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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Variedades: Conheça a programação da Indie 2014




 
Cinema japonês marca presença com o filme Adeus Verão
Redação

 Um festival é espaço de ressonância do cinema contemporâneo, do intercâmbio de ideias, estilos e modos diversos do fazer cinematográfico, e o Indie propõe há 14 edições que o espectador descubra novos diretores, conheça filmografias e mantenha vivo o seu interesse pelo cinema. O Indie 2014, que acontece em Belo Horizonte, entre os dias 3 e 10 de setembro, e em São Paulo, de 17 de setembro a 1º de outubro, apresenta 62 filmes, de 20 países, com entrada franca.

 No programa Mostra Mundial, o Indie exibe 28 filmes, inéditos no Brasil, e vindos dos mais importantes festivais do circuito internacional. Alguns destaques: o aclamado filme polonês Ida, de Pawel Pawlikowski; o documentário imperdível e cult Nick Cave - 20.000 Diasna Terra; o cinema argentino, direto da competição do Festival de Locarno, o novo filme de Matias Piñeiro (A princesa da França) e Martín Rejtman(Dois disparos); os novos filmes de dois diretores japoneses que tiveram retrospectiva no Indie: Meu Homem de Kazuyoshi Kumakiri e O sétimo códigode Kiyoshi Kurosawa.

 O Indie traz ao País também, pela primeira vez, a obra completa de dois dos mais autorais, inventivos e importantes diretores do cinema contemporâneo: o catalão Albert Serra e o franco-americano Eugène Green. Com estilos estéticos diferentes e, absolutamente únicos, Serra e Green impõem originalidade e novos significados para a linguagem do cinema. Destaque para o último filme de Eugène, La Sapienza, que concorreu ao Leopardo de Ouro no Festival de Cinema de Locarno 2014; e os últimos filmes de Serra, o longa História da minha mortee o curta Cubalibre (2014).O Indie apresenta todos os filmes realizados por Serra, cinco longas e cinco curtas, e por Green, cinco longas e três curtas.

 A programação do Música do Underground (MU), dedicado aos documentários sobre música, traz este ano a novidade de ser um programa retrospectivo. O tema escolhido para este INDIE 2014 é o punk - como movimento, filosofia, arte, expressão, e claro, música. Nove documentários, produzidos de 1980 a 2014, traçam o panorama do punk, sua explosão para o grande público e as mutações sofridas durante todos estes anos e que o levaram ao que é hoje.

 E apenas em Belo Horizonte, o Indie Brasil traz uma novidade: novos filmes e clássicos fundamentais do cinema brasileiro juntos para entender melhor a construção do nosso cinema. Destaque para A História de Eternidade do pernambucano Camilo Cavalcanti eSinfonia da Necrópole, da paulista Juliana Rojas; com os cults Memórias de um estrangulador de loiras (1971)de Júlio Bressanee O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla.

 O Indie acontece em Belo Horizonte no Belas Artes Cinema, Cine Humberto Mauro e no Sesc Palladium. Em São Paulo, no CineSESC.
O Indie 2014 - Mostra de Cinema Mundial, em Belo Horizonte, tem patrocínio da Oi, apoio da Cemig e Oi Futuro, é realizado através dos benefícios da Lei Rouanet - Ministério da Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, com a parceria do SESC.
O Indie 2014 em São Paulo é uma correalização com o SESC SP.

Mostra mundial
 O diretor Pawel Pawlikowski construiu sua carreira na Inglaterra, mas voltou à sua terra natal, a Polônia, para fazer Ida. Um dos mais elogiados filmes lançados no último ano, com sua bela fotografia em preto e branco. O documentário mais aguardado do ano: Nick Cave – 20.000 Dias na Terra. Se o universo pode ser absurdo, ele deve estar em um filme húngaro: de Gyorgi Pálfi, Queda livre(Melhor Diretor e Prêmio Especial do Júri no Festival Karlovy Vary). Todos estes filmes são destaques na Mostra Mundial (28 filmes), saiba mai.

 O cinema argentino está vivo e atuante e o INDIE traz quatro lançamentos: o novo filme de Matias Piñeiro (A princesa da França); o primeiro longa de Benjamín Naishtat (História do Medo); o primeiro filme de Martín Rejtman depois de onze anossem lançar um longa (Dois Disparos); e a comédia O escaravelho de ouro, de Alejo Moguillansky (codirigido pela sueca Fia-Stina Sandlund).

 O cinema japonês, que sempre tem seu lugar no Indie, além dos novos filmes de dois diretores que tiveram retrospectiva no Indie, Kiyoshi Kurosawa (O sétimo código) e Kazuyoshi Kumakiri (Meu homem), traz o segundo filme deIkeda Akira (Anatomia de um clipe de papel)que recebeu oTiger Awards (2014) no Festival de Roterdã.

 Da Inglaterra, dois filmes interessantes para entender uma nova onda do cinema inglês, duas diretoras (coincidentemente chamadas Joanna): em seu terceiro filme Joanna Hogg (Exibição)mantém seu estilo íntimo, realista, focado no comportamento e mal-estar da classe burguesa inglesa;  já a estreante Joanna Coates (Hide and Seek), recebeu o Prêmio de Melhor Filme Inglês no Festival de Edinburgh (2014), também faz um retrato intímo e utópico, mas de uma geração mais jovem.

 O cinema de contemplação, a força do tempo para observação no cinema: o povo chinês, no belo O Ministério das Ferrovias, do americano J.P. Sniadecki; a mémoria e o tempo, no mexicano Os ausentes de Nicolás Pereda; e o impacto entre o mundo meditativo e a vida urbana no últmo filme de Tsai Ming-Liang (Jornada ao Oeste).

Retrospectiva
 O catalão Albert Serra, aos 39 anos, construiu uma filmografia original, influenciada por sua formação literária, que propõe aressignificação de personagens históricos e literários como o Don Quixote e Sancho Pança (Honra dos cavaleiros- 2006), os Três Reis Magos (em O canto dos pássaros - 2008), Casanova e Drácula (História da minha morte – 2013). Nos últimos anos, Serra também flertou com as artes visuais e realizou projetos de instalações para museus como para sua retrospectiva no Centro Georges Pompidou, em Paris, em 2013; e para a dOCUMENTA de Kassel, na Alemanha, em 2012, com o revolucionário filme de 100 horas de duração The Three Little Pigs.Filmes no Indie:

História da minha morte (Història de la Meva Mort / Story of my death), Albert Serra, 2013, Espanha, 148 min, 35 mm
O Senhor fez em mim maravilhas (El Senyor ha Fet en Mi Meravelles / Lord Worked Wonders In Me), Albert Serra, 2011, Espanha, 146 min, DCP
Os nomes de Cristo (Els Noms de Crist / The Names of Christ), Albert Serra, 2010, Espanha, 193 min, DCP
O canto dos pássaros (El Cant des Ocells / Birdsong), Albert Serra, 2008, Espanha, 98 min, 35 mm
Honra dos cavaleiros (Honor de Cavallería (/ Honour of the Knights), Albert Serra, 2006, Espanha, 103 min, 35 mm
Cubalibre, Albert Serra, 2014, Espanha, 18 min, DCP
Leitura de um poema  (Lectura d’un Poema),  Albert Serra,2010, Espanha, 20 min, DCP
Bauçà, Albert Serra, 2009,Espanha, 6 min, DCP
Alto Arrigo (L’Alto Arrigo), Albert Serra, 2007, Espanha, 12 min, DCP
Rússia (Rusia / Russia), Albert Serra, 2007, Espanha, 26 min, DCP
Esperando Sancho (Waiting for Sancho), Mark Peranson, 2008, Canadá, 105 min, Digital.

 Eugène Green nasceu nos Estados Unidos em 1947, mas com 20 e poucos anos abandona seu país natal e parte para a Europa para construir sua nova identidade e adotar seu novo país, a França. Dramaturgo, teórico das artes e poeta, Green teve uma estreia tardia no cinema, lançando seu primeiro filme, Todas as noites, apenas em 2001, aos 54 anos. O teatro, o barroco, os elementos espirituais e, principalmente, a palavra constroem a estrutura fílmica de Eugène, um cinema marcado pela cadência e a entonação particular da interpretação dos atores. Filmes no Indie:

 La Sapienza, Eugène Green, 2014, França/Itália, 104 min, DCP
A Religiosa Portuguesa, Eugène Green, 2009, Portugal/França, 128 min, 35 mm
A Ponte das Artes (Le Pont des Arts), Eugène Green, 2004, França, 122 min, 35 mm
O mundo dos vivos (Le Monde Vivant), Eugène Green, 2003, Bélgica/França, 70 min, 35 mm
Todas as noites (Toutes les Nuits), Eugène Green,2001, França, 110 min, 35 mm
Correspondências (Correspondances), Eugène Green,2009, Coreia do Sul/França, 35 min, Digital
Os sinais (Les Signes),Eugène Green, 2006, França, 31 min, 35 mm
O nome do fogo (Le Nom du Feu), Eugène Green, 2002, França, 20 min, 35 mm

Música
 O programa traz filmes seminais como Hardcore Logo, realizado em 1996por Bruce McDonald, que expõe as contradições e a cultura da autodestruição do punk; A Fábrica de botas(2000) de Lech Kowalski sobre os punks poloneses; e Malcolm McLaren é o pilar de A grande farsa do rock and roll(1980), dirigido por Julien Temple, sobre a sempre dúbia postura dos ingleses do Sex Pistols.
Ápice do conceito “Faça Você Mesmo”, Crass - não há autoridade além de si (2006), de Alexander Oey, traz o grupo anarco-punk inglês Crass e sua defesa ao anarquismo e a autonomia, orgulhosos de nunca terem se rendido ao grande sistema, ao contrário de seus contemporâneos.
O MU abre espaço também para a amplificação da voz feminina no punk: A cantora punk (2014) um retrato cortante e singelo de Kathleen Hanna, que com seu grito “Girls to the front” convidava o público feminino a tomar as primeiras fileiras dos shows do Bikini Kill; e o Queercore, o espaço dedicado à expressão das causas LGBT no movimento, é o foco de She’s Real (Worse Than Queer, 1997).

Já The Punks Are Alright (2006), de Douglas Crawford, vai do Canadá com os Forgotten Rebels a Indonésia do Superman Is Dead, passando pelo Brasil dos Blind Pigs. E a cena brasileira, mais precisamente paulista, está também em Viva Viva (2013), de Carolina Pfister, documentário que traça o efeito do tempo no punk paulistano e suas diferentes filosofias como o Anarco-punk, o Straight Edge e o movimento Riot Grrl.

E como todo o punk não teria acontecido sem eles, o MU exibe End of a Century – The Story of The Ramones (2003), documentário fundamental não apenas para os fãs dos Ramones, como para todos os fãs de rock, independente de gênero. 

Serviço: Indie 2014 em BELO HORIZONTE | 3 – 10 de setembro
Abertura: 03 de setembro
Belas Artes Cinema (Sala 1: 138 lugares |Sala 2: 123 lugares | Sala 3: 76 lugares)
Rua Gonçalves Dias, 1581 – Funcionários
Cine Humberto Mauro (136 lugares)
Av. Afonso Pena, 1537 – Centro.
Sesc Palladium - Sala Prof. José Tavares de Barros (82 lugares)
Rua Augusto de Lima, 420 -  Centro
Grátis.

(ingressos disponíveis nas bilheterias dos espaços 30 minutos antes de cada sessão)
Indie 2014 em São Paulo | 17 de setembro a 1º de outubro
Abertura: 17 de setembro
CineSesc - www.sescsp.org.br
Rua Augusta, 2075 - Cerqueira César
Tel.: 3087.0500
Grátis
(ingressos disponíveis nas bilheterias do cinema 1 hora antes de cada sessão)


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