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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Variedades: Marchinhas irreverentes fazem críticas à Olimpíada e a problemas do Rio




  • Rio de Janeiro
Isabela Vieira -  Agência Brasil







Rio de Janeiro - Comemorando os 449 anos da cidade do Rio de Janeiro, um dos mais antigos blocos, o Bola Preta, abriu hoje (1 ) o carnaval de rua carioca (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Com marchinhas irreverentes, blocos de rua reúnem milhares de foliões nas ruas do Rio Tomaz Silva/Agência Brasil

Corrupção, problemas no transporte público, violência policial e a Olimpíada no Rio de Janeiro serão temas de marchinhas de carnaval. Em forma de paródia, as músicas vão ser cantadas por 30 blocos de rua que aderiram à campanha Ocupa Carnaval. Criada por grupos de artistas, ativistas e movimentos sociais, as marchinhas criticam, de forma irreverente, problemas do país e da cidade, que passa por intervenções controversas para receber os Jogos Olímpicos em agosto.

Elaboradas de maneira colaborativa, em reuniões abertas, as marchinhas farão parte do repertório de blocos tradicionais como a Orquestra Voadora, o Céu na Terra, o Boi Tolo e de blocos criados para protestar, como o Planta na Mente, que defende a legalização das drogas, e o Mulheres Rodadas, em favor da liberdade e autonomia das mulheres, que desfilam entre sábado (6) e quarta-feira (10). A campanha inclui ainda adesivos, vídeos nas redes sociais e uma alegoria-símbolo em referência à tocha olímpica, que circulará pelo carnaval de rua.

Um dos organizadores da campanha, o saxofonista Tomás Ramos, do Bloco Nada Deve Parecer Impossível de Mudar, explica que a ideia do Ocupa Carnaval é levantar, também nos dias de folia, temas que movimentos sociais discutem ao longo do ano. Portanto, as intervenções da prefeitura, que alteraram a dinâmica da cidade para a Olimpíada, não poderiam ficar de fora.

Ao som de Cidade Maravilhosa, serão denunciados investimentos público-privados em áreas mais ricas, com a Barra da Tijuca, a sede do Parque Olímpico, além do encarecimento do custo de vida no Rio. Também entram no refrão as remoções de 40 mil famílias, entre elas cerca de 500 retiradas da Vila Autódromo e que deu lugar ao Centro Internacional de Transmissão (IBC). O prédio, que será utilizado pela imprensa nos jogos, será depois adaptado para centro comercial.

“Prevaleceu a lógica da especulação imobiliária, que decidiu quais eram as prioridades em termos de áreas para investimentos públicos e privados. Temos hoje uma cidade voltada para [favorecer] o negócio, a especulação imobiliária e não para o bem-estar das pessoas que vivem nela”, afirmou Tomás.

Também reflexo da tentativa de organização da cidade para receber as competições internacionais, segundo o Ocupa Carnaval, estão o aumento da violência policial e os chamados choque de ordem, as operações da Guarda Municipal que recolhem moradores de rua e a mercadoria de vendedores ambulantes não autorizados. Para protestar contra a repressão aos camelôs, os ativistas organizam um cortejo específico nesta quarta-feira (3), saindo do camelódromo da Rua Uruguaiana, no centro, às 16h30, em direção à Lapa, com a participação dos vendedores.

Ao ritmo de Alalalô, outra paródia lembrará o caso do assessor da prefeitura e deputado federal Pedro Paulo, denunciado mais de uma vez pela mulher, por tê-la ameaçado e agredido com um soco que lhe quebrou um dente.

                                   Tragédia em Mariana também vira marchinha
Mesmo tendo ocorrido fora do Rio, a tragédia na cidade de Mariana, em Minas Gerais, causada depois que uma barragem da empresa Samarco, ligada à Vale, se rompeu, também virou marchinha. A composição Jardineira foi transformada para lembrar os mortos e desabrigados, além dos impactos ambientais do acidente. “Ó Mariana porque estás tão triste, mas o que foi que te aconteceu? Foi a Vale que arrasou a terra, matou o Rio, nos esqueceu”, é um dos trechos da marchinha adaptada.

A jornalista e compositora do Ocupa Carnaval, Manuela Trindade esclarece que os temas escolhidos levam em consideração problemas nacionais e dialogam com a realidade de outras cidades. “A violência policial, a violência contra a mulher, a falta de transporte são questões muito presentes no Rio, mas que não são exclusivas”, disse ela, que espera contagiar turistas nos cortejos.

Procurada para comentar a campanha, a prefeitura não respondeu à Agência Brasil. O prefeito, Eduardo Paes, em outras ocasiões, negou que a Olimpíada tenha favorecido o mercado imobiliário na Barra, mas reconheceu que muitos investimentos só foram possíveis em parceria com empresas privadas, como é o caso do IBC e do Campo de Golfe, erguido em uma Área de Preservação Ambiental (APA), na Barra. Em troca da obra para a competição, o empresário Pasquale Mauro ganhou autorização para expandir condomínio vizinho ao local.

A Secretaria de Ordem Pública, que coordena as ações da Guarda Municipal, informou que atua “dentro da legalidade para coibir o comércio ambulante não autorizado”. No inicio de janeiro, no entanto, reprimiu com bombas de efeito moral, gás pimenta e bala de borracha um bloco de pré-carnaval, com centenas de pessoas, gerando confusão e deixando pessoas feriadas. A ação começou logo após abordagem a ambulantes que vendiam cerveja, e saiu do controle.

Também está planejado para domingo (14), depois do carnaval, um cortejo que faz sátiras com os Jogos Olímpicos, chamado de Olim-Piada.

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