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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Geral: Quando o luto vira doença




Poucas pessoas conseguem assimilar rápido a perda de alguém querido

Luís Alberto Alves

 Não é fácil lidar com qualquer tipo de perda significativa, principalmente a de alguém querido. Quando esse tipo de perda ocorre a pessoa vive um conjunto de reações, que fazem parte do processo natural do luto. Além do tempo, a intensidade das reações diferem o luto normal do luto complicado, tanto para proporções maiores ou menores.

 O processo de luto normal envolve alterações de diferentes ordens, como: física, emocional, cognitiva e social. Podendo ocorrer sentimentos de tristeza, culpa, além de alterações do sono e apetite e falta de ar. A palpitação cardíaca, isolamento, dificuldade de memorização e concentração, também são possíveis características no processo de luto. No luto complicado, entretanto, é necessário atenção a intensidade, duração ou ausência das reações comuns.

 Há pessoas que reagem de maneira inesperada, como se nada tivesse acontecido e voltam a sua rotina normalmente. "Geralmente, esse paciente não vivencia as etapas da perda e tendem a se calar. O ideal é que as pessoas próximas ao enlutado identifiquem que o paciente precisa de auxílio e, depois disso, estimulem a procura por psicoterapia para receber tratamento correto", esclareceu a Juliana Batista, especialista em luto complicado e psicóloga do HCor.

 Há, ainda, uma baixa identificação do diagnóstico do luto complicado, por ser muitas vezes confundido com depressão. As doenças podem acontecer ao mesmo tempo. "O problema é que muitas vezes, diante de um enlutado crônico, as primeiras coisas que querem fazer é medicar o paciente para sanar sintomas, da mesma forma ocorre com a depressão geriátrica", ressaltou.

 O mix de sentimentos deve se atenuar gradualmente. "Não é possível prever o tempo do processo do luto, mas o primeiro ano do enlutado normalmente é bem difícil. Por exemplo, o primeiro aniversário sem a pessoa querida ao lado. Essas datas costumam ser complicadas para o paciente", segundo Batista.

 Alguns fatores de risco, como o tipo de morte: precoce, violenta, ou até, episódio de suicídio, costumam ser mais dolorosos e difíceis de serem aceitos. Ainda, relações de intensa dependência e falta de suporte social, podem ser considerados fatores de risco para luto complicado e devem ser olhadas com especial atenção.

 Reconstruir a identidade e a vida não são tarefas fáceis para quem está passando pelo processo de luto. “Mas não se deve esquecer que há casos em que o enlutado precisa de ajuda profissional para lidar com as mudanças causadas pela ausência do outro,visando a melhoria na qualidade de vida e a busca de sentido para este novo e doloroso momento”, finalizou a psicóloga do HCor.



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