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quarta-feira, 3 de junho de 2015

Variedades: Documentário Retratos de Identificação é selecionado para competição na França




Presos políticos na Ditadura Militar brasileira

Luís Alberto Alves

 Durante a ditadura, os presos políticos eram fotografados em diferentes situações: investigações, atos de prisão, tortura, exames de corpo de delito, processos de banimento, inquéritos e necropsias. Esses retratos de identificação policial, produzidos com o objetivo de controle dos prisioneiros, ressurgem agora em Retratos de Identificação, de Anita Leandro, como provas de crimes e atos violentos perpetrados pelas Forças Armadas e pela Polícia Civil.
 Resultado de quatro anos de pesquisa junto aos arquivos públicos, o documentário está entre as 15 produções da competição internacional do FID – Festival Internacional de Cinema de Marselha, que acontece entre 30 de junho e 6 de julho de 2015.

 O documentário brasileiro, que traz à tona um conjunto importante de documentos textuais e iconográficos, até então desconhecidos, da história da ditadura militar, compete com produções da Alemanha, Líbano, Síria, Estados Unidos, Portugal, Reino Unido, Áustria, Chile, México, Argentina, República Dominicana e França.

  A documentação mostrada no filme refere-se, especificamente, à prisão de quatro pessoas, todas barbaramente torturadas. No filme, os dois únicos sobreviventes desse grupo se deparam, pela primeira vez, com documentos e fotografias relativos a esses acontecimentos.

 Antônio Roberto Espinosa, na época comandante da organização VAR-Palmares, conta como foi sua prisão ao lado de Maria Auxiliadora Lara Barcellos e Chael Schreier, e testemunha sobre o assassinato de Schreier. Reinaldo Guarany, do grupo tático armado ALN, relembra sua saída do território nacional em 13 de janeiro de 1971, em troca da vida do embaixador suíço Giovanni Bucher; a vida no exílio, sem documentos, e o suicídio de Maria Auxiliadora Lara Barcellos, com quem vivia na época em Berlim.


 Alguns documentos revelados pelo filme, como as fotos de Chael Schreier, comprovam que ele não foi ferido em combate na noite da prisão, como pretende um documento forjado por um de seus torturadores, o capitão Celso Lauria. As fotografias, provenientes dos acervos de diferentes agências de repressão, como o DOPS da Guanabara e o Serviço Nacional de Informação, encontram-se, hoje, sob a guarda do Arquivo Estadual do Rio de Janeiro, Arquivo Nacional e Superior Tribunal Militar.

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