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terça-feira, 29 de julho de 2014

Opinião: Crédito consignado, como utilizar adequadamente




É preciso tomar cuidado para o leão da dívida não ficar bravo

*Reinaldo Domingos
 
 O número de funcionários de empresas, aposentados e pensionistas que pedem empréstimos com desconto em folha de pagamento é muito alto, o que faz com que essa se torne uma das principais formas de endividamento da população e, se essa ferramenta for utilizada sem educação financeira, esse problema pode se tornar muito sério. Segundo dados que consideram apenas os aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), houve uma leve retração na obtenção dessa forma de crédito.
 
 Esses dados apontam que, em março deste ano, as operações de crédito consignado totalizaram R$ 3,543 bilhões, um resultado 4,04% inferior ao mesmo período de 2013, quando foram liberados mais de R$ 3,6 bilhões. Em número de contratos, a redução é ainda maior: em março de 2014, registrou 1.046.291 contra 1.147.337 contratos efetivados, em março de 2013, uma redução de 8,81%.
 
 Essa redução se deve a vários fatores, dentre os quais destaco as perspectivas econômicas negativas, que fez com que crescesse consideravelmente o medo da população em tomar créditos no mercado, não sabendo se conseguirão arcar com os compromissos.

 Contudo, em praticamente todas as empresas que realizo trabalho de educação financeira, observo a utilização dessa ferramenta de crédito de forma inadequada, o que leva a problemas como queda na produtividade e até mesmo demissões, por isso, esse é um tema que precisa ser alvo de esclarecimentos e cuidados, antes de ser oferecido pelas empresas e utilizado pelos funcionários.
 
 Imagina se, após ter pego um crédito consignado, os problemas comecem a interferir no trabalho, causando queda de produtividade e motivação? As coisas só piorariam. Com a educação financeira, essa questão se minimiza, pois as pessoas perceberão que o problema não é ter dívidas, mas sim não ter total conhecimento da situação financeira, fazendo com que a vida gire em torno de dívidas intermináveis, que deixam cada vez mais longe a realização dos sonhos.
 
 Então, separei algumas orientações básicas e práticas para que as pessoas tenham consciência na hora de utilizar esta linha de crédito:

1.    Antes de tomar qualquer crédito é importante conhecer a sua real situação financeira, ou seja, fazer um diagnóstico financeiro;
2.    É muito importante não deixar com que este empréstimo e que os problemas financeiros reflitam em seu desempenho profissional, pois será muito mais complicado pagar qualquer prestação sem salário;
3.    Antes de buscar pelo crédito consignado, é importante tomar consciência de que o custo de vida deverá ser reduzido em até 30% do ganho mensal, isto porque a prestação deste reduzirá o seu ganho mensal diretamente em seu salário ou benefício de aposentadoria;

4.    É muito comum a utilização do crédito consignado para quitação de cheque especial, cartão de crédito e financeiras, porém, a troca simplesmente de um credor por outro, sem descobrir a causa do verdadeiro problema, apenas alimentará o ciclo do endividamento;
5.    A linha de crédito consignado, sem dúvida, se bem utilizada, é importante, porém, não pode fazer parte da rotina de um assalariado ou aposentado. Sua utilização deve ser pontual;


6.    Tem sido comum o empréstimo do nome a terceiros por parte de aposentados e até mesmo funcionários, mas este procedimento é prejudicial a todos;
7.    Caso encontre taxas de juros mais baixas, é válido fazer portabilidade deste crédito. Para os funcionários, o caminho será falar com a área de Recursos Humanos; para os Aposentados, as possibilidades são inúmeras, é preciso pesquisar;

8.    Para quem quer tomar o crédito consignado, recomendo que, antes mesmo de assinar o contrato com a instituição financeira, se faça uma boa reflexão e analise se este valor que será descontado diretamente no salário ou benefício não fará falta para os compromissos essenciais mensais.
*Reinaldo Domingos é educador e terapeuta financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira, Abefin e Editora DSOP, autor do best-seller Terapia Financeira, dos lançamentos Papo Empreendedor e Sabedoria Financeira, entre outras obras.

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