Redação
Um festival é espaço de ressonância do cinema
contemporâneo, do intercâmbio de ideias, estilos e modos diversos do fazer
cinematográfico, e o Indie propõe há 14 edições que o espectador descubra novos
diretores, conheça filmografias e mantenha vivo o seu interesse pelo cinema. O
Indie 2014, que acontece em Belo Horizonte, entre os dias 3 e 10 de setembro, e
em São Paulo, de 17 de setembro a 1º de outubro, apresenta 62 filmes, de 20
países, com entrada franca.
No programa Mostra Mundial, o Indie exibe
28 filmes, inéditos no Brasil, e vindos dos mais importantes festivais do
circuito internacional. Alguns destaques: o aclamado filme polonês Ida,
de Pawel Pawlikowski; o documentário imperdível e cult Nick Cave -
20.000 Diasna Terra; o cinema argentino, direto da competição do Festival
de Locarno, o novo filme de Matias Piñeiro (A princesa da França) e Martín
Rejtman(Dois disparos); os novos filmes de dois diretores japoneses que
tiveram retrospectiva no Indie: Meu Homem de Kazuyoshi
Kumakiri e O sétimo códigode Kiyoshi Kurosawa.
O Indie traz
ao País também, pela primeira vez, a obra completa de dois dos mais autorais,
inventivos e importantes diretores do cinema contemporâneo: o catalão Albert Serra e o franco-americano Eugène Green. Com estilos estéticos
diferentes e, absolutamente únicos, Serra e Green impõem originalidade e novos
significados para a linguagem do cinema. Destaque para o último filme de
Eugène, La Sapienza, que concorreu ao Leopardo de Ouro no Festival
de Cinema de Locarno 2014; e os últimos filmes de Serra, o longa História
da minha mortee o curta Cubalibre (2014).O Indie apresenta todos os filmes
realizados por Serra, cinco longas e cinco curtas, e por Green, cinco
longas e três curtas.
A programação do Música do Underground (MU), dedicado aos documentários sobre
música, traz este ano a novidade de ser um programa retrospectivo. O tema
escolhido para este INDIE 2014 é o punk - como movimento, filosofia, arte,
expressão, e claro, música. Nove documentários, produzidos de 1980 a 2014, traçam
o panorama do punk, sua explosão para o grande público e as mutações sofridas
durante todos estes anos e que o levaram ao que é hoje.
E apenas em Belo Horizonte, o Indie Brasil traz uma novidade:
novos filmes e clássicos fundamentais do cinema brasileiro juntos para entender
melhor a construção do nosso cinema. Destaque para A História de
Eternidade do pernambucano Camilo Cavalcanti eSinfonia da Necrópole,
da paulista Juliana Rojas; com os cults Memórias de um
estrangulador de loiras (1971)de Júlio Bressanee O Bandido da Luz
Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla.
O Indie acontece em Belo Horizonte no Belas
Artes Cinema, Cine Humberto Mauro e no Sesc Palladium. Em São Paulo, no
CineSESC.
O Indie
2014 - Mostra de Cinema Mundial, em Belo Horizonte, tem patrocínio da Oi, apoio
da Cemig e Oi Futuro, é realizado através dos benefícios da Lei Rouanet -
Ministério da Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais,
com a parceria do SESC.
O Indie
2014 em São Paulo é uma correalização com o SESC SP.
Mostra
mundial
O diretor Pawel Pawlikowski construiu sua
carreira na Inglaterra, mas voltou à sua terra natal, a Polônia, para fazer Ida. Um
dos mais elogiados filmes lançados no último ano, com sua bela fotografia em
preto e branco. O documentário mais aguardado do ano: Nick Cave –
20.000 Dias na Terra. Se o universo pode ser absurdo, ele deve estar em um
filme húngaro: de Gyorgi Pálfi, Queda livre(Melhor Diretor e Prêmio
Especial do Júri no Festival Karlovy Vary). Todos estes filmes são destaques na
Mostra Mundial (28 filmes), saiba mai.
O cinema argentino está vivo e atuante e o
INDIE traz quatro lançamentos: o novo filme de Matias Piñeiro (A
princesa da França); o primeiro longa de Benjamín Naishtat (História do
Medo); o primeiro filme de Martín Rejtman depois de onze anossem
lançar um longa (Dois Disparos); e a comédia O escaravelho de
ouro, de Alejo Moguillansky (codirigido pela sueca Fia-Stina Sandlund).
O cinema japonês, que sempre tem seu lugar no
Indie, além dos novos filmes de dois diretores que tiveram retrospectiva no
Indie, Kiyoshi Kurosawa (O sétimo código) e Kazuyoshi Kumakiri (Meu
homem), traz o segundo filme deIkeda Akira (Anatomia de um clipe de
papel)que recebeu oTiger Awards (2014) no Festival de Roterdã.
Da Inglaterra, dois filmes interessantes para
entender uma nova onda do cinema inglês, duas diretoras (coincidentemente
chamadas Joanna): em seu terceiro filme Joanna Hogg (Exibição)mantém seu
estilo íntimo, realista, focado no comportamento e mal-estar da classe burguesa
inglesa; já a estreante Joanna Coates (Hide and Seek), recebeu o
Prêmio de Melhor Filme Inglês no Festival de Edinburgh (2014), também faz um
retrato intímo e utópico, mas de uma geração mais jovem.
O cinema de contemplação, a força do tempo
para observação no cinema: o povo chinês, no belo O Ministério das
Ferrovias, do americano J.P. Sniadecki; a mémoria e o tempo, no mexicano Os
ausentes de Nicolás Pereda; e o impacto entre o mundo meditativo
e a vida urbana no últmo filme de Tsai Ming-Liang (Jornada ao Oeste).
Retrospectiva
O catalão Albert Serra, aos 39 anos, construiu uma filmografia original,
influenciada por sua formação literária, que propõe aressignificação de
personagens históricos e literários como o Don Quixote e Sancho Pança (Honra
dos cavaleiros- 2006), os Três Reis Magos (em O canto dos pássaros -
2008), Casanova e Drácula (História da minha morte – 2013). Nos
últimos anos, Serra também flertou com as artes visuais e realizou projetos de
instalações para museus como para sua retrospectiva no Centro Georges
Pompidou, em Paris, em 2013; e para a dOCUMENTA de Kassel, na Alemanha, em
2012, com o revolucionário filme de 100 horas de duração The Three
Little Pigs.Filmes no Indie:
História da minha morte (Història de la Meva Mort / Story of my death), Albert Serra, 2013, Espanha, 148 min, 35 mm
O Senhor fez em mim maravilhas (El Senyor ha Fet en Mi Meravelles / Lord Worked Wonders In Me), Albert Serra, 2011, Espanha, 146 min, DCP
Os nomes de Cristo (Els Noms de Crist / The Names of Christ), Albert Serra, 2010, Espanha, 193 min, DCP
O canto dos pássaros (El Cant des Ocells / Birdsong), Albert Serra, 2008, Espanha, 98 min, 35 mm
Honra dos cavaleiros (Honor de Cavallería (/ Honour of the Knights), Albert Serra, 2006, Espanha, 103 min, 35 mm
Cubalibre, Albert Serra, 2014, Espanha, 18 min, DCP
Leitura de um poema (Lectura d’un Poema), Albert Serra,2010, Espanha, 20 min, DCP
Bauçà, Albert Serra, 2009,Espanha, 6 min, DCP
Alto Arrigo (L’Alto Arrigo), Albert Serra, 2007, Espanha, 12 min, DCP
Rússia (Rusia / Russia), Albert Serra, 2007, Espanha, 26 min, DCP
Esperando Sancho (Waiting for Sancho), Mark Peranson, 2008, Canadá, 105 min, Digital.
O Senhor fez em mim maravilhas (El Senyor ha Fet en Mi Meravelles / Lord Worked Wonders In Me), Albert Serra, 2011, Espanha, 146 min, DCP
Os nomes de Cristo (Els Noms de Crist / The Names of Christ), Albert Serra, 2010, Espanha, 193 min, DCP
O canto dos pássaros (El Cant des Ocells / Birdsong), Albert Serra, 2008, Espanha, 98 min, 35 mm
Honra dos cavaleiros (Honor de Cavallería (/ Honour of the Knights), Albert Serra, 2006, Espanha, 103 min, 35 mm
Cubalibre, Albert Serra, 2014, Espanha, 18 min, DCP
Leitura de um poema (Lectura d’un Poema), Albert Serra,2010, Espanha, 20 min, DCP
Bauçà, Albert Serra, 2009,Espanha, 6 min, DCP
Alto Arrigo (L’Alto Arrigo), Albert Serra, 2007, Espanha, 12 min, DCP
Rússia (Rusia / Russia), Albert Serra, 2007, Espanha, 26 min, DCP
Esperando Sancho (Waiting for Sancho), Mark Peranson, 2008, Canadá, 105 min, Digital.
Eugène Green nasceu nos Estados Unidos em 1947, mas com 20 e poucos anos
abandona seu país natal e parte para a Europa para construir sua nova
identidade e adotar seu novo país, a França. Dramaturgo, teórico das artes e
poeta, Green teve uma estreia tardia no cinema, lançando seu primeiro filme, Todas
as noites, apenas em 2001, aos 54 anos. O teatro, o barroco, os elementos
espirituais e, principalmente, a palavra constroem a estrutura fílmica de
Eugène, um cinema marcado pela cadência e a entonação particular da
interpretação dos atores. Filmes no Indie:
La Sapienza, Eugène Green, 2014, França/Itália, 104 min, DCP
A Religiosa Portuguesa, Eugène Green, 2009, Portugal/França, 128 min, 35 mm
A Ponte das Artes (Le Pont des Arts), Eugène Green, 2004, França, 122 min, 35 mm
O mundo dos vivos (Le Monde Vivant), Eugène Green, 2003, Bélgica/França, 70 min, 35 mm
Todas as noites (Toutes les Nuits), Eugène Green,2001, França, 110 min, 35 mm
Correspondências (Correspondances), Eugène Green,2009, Coreia do Sul/França, 35 min, Digital
Os sinais (Les Signes),Eugène Green, 2006, França, 31 min, 35 mm
O nome do fogo (Le Nom du Feu), Eugène Green, 2002, França, 20 min, 35 mm
A Religiosa Portuguesa, Eugène Green, 2009, Portugal/França, 128 min, 35 mm
A Ponte das Artes (Le Pont des Arts), Eugène Green, 2004, França, 122 min, 35 mm
O mundo dos vivos (Le Monde Vivant), Eugène Green, 2003, Bélgica/França, 70 min, 35 mm
Todas as noites (Toutes les Nuits), Eugène Green,2001, França, 110 min, 35 mm
Correspondências (Correspondances), Eugène Green,2009, Coreia do Sul/França, 35 min, Digital
Os sinais (Les Signes),Eugène Green, 2006, França, 31 min, 35 mm
O nome do fogo (Le Nom du Feu), Eugène Green, 2002, França, 20 min, 35 mm
Música
O programa traz filmes seminais como Hardcore
Logo, realizado em 1996, por Bruce McDonald, que expõe as
contradições e a cultura da autodestruição do punk; A Fábrica de botas(2000)
de Lech Kowalski sobre os punks poloneses; e Malcolm McLaren é o pilar de A
grande farsa do rock and roll(1980), dirigido por Julien Temple, sobre a
sempre dúbia postura dos ingleses do Sex Pistols.
Ápice do
conceito “Faça Você Mesmo”, Crass - não há autoridade além de si (2006),
de Alexander Oey, traz o grupo anarco-punk inglês Crass e sua defesa ao
anarquismo e a autonomia, orgulhosos de nunca terem se rendido ao grande
sistema, ao contrário de seus contemporâneos.
O MU abre
espaço também para a amplificação da voz feminina no punk: A cantora
punk (2014) um retrato cortante e singelo de Kathleen Hanna, que com
seu grito “Girls to the front” convidava o público feminino a tomar
as primeiras fileiras dos shows do Bikini Kill; e o Queercore, o espaço
dedicado à expressão das causas LGBT no movimento, é o foco de She’s
Real (Worse Than Queer, 1997).
Já The
Punks Are Alright (2006), de Douglas Crawford, vai do Canadá com os
Forgotten Rebels a Indonésia do Superman Is Dead, passando pelo Brasil dos
Blind Pigs. E a cena brasileira, mais precisamente paulista, está também em Viva
Viva (2013), de Carolina Pfister, documentário que traça o efeito do
tempo no punk paulistano e suas diferentes filosofias como o Anarco-punk, o
Straight Edge e o movimento Riot Grrl.
E como
todo o punk não teria acontecido sem eles, o MU exibe End of a Century
– The Story of The Ramones (2003), documentário fundamental não apenas
para os fãs dos Ramones, como para todos os fãs de rock, independente de
gênero.
Serviço: Indie 2014 em BELO HORIZONTE | 3 – 10 de setembro
Abertura: 03 de setembro
Abertura: 03 de setembro
Belas
Artes Cinema (Sala 1: 138 lugares |Sala 2: 123 lugares | Sala 3: 76 lugares)
Rua Gonçalves Dias, 1581 – Funcionários
Rua Gonçalves Dias, 1581 – Funcionários
Cine
Humberto Mauro (136 lugares)
Av. Afonso Pena, 1537 – Centro.
Av. Afonso Pena, 1537 – Centro.
Sesc
Palladium - Sala Prof. José Tavares de Barros (82 lugares)
Rua Augusto de Lima, 420 - Centro
Rua Augusto de Lima, 420 - Centro
Grátis.
(ingressos disponíveis nas bilheterias dos espaços 30 minutos antes de cada sessão)
Indie 2014 em São Paulo | 17 de setembro a 1º de outubro
Abertura: 17 de setembro
Abertura: 17 de setembro
CineSesc - www.sescsp.org.br
Rua Augusta, 2075 - Cerqueira César
Tel.: 3087.0500
Grátis
(ingressos disponíveis nas bilheterias do cinema 1 hora antes de cada sessão)
Rua Augusta, 2075 - Cerqueira César
Tel.: 3087.0500
Grátis
(ingressos disponíveis nas bilheterias do cinema 1 hora antes de cada sessão)
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