Não tinha medo do futuro, mas algo lhe tirava a paz
Astrogildo Magno
Gilson era competente professor de matemática e atleta de
disputar diversos tipos de corrida. Porém, algo lhe retirava a paciência: a
velocidade do tempo. Não conseguia compreender como as horas “voavam”.
Levantava-se, logo pegava o carro para ir à faculdade lecionar trigonometria e
álgebra. Logo, chegava o horário do almoço e depois o final do dia.
Percebia que os seus cabelos mudavam rapidamente para o
grisalho, mas mantinha na mente a velocidade de raciocínio da época de
juventude. Nem parece que se aproximava dos 60 anos. Comentava com outros
colegas de faculdade, mas nem todos compreendiam as suas críticas. Olhava para
as suas duas filhas, ambas chegando aos 25 e 26 anos e perto da formatura em
Medicina e Engenharia.
Semana
Ele voltava no tempo e relembrava o tempo em que elas ainda
eram crianças, antes de chegar aos dez anos de idade, correndo pela casa,
pedindo sorvete e bolo de chocolate como café da manhã. Depois chegaram à
adolescência, ultrapassaram a faixa dos 18 anos e as viagens entraram na ordem
do dia, quase todo final de semana.
Não tinha medo do futuro, mas algo lhe tirava a paz: o que as
mudanças da tecnologia iriam impactar na qualidade de vida da humanidade? Certo dia algo lhe chamou a
atenção quando um mendigo lhe pediu dinheiro num cruzamento da avenida
Rebouças. “Doutor, não se preocupe com o tempo, o criador do tempo nunca perdeu
e nunca perderá o controle do tempo.....”
Astrogildo Magno é cronista
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