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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Economia: Dia da Poupança - quem poupa realiza mais sonhos





Reinaldo Domingos
No dia 31 de outubro comemora-se, no Brasil e no mundo, o Dia da Poupança. A data foi estabelecida em 1924, durante um congresso internacional de Economia, na Itália. No Brasil é comemorada desde 1933. Porém, apesar de passados 78 anos em que a importância de poupar é relembrada anualmente no Brasil, as estatísticas de endividamento do brasileiro demonstram que o hábito de poupar seja para comprar ou para reservar para imprevistos ou para uma aposentadoria digna, ainda não foi totalmente assimilado. 

"Brasileiros compram primeiro para depois tentar pagar. E muitas vezes compram o que não precisam e deixam de realizar sonhos porque não poupam", explica Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) que criou a Metodologia DSOP (Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar) de Educação Financeira, na qual estão baseados seus livros para crianças, jovens e adultos e obras didáticas usadas em diversas escolas do país.

Para Domingos, esse problema preocupa porque atinge pessoas de diferentes faixas etárias e níveis sociais e culturais, e porque a população brasileira está envelhecendo sem se preparar financeiramente para essa fase da vida. "De um lado temos muitos jovens, alguns em seus primeiros empregos e salários, já endividados, de outro temos os aposentados, que em sua grande maioria depende de parentes ou de continuar trabalhando para viver, já que não possuem poupanças", alerta Domingos.

A falta de domínio da situação financeira leva a um hábito comum que é esperar sobrar algum dinheiro no orçamento mensal para realizar os sonhos. Tem também o poupador que guarda dinheiro sem um objetivo definido. "Quem não poupa realiza menos sonhos e quem poupa sem um propósito tem grande probabilidade de gastar este dinheiro aleatoriamente, sem nem perceber", diz o educador financeiro.

Seja qual for o perfil do consumidor, Domingos diz que reservar parte do que se ganha para realizar sonhos é possível desde que se tenha foco e disciplina. O ideal é definir três sonhos materiais - de curto (um ano), médio (até 10 anos) e longo (mais de 10 anos) prazos. Ele recomenda que entre esses sonhos estejam a liquidação de dívidas (caso as tenha) e o próprio sonho da aposentadoria digna, da independência financeira.

Deve-se calcular quanto seria necessário poupar por mês para a realização desses sonhos dentro dos prazos pretendidos. O valor a ser poupado deve entrar no orçamento. Ou melhor, deve ser priorizado. Isso significa que o valor a ser poupado para os sonhos deve ser descontados dos ganhos (da receita) e com o saldo restante é que se define o real orçamento ou padrão de vida que o indivíduo ou a família terá de adotar se quiser garantir a realização de seus sonhos. Para essa readequação de orçamento, recomenda-se um balanço anual da situação financeira, um diagnóstico de gastos diários durante 30 dias - para identificar para onde está indo cada centavo e facilitar a escolha de corte de supérfluos -, além do controle mensal do orçamento.

Esse é um exercício que leva o indivíduo ou a família a um esforço de corte de gastos, porém, motivados pela certeza de que serão recompensados com a realização dos sonhos. Isso está relacionado com o conceito DSOP de Dívida de Valor: aquelas que se contrai porque há o desejo de ampliar o patrimônio, diferentemente da Dívida sem Valor, que não agrega nenhum valor à vida das pessoas e pouco a pouco vai minando a saúde financeira. "Pensar sobre isso antes de consumir faz grande diferença no saldo bancário e na satisfação pessoal ao longo da vida", diz Domingos.

                                                   Outras formas de poupar

- Evitar compras por impulso: os consumidores devem se fazer algumas perguntas antes de comprar - Estou comprando por necessidade real ou movido por outro sentimento, como carência ou baixa autoestima? Se não comprar isso hoje, o que acontecerá? Tenho dinheiro para comprar à vista? Se comprar a prazo, terei o valor das parcelas?
- Pesquisar preço e comprar à vista: Tudo que se compra em prestações paga-se mais caro. Já quem pesquisa o melhor preço paga menos e aumenta a chance de comprar à vista e obter desconto.
- Pedir desconto: Se um produto custa mil reais e pode ser parcelado em 10 vezes de 100 reais, certamente à vista custará de 10% a 20% menos.
- Reter 10% dos rendimentos: para começar a construir a independência financeira, deve-se guardar 10% do que ganha. Com o tempo, pode-se partir para um plano de previdência privada para complementar o INSS.

                                                       Como investir o dinheiro poupado

Domingos explica que poupar é o ato de guardar dinheiro. Investir é direcionar o dinheiro poupado ou não gasto a algum tipo de investimento, que também deve estar atrelado ao prazo do sonho e ao perfil do investidor: conservador (não corre riscos), moderado (corre riscos somente em uma pequena parte do investimento) e arrojado (prefere correr riscos e ter mais retorno na aplicação).

Assim, para sonhos de curto prazo, ele recomenda a caderneta de poupança. Para sonhos de até 10 anos, os fundos de renda fixa ou variável são boas opções porque quanto maior o prazo de investimento, menor o imposto cobrado. Investimentos como CDB, títulos do tesouro direto, ouro, entre outros, requerem ajuda de profissionais especializados para avaliação de vantagens e riscos. Já os investimentos de longo prazo como ações na Bolsa de Valores, títulos do Tesouro Direto e previdência privada, exigem cuidado maior porque há punições tributárias caso queira resgatar a curto ou médio prazos. Mais informações: www.abefin.org.br .

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