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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Chumbo Quente: Polarização é resultado da briga pelo poder

 Infelizmente, a maioria das pessoas só tem acesso à ponta do iceberg

    Pixabay

No Congresso Nacional existem vários lobos disfarçados de parlamentares

Luís Alberto Alves/Hourpress

A polarização entre eleitores pró-Lula e pró-Bolsonaro já provoca medo entre as pessoas que pensam não irem votar no próximo dia 2 de outubro (domingo). A violência tomou o lugar do bom senso e qualquer discussão a respeito do assunto é motivo para agressões físicas e xingamentos, quando não ocorre tentativas de homicídios.

A palavra abstenção já provoca calafrios tanto em Lula quanto em Bolsonaro. Caso o número seja elevado, a disputa para presidir o Brasil, pelos próximos quatro anos, vai para o segundo turno. Caso um petista passe num local onde estejam bolsonaristas, correrá o risco de apanhar ou mesmo de morrer, ou vice-versa.

Mas porque as eleições deste ano jogaram combustível na fogueira do ódio? Não é novidade que os extremos são parecidos nas decisões. Existem radicais de ambos os lados. É ingenuidade imaginar que nos redutos petistas ou bolsonaristas todos são santos. A briga é pelo poder. Neste olimpo existe muito dinheiro em jogo, além da autoridade conferida pelo cargo de presidente da República.

Disputa

É briga de elefante e como diz o ditado popular, neste tipo de combate que sai perdendo é a grama. Ela é a população de eleitores, grande maioria sem emprego, sobrevivendo debaixo de pontes, às margens de rios, e ganhando baixos salários, que não atende todas as necessidades de consumo de uma família. A disputa é para colocar as mãos em licitações bilionárias, que renderão milhões nos paraísos fiscais.

As moscas que pousam no açúcar que o então presidente Bolsonaro oferece ao Centrão, por meio do orçamento secreto, serão as mesmas que repetirão o gesto com Lula, caso ele chegue ao seu terceiro mandato. As raposas acostumadas a invadirem o galinheiro para comer os ovos conhecidos como projetos de lei para beneficiar algum setor da economia.

Só bobo para crer que construção de obra pública não tenha pagamento de propina para escolha de empresas para conduzir o negócio. É jogo antigo, desde a década de 1940 é repetição do esquema de arrancar dinheiro do governo. Será que o presidente JK ao apoiar as montadoras de automóveis, colaborando para sucatear as linhas férreas, só ganhou elogios?

Costas

Em jornalismo, onde estou há 35 anos, aprendi que ninguém dá presente para outra pessoa sem pedir algo em troca. No caso de governo, o jogo é mais pesado. Nenhum segmento econômico apoia uma administração pública só aguardando tapinhas nas costas de seus presidentes. Infelizmente, a maioria das pessoas só tem acesso à ponta do iceberg.  O restante ficará oculto. Nunca tomarão conhecimento dos grandes acordos fechados na calada da noite.

Neste jogo de interesse, opositores de ontem estarão lado a lado nesta conquista de espaço em nova administração. Lembro-me da coletiva de imprensa em que o então presidente Lula jogou para escanteio a ministra de Meio Ambiente, Marina Silva para cacifar a outra ministra Dilma Rousseff. Em público, ele deixou bem claro que Marina estava atrapalhando, com as suas medidas ambientalistas, que conflitavam o agronegócio.

O resultado foi a saída de Marina Silva e o caminho ficou aberto para Dilma, que se elegeu duas vezes. Recentemente para fortalecer a sua campanha, a ex-ministra voltou à lembrança de Lula. O cinismo foi tão grande, que ele não se lembrou da patifaria que fez, quando a humilhou em público. A polarização é fruto deste sujo jogo de interesse, onde os políticos nunca perderão, pois estarão apenas trocando de lugar para continuar no poder, de onde nunca desejam sair.

Luís Alberto Alves, jornalista e editor do blogue Hourpress

 

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