Os cinco militantes foram mortos pelo regime militar numa chacina no Parque Nacional do Iguaçu em 1974 |
Luís Alberto Alves
As expedições para localizar os
corpos dos cinco militantes de esquerda mortos pelo regime militar em uma
chacina ocorrida no Parque Nacional do Iguaçu (PR), em 13 de julho de 1974,
serão retomadas no início do segundo semestre.
Em audiência pública promovida
pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias nessa quarta-feira (21), o
representante da Comissão Nacional da Verdade, Ivan Seixas, afirmou que o
massacre no Paraná foi a operação mais investigada e com informações mais
precisas sobre o período, depois da guerrilha do Araguaia, movimento
guerrilheiro destruído pelas Forças Armadas no anos 1970.
Seixas participa há
aproximadamente uma década de diversas expedições na região para localizar os
restos mortais dos guerrilheiros Daniel José de Carvalho, Joel José de
Carvalho, José Lavecchia, Vitor Carlos Ramos e o argentino Enrique Ernesto
Ruggia. Ele ressaltou que “o episódio não foi esquecido, foi exaustivamente
analisado e investigado, e continuará tendo, no segundo semestre deste ano,
mais buscas e mais investigações”.
Ainda há um sexto integrante da
organização, Onofre Pinto, um dos líderes da Vanguarda Popular Revolucionária
(VPR) que, segundo relatos de testemunhas que participaram da operação, foi
morto e teve o corpo jogado em um rio, cuja ponte está submersa pelas águas da
Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Memória
O autor do livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?”, que revelou a história da chacina, Aluízio Palmar, após anos de investigação e pesquisa, relatou que os militantes da VPR foram atraídos para uma emboscada, em uma operação liderada pelo coronel do Exército Paulo Malhães, morto no último dia 25 de abril.
O autor do livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?”, que revelou a história da chacina, Aluízio Palmar, após anos de investigação e pesquisa, relatou que os militantes da VPR foram atraídos para uma emboscada, em uma operação liderada pelo coronel do Exército Paulo Malhães, morto no último dia 25 de abril.
Ele afirmou que o esquecimento
não pode vencer a memória e a verdade. “Tenho muita fé que o trabalho em torno
da memória vai levar o País a conhecer o período da ditadura, a localizar os
desaparecidos e a punir os responsáveis pelas violações de lesa-humanidade”,
observou Palmar.
Lilian Ruggia, irmã do argentino
Enrique Ruggia, morto aos 18 anos, se emocionou na audiência pública ao relatar
o último encontro com o irmão antes dele decidir entrar clandestinamente no
Brasil para lutar contra a ditadura. Ela disse que passou a vida buscando um
corpo para chorar, para sepultar junto com seus pais e para ter um pouco de
paz. “A investigação vale para história dos povos, para que todos os
desaparecimentos sejam lembrados e que esses crimes não sejam repetidos”,
observou.
Participação
A jornalista Juliana dal Piva, que entrevistou o coronel Paulo Malhães um mês antes dele morrer durante um assalto a sua casa, em Nova Iguaçu (RJ), disse que militar confirmou a participação no episódio, liderando a operação. Segundo dal Piva, no entanto, Malhães afirmou que os corpos dos militantes foram jogados no rio e não enterrados no parque e, portanto, não podem ser localizados.
A jornalista Juliana dal Piva, que entrevistou o coronel Paulo Malhães um mês antes dele morrer durante um assalto a sua casa, em Nova Iguaçu (RJ), disse que militar confirmou a participação no episódio, liderando a operação. Segundo dal Piva, no entanto, Malhães afirmou que os corpos dos militantes foram jogados no rio e não enterrados no parque e, portanto, não podem ser localizados.
Rosa Cardoso, membro da Comissão
Nacional da Verdade, rebateu essa informação. Ela afirmou que suas revelações
são importantes, mas não são totalmente confiáveis: “O coronel queria causar
confusão, dificultar o processo e criar uma cortina de fumaça nas
investigações”, disse Cardoso.
Conhecimento
O presidente da Comissão de
Direitos Humanos, deputado Assis do Couto (PT-PR), afirmou que a audiência
pública ajudou a trazer maior visibilidade histórica sobre o episódio da
chacina no Parque Iguaçu. O parlamentar defendeu um termo de cooperação
assinado pela Comissão Nacional da Verdade, pela Secretaria Nacional de
Direitos Humanos, pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara, com participação
das universidades, da Usina Hidrelétrica de Itaipu, do Instituto Chico Mendes,
que é o gestor do Parque do Iguaçu, para que tenham êxito na localização dos
corpos.
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