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terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Chumbo Quente: Tragédia de Paraisópolis mostra falência da política de Segurança Pública






Quem ousar bater de frente contra o sistema pagará com a vida

*Luís Alberto Alves/Hourpress

As nove mortes ocorridas, nesse final de semana, durante Pancadão na favela de Paraisópolis, Zona Sul de SP, revela a falência da política de Segurança Pública. Por quê? Por que há décadas a periferia é vista como inimiga pelos governantes, seja de direita ou esquerda.

É diferente o tratamento da Polícia para a população que não mora nas regiões nobres. Este detalhe revela a truculência usada contra os adolescentes e jovens que estavam no Pancadão de Paraisópolis. Se esta multidão estivesse numa festa de rua em Vila Madalena, Zona Oeste, os Pms agiriam do mesmo jeito? Não!

Qual a razão para tanta violência aplicada pela PM contra negros, pobres e jovens da periferia? Passadas mais de 3 décadas do final da Ditadura Militar, que tomou o poder em 1964 por meio de golpe de Estado,  ainda continua intacta a política de Segurança Nacional.
Luís Alberto Alves

Prisão

Os policiais ainda enxergam moradores das periferias como inimigos, não como brasileiros.  A repressão é forte, resultando no alto número de jovens executados a tiros, sob desculpa de resistência à prisão. O curioso é que nestes tiroteios poucos policiais são feridos.

Quem ousar bater de frente contra o sistema pagará com a vida. O negro morador na periferia é suspeito sempre na ótica desta tosca política de Segurança Pública. Mesmo quando esteja se divertindo nos bailes realizados na ruas, essa atitude é vista como rebelião.

Daí a violência descomunal aplicada contra adolescentes e jovens que não aceitam, com razão, a segregação de ficar dentro de casa nos finais de semana.  As denúncias de que policiais teriam impedido o socorro das vítimas pisoteadas e agredidas durante o Pancadão de Paraisópolis é a ponta deste iceberg.

Bala de borracha

Nada disso mudará. O governador  paulista João Doria (PSDB) deixou bem claro que essa política de Segurança Pública não sofrerá mudança. Ou seja, nas áreas nobres, os Pms farão abordagens civilizadas, mesmo quando chegarem num baile de rua, como ocorre no bairro classe média de Perdizes, Zona Oeste. Ali também tem Pancadão.

Já na periferia, o cassetete, o gás pimenta, a bala de borracha, socos e pontapés serão usados como mecanismos de que a “ordem” deve ser mantida. Igual na África do Sul, no auge do apartheid, quando os negros eram alvos de todo tipo de violência.

 Aqui no Brasil, não basta ser negro: nesta lista está incluso o pobre, branco,  que por falta dinheiro é obrigado a residir em regiões afastadas do Centro. Ele também é alvo desta violência policial. Para piorar, o Estado não oferece alternativas de lazer para milhões de adolescentes e jovens. Imagina que a repressão seja a solução.  Tentam enxugar gelo ou ensacar fumaça.

*Luís Alberto Alves é diretor de redação do hourpress.com. br e jornalista há mais de 30 anos. Trabalhou nos principais veículos de comunicação de SP. É expert em Política Internacional, Segurança Pública, Economia, Música, Veículos, Gospel Music, Sindicalismo e Meio Ambiente. É grande estudioso de Black Music, arranjador e músico de formação clássica.






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