A postura da diretora da Visarplan, Amélia Whitaker, lembra muito o questionamento feito pelo administrador de Jerusalém, na época em que Jesus Cristo foi crucificado
*Luís Alberto Alves/Hourpress
Como é de conhecimento de vários
colegas e amigos de profissão, da discriminação que sofri nesta terça-feira (22) em evento realizado pela Visarplan, no hotel
Fasano, em São Paulo, por volta das 18h desta quarta-feira (23), a diretora da empresa Amélia Whitaker me
enviou um e-mail tentando se justificar sobre o ocorrido.
Porém, como jornalista, há mais
de 32 anos atuando na área, chegou em minhas mãos, o que já estava procurando: outro texto, desta vez publicado no site da
Visarplan a respeito da repercussão que este fato ganhou junto a diversos
profissionais de imprensa.
A postura da diretora da
Visarplan, Amélia Whitaker, lembra muito o questionamento feito pelo
administrador de Jerusalém, na época em que Jesus Cristo foi crucificado. Quando Pôncio Pilatos perguntou a Cristo o
que era a verdade.
E-mail enviado nesta quarta-feira (23) no início da noite.
Tentei
contato com voce por telefone, mas nao obtive sucesso.
Nunca
foi nossa intenção fazer com que você se
sentisse ofendido e peço desculpas por ter causado esse sentimento.
Reconheço
que, sim, o racismo estrutural existe em nossa sociedade. E tenho ciência de
que a parte ofendida tem o direito de interpretar os fatos à sua maneira. Mas,
neste caso específico, o que ocorreu foi um mal-entendido.
Permita-me
dar a nossa versão dos fatos. Ontem (22/10), você chegou ao evento
antecipadamente, quando ainda finalizávamos os preparativos.
Seu
nome constava na lista de convidados, mas ainda não estávamos permitindo o
acesso.
Foi
solicitado que aguardasse um pouco até a abertura do evento.
A
assessora de imprensa, que por uma contingência, estava sozinha, permaneceu
focada nas atividades do evento. E, ao não te ver mais, deduziu que já
estivesse no espaço.
Após
algum tempo, ficou surpresa ao ser abordada por você, dizendo que ainda aguardava
na recepção. Ela então se desculpou e explicou o ocorrido.
Admito
que erros aconteceram nesta noite. Houve desorganização de nossa parte e, mais
uma vez, peço desculpas por isso. E, principalmente, porque um erro desses pode
sim ser interpretado de maneira equivocada. E foi o que, infelizmente,
aconteceu.
Essa
não é, nem nunca foi a postura da Visarplan. E nos comprometemos em seguir
aprimorando nosso time, em treinamentos internos, para que isso não mais se
repita.
Por
favor, eu gostaria de marcar uma conversa presencial com voce.
Obrigada
Abs
Na visão do opressor ela tem
uma conotação e na do oprimido outra. Mas
não deixa de ser verdade. Ninguém muda o que aconteceu. Num dos parágrafos
é descrito que a “assessora de imprensa”
Ana Laura, deduziu que eu (Luís Alberto Alves) já estivesse dentro do local
onde ocorreria a coletiva de imprensa. Também frisa que ela ficou “surpresa”
ao me ver ainda no hall da recepção do hotel Fasano.
É aqui que começa a falsa
verdade da Visarplan. Eu fiquei do lado
de fora, quando a assessora Ana Laura não permitiu que eu entrasse no local.
Estava a poucos metros dela. Sentado numa poltrona, ao lado da portaria de
acesso à recepção do restaurante do hotel Fasano, com meu bloco de anotações
(como fazia o saudoso colega de profissão Clóvis
Rossi, da Folha de S.Paulo) sempre olhava para a assessora Ana Laura
aguardando o sinal verde.
Por
mais de 1 HORA aguardei ali sentado, enquanto diversos convidados chegavam e
entravam, inclusive um repórter-fotográfico. Não demorou para eu
perceber que não era bem-vindo naquele evento. Percebi isto logo na chegada. Quando a assessora Ana Laura se espantou
ao saber que eu era o jornalista da Hourpress.
Seu rosto branco logo mudou de cor, num aperto
de mão gelado. De forma subliminar
entendi quando o nosso corpo “fala” . Ali ficou o seu desconforto em relação
mim. Primeiro que passou ao meu lado, pensando que era o outro convidado o
profissional de imprensa da Hourpress.
Tentou consertar o erro, mas sua fisionomia não deixou.
Foi quando me comunicou para aguardar no hall da recepção
do hotel, para então poder entrar e participar da coletiva de imprensa, que
seria realizada no restaurante do hotel Fasano. Friso este detalhe, para
que não fique nenhuma dúvida a respeito da discriminação que ali sofri.
Mal
entendido é diferente de racismo. Mesmo de forma velada, nós
negros ou qualquer outra pessoa, vítima de tamanha ofensa a sua integridade física
ou moral, conseguimos perceber tamanho desrespeito. Nunca iria gastar tempo com algo sem nenhuma valia, visando prejudicar
a imagem da Visarplan.
Deixo
público esta indignação para que fato tão triste, como o que passei na 1 HORA sentando
como se fosse um idiota, não se repita com mais ninguém, seja por causa do
sexo, idade, cor ou condição social. Jogo
de palavra não resolve nada. A maior
prova de honradez é reconhecer o erro. Isto não diminui ninguém, pelo contrário
eleva o caráter e a moral.
*Luís
Alberto Alves é diretor de redação do blog hourpress.com.
br e jornalista há mais de 32 anos. Trabalhou nos principais veículos de
comunicação de SP. É expert em Política Internacional, Segurança Pública,
Economia, Música, Veículos, Gospel Music, Sindicalismo e Meio Ambiente. É
grande estudioso de Black Music, arranjador e músico de formação clássica.
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