A lei visa impedir atos de destruição durante as manifestações |
Luís Alberto Caju
Deputados e representantes do
governo federal garantem que a lei antiterrorismo em discussão no Congresso não
vai ser usada para impedir manifestações democráticas ou punir seus participantes.
Com o retorno dos trabalhos
legislativos e a aproximação da Copa do Mundo, o projeto da lei antiterrorismo deve voltar aos debates
parlamentares. A proposta é de autoria da comissão mista do Congresso Nacional criada para regulamentar leis
federais e artigos da Constituição e pode entrar na pauta
do Plenário do Senado ainda neste mês.
O Brasil ainda não tem uma
legislação específica sobre terrorismo, mas um artigo sobre o assunto foi
incluído a Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/83), promulgada durante o governo do último
presidente militar, general João Figueiredo, e sem revogação expressa.
A lei prevê prisão de três a dez
anos para quem devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em
cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado
pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de
fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou
subversivas.
Direitos
Apesar dessa definição, não existe consenso no meio acadêmico e na doutrina jurídica sobre se determinados atos são ou não terroristas. Mesmo assim, o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), integrante da comissão mista que aprovou o projeto da lei antiterrorismo, destaca que não é difícil reconhecer um ato terrorista e, por isso, ele não pode ser confundido com algumas ações que possam ocorrer em manifestações democráticas no Brasil.
Apesar dessa definição, não existe consenso no meio acadêmico e na doutrina jurídica sobre se determinados atos são ou não terroristas. Mesmo assim, o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), integrante da comissão mista que aprovou o projeto da lei antiterrorismo, destaca que não é difícil reconhecer um ato terrorista e, por isso, ele não pode ser confundido com algumas ações que possam ocorrer em manifestações democráticas no Brasil.
O ato terrorista, diz o deputado,
“tem um índole muito própria, é fácil de ser identificado, não há muito
mistério. Lembra um velho jargão até do mundo jurídico, também do mundo
jornalístico: você pode não saber o que é uma coisa, agora, diante dela, você
sabe que ela está existindo. Então o terrorismo é assim: você sabe exatamente o
que é o ato terrorista”.
De outro lado, contrapõe Miro, “a
manifestação social por reivindicações justas, como temos no Brasil, não pode,
de forma alguma, ser considerada terrorismo. Consequentemente, os direitos
individuais não são absolutamente afetados. A existência de uma lei
antiterrorismo é uma exigência da Constituição".
Preocupação
O secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, afirma que o governo está acompanhando o andamento do projeto da lei antiterrorismo no Congresso justamente para evitar que a proposta venha a restringir a liberdade de manifestação.
O secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, afirma que o governo está acompanhando o andamento do projeto da lei antiterrorismo no Congresso justamente para evitar que a proposta venha a restringir a liberdade de manifestação.
"Temos preocupação em
relação à amplitude que está sendo dada ao conceito de terrorismo. Se nós
olharmos o projeto hoje, ele diz: conceito de terrorismo – provocar ou infundir
terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à
integridade física ou à saúde ou à privação da liberdade da pessoa. Ou seja, é
um conceito bastante amplo”, preocupa-se Pereira.
Por isso, o secretário considera
necessário “aprofundar esse debate para evitar que, a pretexto de se tipificar
o terrorismo, de se aumentar o rigor da punição contra atos terroristas, nós
tenhamos um retrocesso nos direitos e garantias de manifestação, de associação,
no direito do cidadão de poder reivindicar a concretização de seus
direitos".
Marivaldo Pereira destacou que,
mesmo que o projeto da lei antiterrorismo não seja aprovado antes da Copa do
Mundo, o País já tem instrumentos legais para atuar na prevenção a ações
terroristas. O representante do Ministério da Justiça também declarou que os
governos dos estados que vão sediar os jogos e o governo federal já estão
realizando ações de inteligência para impedir esse tipo de ocorrência.
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