comer? 8) Por que não existia rastro de sangue no local ou mesmo de massa encefálica na roupa usada por ele? Onde ficaram elas? 9) Existem vestígios de sangue ou massa encefálica nas pias da casa, onde Marcelo (se de fato foi o autor do crime) lavou o rosto e mãos? 10) Na escola ninguém percebeu que ele tinha fios de cabelos nas mãos e sinais de que não dormiu bem? 11) Por que no carro onde ele ficou, segundo a polícia por quase cinco horas, não havia vestígios de sangue ou massa encefálica?