Infelizmente, a maioria das pessoas só tem acesso à ponta do iceberg
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No Congresso Nacional existem vários lobos disfarçados de parlamentares |
Luís Alberto Alves/Hourpress
A polarização entre eleitores
pró-Lula e pró-Bolsonaro já provoca medo entre as pessoas que pensam não irem
votar no próximo dia 2 de outubro (domingo). A violência tomou o lugar do bom
senso e qualquer discussão a respeito do assunto é motivo para agressões
físicas e xingamentos, quando não ocorre tentativas de homicídios.
A palavra abstenção já provoca
calafrios tanto em Lula quanto em Bolsonaro. Caso o número seja elevado, a
disputa para presidir o Brasil, pelos próximos quatro anos, vai para o segundo
turno. Caso um petista passe num local onde estejam bolsonaristas, correrá o
risco de apanhar ou mesmo de morrer, ou vice-versa.
Mas porque as eleições deste ano
jogaram combustível na fogueira do ódio? Não é novidade que os extremos são parecidos
nas decisões. Existem radicais de ambos os lados. É ingenuidade imaginar que
nos redutos petistas ou bolsonaristas todos são santos. A briga é pelo poder.
Neste olimpo existe muito dinheiro em jogo, além da autoridade conferida pelo
cargo de presidente da República.
Disputa
É briga de elefante e como diz o
ditado popular, neste tipo de combate que sai perdendo é a grama. Ela é a
população de eleitores, grande maioria sem emprego, sobrevivendo debaixo de
pontes, às margens de rios, e ganhando baixos salários, que não atende todas as
necessidades de consumo de uma família. A disputa é para colocar as mãos em
licitações bilionárias, que renderão milhões nos paraísos fiscais.
As moscas que pousam no açúcar
que o então presidente Bolsonaro oferece ao Centrão, por meio do orçamento
secreto, serão as mesmas que repetirão o gesto com Lula, caso ele chegue ao seu
terceiro mandato. As raposas acostumadas a invadirem o galinheiro para comer os
ovos conhecidos como projetos de lei para beneficiar algum setor da economia.
Só bobo para crer que construção
de obra pública não tenha pagamento de propina para escolha de empresas para
conduzir o negócio. É jogo antigo, desde a década de 1940 é repetição do
esquema de arrancar dinheiro do governo. Será que o presidente JK ao apoiar as
montadoras de automóveis, colaborando para sucatear as linhas férreas, só
ganhou elogios?
Costas
Em jornalismo, onde estou há 35
anos, aprendi que ninguém dá presente para outra pessoa sem pedir algo em
troca. No caso de governo, o jogo é mais pesado. Nenhum segmento econômico
apoia uma administração pública só aguardando tapinhas nas costas de seus
presidentes. Infelizmente, a maioria das pessoas só tem acesso à ponta do
iceberg. O restante ficará oculto. Nunca
tomarão conhecimento dos grandes acordos fechados na calada da noite.
Neste jogo de interesse,
opositores de ontem estarão lado a lado nesta conquista de espaço em nova
administração. Lembro-me da coletiva de imprensa em que o então presidente Lula
jogou para escanteio a ministra de Meio Ambiente, Marina Silva para cacifar a
outra ministra Dilma Rousseff. Em público, ele deixou bem claro que Marina
estava atrapalhando, com as suas medidas ambientalistas, que conflitavam o
agronegócio.
O resultado foi a saída de Marina
Silva e o caminho ficou aberto para Dilma, que se elegeu duas vezes.
Recentemente para fortalecer a sua campanha, a ex-ministra voltou à lembrança
de Lula. O cinismo foi tão grande, que ele não se lembrou da patifaria que fez,
quando a humilhou em público. A polarização é fruto deste sujo jogo de
interesse, onde os políticos nunca perderão, pois estarão apenas trocando de
lugar para continuar no poder, de onde nunca desejam sair.
Luís Alberto Alves, jornalista e
editor do blogue Hourpress
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