Admitir uma depressão, ansiedade ou qualquer outro transtorno mental ou psíquico não deve ser vergonha para ninguém
Redação/Hourpress
O ano está só começando e é justamente nesta época que as
pessoas começam a refletir mais sobre a vida. Por este motivo, janeiro foi
escolhido para ser o mês da conscientização sobre saúde mental. A campanha Janeiro Branco traz como lema “Quem cuida
da mente, cuida da vida” e em 2021 torna-se ainda mais importante devido
principalmente aos reflexos da pandemia da Covid-19 na sociedade.
“O Janeiro Branco só vem reforçar a importância de cuidar
da saúde mental, mais ainda em tempos de pandemia, nos quais houve um aumento
considerável de transtornos mentais nas pessoas e, em contrapartida, a
precarização dos serviços de saúde mental”, declara Ana Paula Chaves,
psicóloga, pesquisadora e coordenadora do curso de Neuroaprendizagem da Unyleya, uma das primeiras
Instituições de Ensino 100% EAD no Brasil.
Além do isolamento social e do sentimento de medo e
incerteza devido à propagação do novo coronavírus, muitas pessoas estão vivendo
lutos, o que intensifica a necessidade de se encarar e abordar o tema sem
tabus. “Nem tudo são flores na vida de ninguém e nem deve ser. Frustações,
medos, tristezas, angústias, e sentimentos similares, acabam fazendo parta da
vida de qualquer ser humano, mas é preciso saber o momento de pedir ajuda e,
muitas vezes, ajuda profissional, recorrendo às terapias, medicações, entre
outros tratamentos.
Admitir uma depressão, ansiedade ou qualquer outro
transtorno mental ou psíquico não deve ser vergonha para ninguém,
muito menos considerado motivo de fraqueza. Muito pelo contrário, significa
força de vontade e coragem da própria pessoa de querer melhorar. Precisamos
conscientizar a população para que haja mais empatia e menos preconceito com
assuntos relacionados à saúde mental”, explica Ana Paula.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia
interrompeu serviços essenciais de Saúde Mental em 93% dos países no mundo e,
ao mesmo tempo, intensificou a procura por esses mesmos serviços. No Brasil —
país que já é um dos recordistas mundiais em relação à depressão, ansiedade e à
números absolutos de suicídios, a primeira fase de uma pesquisa realizada no
final de 2020 pelo Ministério da Saúde detectou ansiedade em 86,5% dos
indivíduos pesquisados, transtorno de estresse pós-traumático em 45,5% e
depressão grave em 16% dos participantes do estudo.
Outro estudo, realizado pela Organização Pan-Americana da
Saúde (Opas) com 12.000 pessoas de 33 países da América Latina e Caribe (30,8%
eram brasileiros), revelou que 35% dos entrevistados relataram aumento na
frequência do comportamento de beber de forma excessiva e em um curto período
de tempo — situação que pode desencadear sérios problemas em relação à Saúde
Mental dos envolvidos. Além disso, também não faltam estudos sobre a ampliação
das violências domésticas, do abuso infantil e do adoecimento emocional por
parte de jovens e de idosos submetidos ao isolamento social.
Criado em 2014, por iniciativa de um grupo de
psicólogos da cidade de Uberlândia (MG), o “Janeiro Branco” recebeu este nome,
pois o primeiro mês do ano é sempre aquele em que as pessoas estão mais
propensas a pensarem em suas vidas, suas emoções, relações sociais, condições
de existência e, sobretudo, em seus sentidos existenciais. Como em uma “folha
em uma tela em branco”, é nesta fase que se costuma escrever ou reescrever
histórias de vida.
O movimento é uma maneira de promover a psicoeducação para
que a população passe a ter consciência de suas emoções e saiba como
identificar os problemas psicológicos, de forma a se prevenir e evitar que se
tornem algo mais grave no futuro. O mundo corporativo também está incluso
na ação e deve se engajar pela causa promovendo ações voltadas para a saúde
mental de seus colaboradores.
Pesquisa da Isma-Br, representante local
da International Stress Management Association, aponta que 90%
dos brasileiros apresentam sinais de ansiedade, dos mais brandos aos
considerados incapacitantes. Outro estudo da mesma entidade aponta ainda que
70% da população economicamente ativa brasileira sofre com o excesso de
estresse. De acordo com a Previdência Social, a depressão foi a décima maior causa de mais afastamentos em
2017, o que gerou mais de 43 mil auxílios-doença.
Em sua oitava edição, a ação tem uma missão fundamental
este ano: inspirar indivíduos e instituições sociais a participarem de um
grande pacto universal em defesa da Saúde Mental da humanidade. Além de
Uberlândia, a conscientização da campanha ganhou força e atingiu outras cidades
mineiras, São Paulo, entre outras regiões, e até países como Portugal, Estados
Unidos e Japão.
“Mais do que nunca estamos passando por um momento em que
pessoas com todo tipo de perfil, têm enfrentado os mais diversos sentimentos e
tudo ao mesmo tempo. As dúvidas com relação à vacina contra a Covid-19, por
exemplo, têm colocado a população em constante desequilíbrio emocional, em
contrapartida a chegada de um novo ano tenta trazer esperança, renovação e um
pouco mais de confiança no futuro. É tudo muito confuso, é uma mistura de
sentimentos e quem não cuidar da saúde mental a tempo, tentando estabelecer um
equilíbrio, pode sofrer com as consequências em um futuro próximo”, conclui a
coordenadora daUnyleya.
Entenda por que a área da saúde mental está em evidência
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