Alexandre Jobim, representante das empresas, é contra obrigatoriedade do diploma |
Luís Alberto Alves
Sete conselheiros da Comissão de
Liberdade de Expressão do Conselho de Comunicação Social manifestaram-se
nesta segunda-feira (2) contrariamente à necessidade de curso superior
específico para jornalistas, e cinco manifestaram-se favoravelmente ao diploma
obrigatório. A plenária do conselho ainda precisa tomar decisão final sobre a
matéria, antes que ela se constitua parecer do órgão. O conselho é um órgão que assessora o Congresso Nacional nos assuntos
referentes à comunicação.
A Comissão de Liberdade de
Expressão debateu duas propostas em análise no Congresso Nacional que
restabelecem a necessidade de diploma específico para o exercício profissional
do jornalismo. A exigência de diploma específico foi proibida pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) em junho de 2009. A primeira é a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 386/09, do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que foi aprovada por comissão especial da Câmara em julho de
2010 e, desde então, aguarda inclusão na pauta do Plenário. A segunda é a PEC
206/12, do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), já aprovada pelo Senado e
que ainda precisa ser analisada pela Câmara.
Celso Schröder, representante dos jornalistas, defende diploma para exercer a profissão |
Para o conselheiro Celso
Schröder, representante da categoria profissional de jornalista, a formação
específica é a garantia da qualidade do produto jornalístico para a sociedade.
Ele explica que a decisão do STF é fundada na liberdade de expressão, mas, para
ele, com essa decisão, “a liberdade de expressão está traduzida na liberdade
das empresas de comunicação”. Schroeder observou ainda que a decisão do STF
teve como base uma ação de empresas jornalísticas. Segundo ele, jornalistas sem
formação específica têm remuneração pior. “As empresas deste setor têm
dificuldade de conviver com qualquer tipo de marco regulatório, inclusive sobre
seus trabalhadores”, afirmou.
O conselheiro Alexandre Jobim,
representante das empresas de imprensa escrita, disse, porém, que a ação foi
iniciativa do Ministério Público Federal, e não das empresas. Segundo ele, a
necessidade de diploma para o exercício do jornalismo remonta de decreto-lei da
época da ditadura militar. “Para se dar opinião, era necessário o aval do
Ministério do Trabalho”, ressaltou. Na visão dele, as empresas de comunicação
não vão contratar pessoas irresponsáveis, pois a responsabilidade sobre o que é
publicado recai sobre o veículo.
Além disso, Jobim acrescentou que
a Comissão de Direitos Humanos Interamericana da Organização dos Estados
Americanos (OEA) também interpreta que a necessidade obrigatória de diploma
para o exercício do jornalismo viola a liberdade de expressão.
Supremo x Congresso
Alexandre Jobim acredita que, se as PECs forem aprovadas, voltarão ao Supremo Tribunal Federal, porque “não se pode legislar contrariamente à liberdade de expressão”. Já a conselheira Maria José Braga, representante da categoria dos jornalistas, defende que o debate sobre a necessidade de diploma, se dê na arena de discussão pública no Brasil, que é o Congresso Nacional.
Para ela, esta discussão - da regulação da profissão de jornalista - não se confunde com a garantia da liberdade de expressão a todo e qualquer cidadão. Maria José salientou que o jornalismo de opinião é apenas um dos tipos de jornalismo, que já pode ser exercido por qualquer pessoa e que não se confunde com a mediação diária entre eventos e sociedade.
Alexandre Jobim acredita que, se as PECs forem aprovadas, voltarão ao Supremo Tribunal Federal, porque “não se pode legislar contrariamente à liberdade de expressão”. Já a conselheira Maria José Braga, representante da categoria dos jornalistas, defende que o debate sobre a necessidade de diploma, se dê na arena de discussão pública no Brasil, que é o Congresso Nacional.
Para ela, esta discussão - da regulação da profissão de jornalista - não se confunde com a garantia da liberdade de expressão a todo e qualquer cidadão. Maria José salientou que o jornalismo de opinião é apenas um dos tipos de jornalismo, que já pode ser exercido por qualquer pessoa e que não se confunde com a mediação diária entre eventos e sociedade.
A conselheira Wrana Panizzi, representante da sociedade civil, também
defendeu a necessidade de profissionalização e formação acadêmica do
jornalista, “até para que ele possa pensar sobre o que faz”. Já o conselheiro
Ronaldo Lemos, também representante da sociedade civil, foi contrário ao
diploma. Para ele, com a mudança tecnológica em curso a partir do advento da
internet, é difícil saber o que é jornalismo e o que é veículo de comunicação.
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