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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Geral: Cuidado; doenças renais são silenciosas e perigosas




Paciente fazendo hemodiálise

Luís Alberto Caju

 Segundo os médicos, as doenças renais surgem de forma silenciosa; quando apresentam os sintomas, já podem estar em estado avançado – quando os tratamentos possíveis são a diálise ou um transplante de rim. O nefrologista Peter Fitzpatrick, diretor médico dos Serviços de Diálises da Clínica Mayo, de Jacksonville, Flórida, explica a doença renal e como é tratada.

 De acordo com o doutor Fitzpatricka doença renal impacta o organismo de diversas maneiras, especialmente quando há uma liberação de proteínas na urina (proteinúria), aumentando os riscos de desenvolvimento de cardiopatia coronariana. “A doença renal também aumenta os riscos de morte e, ainda, de complicações cardiovasculares durante uma cirurgia”, alertou.

 Segundo ele, pode ocorrer calcificação excessiva nas artérias, causando doença arterial periférica e complicações de má circulação. “É muito comum que pessoas com doença renal tenham anemia”, disse.  Ela pode levar a sintomas de fadiga e dificuldades respiratórias, com o esforço físico, e também pode causar insuficiência cardíaca congestiva.

O médico explica que pessoas com problemas nos rins podem experimentar falta de apetite, náuseas, subnutrição e perda de massa muscular. “Como os rins exercem um papel importante no metabolismo da vitamina D e na regulação dos níveis de fósforo e cálcio, os pacientes com insuficiência renal correm o risco de desenvolver doenças dos ossos, que podem resultar em fraturas e dor óssea”, afirmou. O funcionamento da glândula endócrina, explica, também é afetado e pode causar problemas à fertilidade, ao desempenho sexual e à função da tireoide. O sistema nervoso pode ser afetado, levando a sintomas como entorpecimento nas extremidades (neuropatia), confusão ou letargia.

 Ele ressalta, que além da hipertensão, o fator de risco mais comum para o desenvolvimento de insuficiência renal é o diabetes. “Frequentemente, essas duas doenças ocorrem juntas, aumentando muito o risco de desenvolver insuficiência renal. Com a atual epidemia de obesidade, que estamos observando, a hipertensão e o diabetes estão se tornando muito comuns”, frisou. Outros fatores de risco incluem distúrbios no sistema autoimune, tais como lúpus, uso prolongado de AINEs (anti-inflamatórios não esteroides), histórico familiar de doença renal e baixo peso ao nascimento.

                                                                       Hipertensão arterial
 Na avaliação do médico, diversas pessoas desconhecem qual é a relação entre hipertensão arterial e insuficiência renal. “A hipertensão é uma das causas mais comuns de insuficiência renal e, uma vez que a função do rim é reduzida, a hipertensão arterial pode ser mais difícil de controlar. Assim, controlar a hipertensão arterial antes que resulte em perda da função do rim é um aspecto importante da preservação da função dos rins”, detalhou.

 Ele explica quais os testes de sangue e de urina disponíveis para detectar a doença renal. Quem deveria fazer esses exames e com qual frequência. “Exames padrão de laboratório são usados para detectar doenças renais. Eles incluem avaliação do nível de creatinina para a função dos rins. Outros exames são a urinálise (exame físico, químico ou microscópico da urina) e o da relação albumina/creatinina, para buscar marcadores de lesão dos rins, especificamente proteínas e células sanguíneas na urina”, descreveu. Um ultrassom dos rins também, ressalta, pode ser necessário, se forem encontradas anormalidades nos testes padrão de laboratório.

 “Pessoas com boa saúde, em geral, devem fazer exames de detecção a cada um ou dois anos, como parte de seus exames médicos de rotina. Pessoas em risco de desenvolver doença renal, como os diabéticos ou hipertensos, devem fazer esses testes pelo menos uma vez por ano”.

 Mas o grande problema para a população é discernir o que é diálise e qual é sua finalidade
. “A diálise é uma terapia médica para tratar pessoas com insuficiência renal. A diálise realiza algumas das funções dos rins normais, predominantemente a eliminação de substâncias tóxicas do sangue e o excesso de líquidos no corpo”, descreveu.

Porém o problema é o paciente descobrir quanto tipos de diálises existem. Segundo ele, de
uma maneira geral, há dois tipos de diálises. “A hemodiálise é feita com uma máquina de diálise que bombeia o sangue do paciente para um de dialisador, às vezes chamado de rim artificial e, depois da filtragem, de volta para o corpo do paciente. Durante o processo, apenas de 177,4 a 236,5 mililitros de sangue fica fora do corpo, em qualquer momento”, explicou.

                                                                          Mais fluídos
 Esse tipo de diálise é feito em um hospital ou em um centro de diálise. Há um pequeno número de pacientes em um programa especial, que são treinados, junto com suas famílias, para realizar a diálise em casa. “Outro tipo de diálise é chamado de diálise peritonial. A diálise peritonial é feita com a infusão de um fluido especial de diálise no abdômen do paciente, onde ele fica por algumas horas e, então, é drenado para fora e, em seguida, o processo se repete com a infusão de mais fluídos”, disse.  As substâncias tóxicas e o líquido em excesso, explica, no organismo passam das membranas que estão no abdômen para o fluído e, então, são removidos quando o fluido é drenado. Essa forma de diálise é a mais feita em casa pelo paciente. Mas também pode ser feita no hospital.

 O doutor tira as dúvidas a respeito da eficácia desses tratamentos. “Os dois tipos de diálise, a hemodiálise e a diálise peritonial, são tratamentos muito eficazes para insuficiência renal. Pacientes que, sem o tratamento, poderiam morrer de insuficiência renal podem continuar vivendo suas vidas de forma produtiva com a terapia da diálise”, disse.

 É preciso deixar claro, segundo ele, que a diálise não cura a doença do rim. É apenas uma substituta para a função normal dos rins. “Da mesma forma, a diálise não trata qualquer dos outros problemas de saúde que o paciente possa ter, tais como doenças cardíacas ou diabetes. De fato, a causa de morte mais comum entre pacientes de diálise são as complicações de doenças cardíacas ou vasculares”.
 
 O doutor Fitzpatrick deixa claro que há efeitos colaterais nesse tratamento. “Eles são mais comuns da diálise são relacionados a problemas com a remoção dos fluidos. Alguns pacientes podem experimentar quedas de pressão arterial, ao fazer uma diálise. Outros pacientes reclamam que se sentem abatidos, fatigados ou excessivamente cansados depois do tratamento com diálise”. Esses efeitos colaterais, ressalta, tendem a ser menos comum na diálise peritonial. Outros efeitos colaterais possíveis se devem a problemas como o de se conseguir acessar o fluxo sanguíneo do paciente. Os acessos da diálise podem se tornar infectados ou coagulados.

 Por fim ele aconselha a cada paciente de doença renal a discutir as opções de diálise com um nefrologista, bem antes de realmente precisar iniciar a diálise. “Essa discussão deveria se dar em um período de, pelo menos, nove a 12 meses antes de a diálise se tornar necessária”, disse.
                                                                            Alto fluxo
 Na sua avaliação, os pacientes precisam decidir se querem fazer hemodiálise ou diálise peritonial ou, ainda, se um transplante pode ser a melhor opção para eles. Se a hemodiálise for escolhida, eu recomendaria muito a realização de uma fístula para acesso à diálise. “Uma fístula precisa ser criada por um cirurgião vascular, que irá conectar, cirurgicamente, uma artéria a uma veia no braço do paciente, para criar um vaso de alto fluxo. A fístula é a forma mais confiável e sem problemas de criar um acesso para a hemodiálise”.

De acordo com ele, uma vez iniciada a diálise é muito importante que o paciente aceite restrições alimentares e à ingestão de líquidos. A maioria dos problemas com remoção de líquidos, como os que já falamos, é causada pelo fato de o paciente comer muito sal e beber muito líquido. “Eu recomendaria aos pacientes de diálise trabalhar de perto com o dietista especializado, porque ele pode aperfeiçoar a nutrição e ajudá-los a se manter o mais saudável possível”, sugeriu.

 Ressalta, também, aos pacientes de diálise a não se esquecer de que, apesar de a diálise não ser perfeita, todos os integrantes da equipe de diálise estão trabalhando para torná-la tão boa quanto possível, para cada um dos pacientes. “Na diálise, enfermeiros, técnicos, dietistas, assistentes sociais e nefrologistas são muito dedicados e buscam o que é melhor para os pacientes”, finalizou. Para mais informações sobre tratamento de doenças renais visite www.mayoclinic.org/portuguese/.
 


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