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O governo enfrenta grave crise política e econômica |
*Reinaldo
Domingos
Estamos no meio de uma crise que não apresenta
expectativas curtas de fim, é claro que as crianças percebem que algo está
errado, e aí fica a pergunta por parte dos pais e professores: Como falar sobre
o tema com as crianças de uma forma que haja entendimento?
Inevitavelmente esse tema deve ser abordado, até
mesmo para que não ocorram entendimento errôneos, nem mesmo preocupações
exacerbadas dos pequenos. Ocorre que qualquer criança está inserida em um
sistema social e desde o seu nascimento é percebida como atuante nas relações
de consumo.
A partir dos 3 anos já tem discernimento para
compreender as movimentações que acontecem ao seu redor, principalmente, no
âmbito familiar e nisso se inclui as questões financeiras, com as primeiras
percepções do impacto que uma crise pode ocasionar em sua vida, exemplos são
simples, como: espera maior por um brinquedo, troca de marcas de seus alimentos
favoritos, impossibilidade de aquisição de equipamentos eletrônicos, dentre
outras ações normais.
Mas a abordagem desse tema deve levar em conta
principalmente a faixa etária, para que se utilize uma linguagem apropriada
para melhor absorção e considerando os recursos adequados para transmissão
dessas informações.
Assim, na idade de 3 a 6 anos a criança não
consegue ainda postergar desejos, tudo o que vê quer comprar e não estabelece
relação entre dinheiro e compra de bens. Assim como da relação entre querer e
poder, por este motivo frustra-se com facilidade. Por isso, nesse momento para
entendimento são necessárias ferramentas ilustrativas, pictóricas, lúdicas que
trabalhem o eixo entre o real e o fantasioso.
O pai ou educador deve atentar-se a estas
características e condições para debater a temática. Pode iniciar com conversas
amigáveis, evitando fazer o famoso “terrorismo”, que tende a gerar traumas. Na
sala de aula é interessante um levantamentos prévios utilizando tirinhas ou
quadrinhos que abordem uma situação de crise financeira e a partir daí resgatar
as informações que o grupo tem sobre o assunto.
Com base nas respostas, poderá desenvolver
possíveis soluções não só para o problema apresentado, como também para
situações do cotidiano. Nesse momento, será possível abordar a necessidade de
educar-se financeiramente por meio dos pilares DSOP (Diagnosticar, Sonhar, Orçar
e Poupar), o que levará a ter um ensinamento extra, que possibilitará a
aprender a priorizar os sonhos.
Já a criança de 7 a 12 anos é capaz de compreender
o que ocorre no meio e já lida de maneira revogável com as perdas. Nessa idade
já é possível estabelecer relações entre o dinheiro ou a falta dele, o
trabalho, as despesas e as aquisições, dentro do padrão de vida que está
inserida.
Nesse caso a conversa focando em objetivos para
vencer a crise é interessante e, também, o tema pode ser trabalhado por meio de
reportagens, leituras complementares, tirinhas, recortes que permitam a
construção de conhecimento. Na escola se deve solicitar pesquisas e
comparativos, além de produções de texto, estimulará a discussão e desenvolverá
de maneira autônoma soluções para as próprias vivências. O professor poderá
fazer inferências e aplicar o programa DSOP de Educação Financeira para mediar
tais reflexões.
Lembrando que o termo crise financeira não será um
conceito aprendido como definição, mas suas características e consequências
poderão ser entendidas pelas crianças por meio das ações sugeridas, bem como as
possibilidades de equilíbrio e sustentabilidade financeira.
Enfim, o tema crise deve ser assunto nas casas e
sala de aula, lógico que dentro de um planejamento prévio. Mas, o mais
importante é ter em mente que mesmo perante as dificuldades existentes é
possível tirar algo bom, que é o conhecimento.
Mas cuidado, pois devido à dificuldade do tema é
necessária muita atenção e, principalmente, mostrar naturalidade perante ao
tema, não associando o momento às respostas agressivas que ocorrem por parte da
sociedade, pois o papel como educador é criar jovens capazes que interpretarem
o mundo que vivem e tomarem suas próprias conclusões.
*Reinaldo Domingos é
educador e terapeuta financeiro, presidente da Associação Brasileira de
Educadores Financeiros (Abefin), DSOP Educação Financeirae Editora DSOP, autor
do lançamento do livro Mesada não é só dinheiro – Conheça os 8
tipos e construa um novo futuro e
do best-seller Terapia
Financeira.