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Todos chegaram à juventude, ingressaram na USP, concluíram o
curso, entraram no mercado de trabalho
Astrogildo Magno
Boanerges era um pai dedicado. Trabalhava em média 20 horas
por dia. Com seis filhos ainda crianças, procurava proporcionar todo o conforto
às crianças (três meninos e três meninas). Quando estavam na adolescência,
perdeu a esposa num acidente de carro. Teve que segurar o rojão de educá-los,
agora sem a presença de sua amada mulher.
Todos chegaram à juventude, ingressaram na USP, concluíram o
curso, entraram no mercado de trabalho e se transformaram em excelentes profissionais
em sua área de atuação. Quanto a Boanerges,
o peso da idade, agora com 70 anos, teve que se aposentar e viver com o curto
benefício pago pela Previdência Social.
Cada um dos filhos e filhas se casaram. Três deles mudaram-se
para o Exterior, aumentando o distanciamento com o velho. Mesmo com Whatsapp, as
conversas ficaram escassas. Afinal de contas, na visão deles, velho, mesmo
sendo pai, torna-se “chato”, quando aumenta o peso da idade.
Com a saúde debilitada, Boanerges precisou ficar internado na
rede hospitalar relacionada ao SUS (Sistema Único de Saúde). Precisava de um
transplante de rim. O hospital entrou em contato com os filhos, mas nenhum
deles retornou às ligações. A cirurgia aconteceu. Porém, nenhum dos seus
meninos e meninas que criou com tanto carinho se preocupou com ele. Como diz o
ditado: “um pai cria dez filhos, mas dez filhos não cuidam de um pai....”
Astrogildo Magno é cronista
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