A cada semana, os preços sobem nos supermercados, alimentando a inflação |
Luís Alberto Caju
Polícia que mata: O tenente-coronel Adilson Paes de
Souza, que passou 28 dos seus 49 anos na PM paulista, apresentou dissertação de
mestrado em direitos humanos na USP (Universidade de São Paulo). “O modelo de
segurança existente não funciona mais”.
Em entrevista à Folha de S. Paulo ele falou o óbvio, o que a população
da periferia conhece diariamente.
Segundo ele, a truculência da polícia paulista
é fruto de um sistema que aparentemente não pune criminosos. Nesta aspiral, o
soldado prende o suspeito, correndo risco de perder a vida num tiroteio, e
horas depois o acusado volta às ruas. É quando entram em ação grupos de
extermínio, fazendo papel de juiz, aplicando a pena de morte, inexistente na
teoria, mas em vigor na prática.
Por falta de interesse governamental, não é
viável desmontar a doutrina da Segurança Nacional, onde bandidos comuns são
tratados como inimigos. Neste bojo entram trabalhadores residentes na
periferia, na maioria das vezes alvos da PM em truculentos patrulhamentos, que
resultam em mortes. O sistema judiciário brasileiro apodreceu. Os presídios se
tornaram faculdade do crime. Não recuperam detentos.
O Código Penal, cheio de falhas, transmite a
sensação de impunidade aos que roubam e matam. Esse combustível alimenta
policiais ávidos por vingança, pois acreditam erradamente que a Justiça protege
bandidos. Quando na verdade cabe à PM repreender e prender. O julgamento não
faz parte do seu trabalho. Por outro lado, a indústria da segurança civil ganha
muito dinheiro ao oferecer serviços de combate ao crime.
Não é viável que o problema seja solucionado.
Resultado: perde a população, que erradamente acredita que a polícia é sua inimiga.
Descontada a presença da banda podre, a polícia é parte importante do sistema
de segurança pública. Mas sua postura precisa ser revista. Trabalhador não pode
ser tratado como bandido.
Língua solta: As denúncias do ex-consultor do
serviço de inteligência dos Estados Unidos, Eward Snowden, continuam
repercutindo. Responsável pelo vazamento de milhares de documentos secretos
sobre espionagem do governo americano ao redor do mundo. Ele ganhou vários
inimigos no seu país. Diversos políticos do Congresso Nacional dos Estados
Unidos afirmaram que não haverá clemência para Snowden.
Nas entrelinhas, se entende que eles apoiam a
postura do governo norte-americano de espionar todas as pessoas. O ex-consultor
garantiu, na Rússia, onde conseguiu exílio temporário, que nenhum e-mail ou
ligação telefônica sai dos Estados Unidos, sem passar pelo crivo dos serviços
de inteligência. Se algum morador naquele país escrever ou disser que venderá bomba
na porta de colégios, sem ressaltar que é bomba de chocolate, logo estará nas
mãos do FBI (polícia federal norte-americana). Snowden virou inimigo público do
governo dos Estados Unidos porque revelou a violência cometida contra a
população: perda da privacidade.
Carestia: Toda vez que vou ao supermercado,
tomo um susto. Os preços mudam rapidamente. Lembro que no início do ano, o
litro de leite custava em torno de R$ 1,50. Hoje, dependendo da marca, encosta
ou passa dos R$ 3,00. Mas qual a razão de o comerciante remarcar? Por que o
fornecedor aumentou! Por sua vez, o agricultor teve de subir o preço de sua
mercadoria, por causa da elevação nos preços da matéria-prima. Infelizmente o
salário não acompanha essa dinâmica. Na somatória, subiu o percentual destinado
às compras. Com o orçamento reduzido, o padrão de vida cai. Logo, explode a
insatisfação contra a política econômica do governo. Aos poucos vejo reaparecer
a figura do dragão que apavorou os brasileiros nas décadas de 1970 e 1980: a
inflação!
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