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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Crônica: Dez filhos não conseguem cuidar de um pai

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Todos chegaram à juventude, ingressaram na USP, concluíram o curso, entraram no mercado de trabalho

Astrogildo Magno

Boanerges era um pai dedicado. Trabalhava em média 20 horas por dia. Com seis filhos ainda crianças, procurava proporcionar todo o conforto às crianças (três meninos e três meninas). Quando estavam na adolescência, perdeu a esposa num acidente de carro. Teve que segurar o rojão de educá-los, agora sem a presença de sua amada mulher.

Todos chegaram à juventude, ingressaram na USP, concluíram o curso, entraram no mercado de trabalho e se transformaram em excelentes profissionais em sua  área de atuação. Quanto a Boanerges, o peso da idade, agora com 70 anos, teve que se aposentar e viver com o curto benefício pago pela Previdência Social.

Cada um dos filhos e filhas se casaram. Três deles mudaram-se para o Exterior, aumentando o distanciamento com o velho. Mesmo com Whatsapp, as conversas ficaram escassas. Afinal de contas, na visão deles, velho, mesmo sendo pai, torna-se “chato”, quando aumenta o peso da idade.

Com a saúde debilitada, Boanerges precisou ficar internado na rede hospitalar relacionada ao SUS (Sistema Único de Saúde). Precisava de um transplante de rim. O hospital entrou em contato com os filhos, mas nenhum deles retornou às ligações. A cirurgia aconteceu. Porém, nenhum dos seus meninos e meninas que criou com tanto carinho se preocupou com ele. Como diz o ditado: “um pai cria dez filhos, mas dez filhos não cuidam de um pai....”

Astrogildo Magno é cronista

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