Está marcado para hoje (21), às 17h, um grande panelaço na Colômbia. No entanto, manifestações já são observadas em diversas cidades desde a manhã.
Agência Brasil
Os protestos são contra o assassinato de pelo menos 20 líderes sociais e indígenas nos primeiros 20 dias de 2020, entre outras reivindicações.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2019, 107 defensores de direitos humanos foram mortos na Colômbia.
Os organizadores dos protestos também exigem o cumprimento dos Acordos de Paz alcançados entre as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o governo. Eles acusam o governo de não ter implementado com rigor os acordos feitos no período final da guerrilha, que incluíam planos econômicos e sociais para as regiões mais afetadas pelo conflito.
O país enfrenta manifestações desde o dia 21 de novembro do ano passado. Após as festas de fim de ano, que significaram um respiro de um mês para o presidente Iván Duque, a população retorna às ruas, agora com outras reivindicações. A marcha tem o nome de 21E e se refere ao dia de hoje, 21 de janeiro (enero, em espanhol).
Segundo Diógenes Orjuela, presidente da Central Unitária dos Trabalhadores da Colômbia, a manifestação de hoje (21) marca dois meses do início dos protestos e cobra do governo quatro medidas específicas. “Vamos chamar a atenção para os assassinatos de líderes sociais, que são uma coisa macabra; pelos golpes ilegais do Exército; os falsos positivos, que reaparecem no cenário nacional; e contra a repressão e a ação da Esmad (Esquadrão Móvel Antidistúrbios da Polícia colombiana) no contexto dos protestos”, disse o líder sindical.
Os “golpes ilegais do Exército” a que se refere Orjuela consistem em denúncias de interceptações telefônicas ilegais, realizadas em batalhões do Exército, contra jornalistas, parlamentares, governadores, militares, entre outros. Os casos de 'falsos positivos' se referem ao envolvimento de membros do Exército no assassinato de civis e outras execuções extrajudiciais, contabilizadas como se fossem mortes em combate.
As manifestações foram convocadas pelo Comitê Nacional de Paralisações, que reúne diferentes movimentos, organizações de estudantes e de trabalhadores. O último encontro entre o governo e o Comitê aconteceu no dia 17 de dezembro e as partes não chegaram a um consenso.
Os diálogos fazem parte da Grande Conversa Nacional, uma série de encontros de representantes do governo com acadêmicos, organizações da sociedade civil, organismos internacionais e partidos políticos, para buscar soluções para a crise que afeta o país.
O Comitê Nacional de Paralisações, que reclama abuso e uso excessivo da força por parte da polícia, quer o fim do Esmad (Esquadrão Móvel Antidistúrbios) e a revisão das políticas de segurança.
Para Diego Molano, diretor do Departamento Administrativo da Presidência, e nomeado por Duque para coordenar a Conversa Nacional, o Comitê apresenta exigências que ultrapassam a competência do Executivo.
“Estamos finalizando a análise ponto por ponto do documento [resultado dos diálogos com setores da sociedade civil e especialistas] para ver suas implicações. Em alguns casos, as solicitações podem parecer desproporcionais, inviáveis ou fora de nossa competência. Devemos analisá-las para que possamos avançar com soluções, com a premissa de que o Estado não pode ser negociado e que deve haver clareza de que existem certas questões que não podem ser discutidas apenas dentro do Comitê, pois estão relacionadas a outros setores, que também devem ser ouvidos”, afirmou Molano.
A previsão do presidente Iván Duque é finalizar a Grande Conversa Nacional até o dia 15 de março.
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