Redação |
Primeira fase do projeto será testada no quartel-general em Brasília. Inauguração foi nesta terça-feira (26). |
Já está em funcionamento no quartel-general do Exército Brasileiro, em Brasília (DF), o projeto-piloto de segurança energética – módulo 1 de Armazenamento de Energia, que deverá ser replicado, num futuro próximo, em áreas isoladas do País. A iniciativa é uma parceria da Itaipu Binacional, Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e Exército. A primeira fase inaugurada nesta terça-feira (26) vai atender os escritórios, o sistema de segurança sul do quartel e fornecerá energia para um eletroposto, que abastecerá veículos elétricos. O sistema é o primeiro do Brasil e um dos poucos do mundo que pode usar várias fontes de energia ao mesmo tempo. Inicialmente, será abastecido por energia solar. Para isso, foram instalados 360 painéis fotovoltaicos conectados a seis inversores solares com potência total de 90 kW. O armazenamento e a segurança energética do projeto são garantidos pelo uso de baterias. A diretoria da usina forneceu as baterias (FIAMM) e o sistema de armazenamento de energia (Ingrid), além de um veículo elétrico em comodato e um eletroposto. A instalação é uma ação conjunta dos parceiros da Itaipu, a FPTI e o próprio Exército. Segundo o comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, um dos grandes gargalos, se não o maior, para o desenvolvimento e implantação de sistemas de defesa do Brasil está exatamente na área de armazenamento de energia. “Esse projeto abre uma perspectiva enorme, concreta e de longo prazo para avançarmos.” Depois do quartel, a ideia é implantar o sistema no Pelotão Especial de Fronteira (PEF) de Tunuí Cachoeira, no Amazonas, com a perspectiva de replicação em todos os demais. A expectativa é melhorar a disponibilidade de energia elétrica para a comunidade daquela região, utilizando os raios solares, uma fonte limpa e renovável. A mesma solução poderá ser replicada, futuramente, em outros pontos isolados da extensa área de fronteira do País e que também não são atendidos pelo sistema interligado nacional (SIN). “Há um leque, uma perspectiva muito grande.” Para o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, esse projeto é emblemático porque vai ajudar a dar autonomia a regiões isoladas. “Queremos, muito em breve, ter todas as nossas fronteiras sendo abastecidas por meio dessa tecnologia que estamos desenvolvendo em conjunto”, disse. E complementou: “Todos os cientistas apontam que no fim deste século a energia que vai dominar o mundo será a solar. Veja que nós já estamos em 2016. E a tecnologia avança e caminha rápido”. A diretora financeira executiva de Itaipu, Margaret Groff, explicou que inicialmente o projeto vai garantir uma economia em torno de R$ 30 mil por mês para o quartel. “Mas, mais do que isso, o importante é a segurança energética que esse sistema está trazendo e a experiência do uso da energia solar, já que é possível usar a energia solar de forma concomitante com a energia distribuída pelo sistema de abastecimento normal de energia.” Margaret apontou outra vantagem do sistema, que não está limitado à energia solar. “O sistema é híbrido e pode usar energia eólica, hidrelétricas, diesel, biometano e geotérmica, entre outras, que possam surgir, porque estamos sempre inovando na área energética”, explicou. O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Grudtner, diz que o Brasil já tem uma matriz basicamente limpa e renovável. “Mas o crescimento do consumo nos impunha utilizar mais energia. Consequentemente, dispor de tecnologias que a gente possa utilizar energia solar e eólica, além da hidráulica. Isso é um ponto importantíssimo para o País.” Como funciona Os inversores solares são conectados entre si e conectados a outro inversor master híbrido, com potência máxima de 125 kW, que é ligado à rede elétrica e a um banco de baterias, permitindo a gestão energética do sistema. Esse inversor é responsável por fazer o carregamento das baterias utilizando energia solar prioritariamente. No total, são doze baterias de sódio com acumulação de 282 kWh. Vantagens a mais O sistema é controlado por um software desenvolvido pela empresa suíça Ingrid, com a colaboração da Itaipu e FPTI. O equipamento possui como estratégia duas funções concomitantes, autonomia e economia. Na função autonomia, com a configuração de baterias atual, é possível fornecer carga ininterrupta por até duas horas, no caso de falta de insolação ou queda de energia na rede elétrica. Já a função economia trabalha com o objetivo de reduzir ao máximo a conta de luz, utilizando os módulos solares e a carga das baterias para neutralizar a carga elétrica consumida, preservando reserva suficiente para não comprometer a função autonomia. O sistema apresenta uma série de características inovadoras e de segurança, que o torna o primeiro nessa categoria instalado no Brasil. Entre elas está a utilização de baterias de sódio de alta potência, com imunidade à variação da temperatura e com alto grau de segurança, pois evita a ocorrência de explosões ou incêndios, e a operação no modo on grid e off grid (conectado ou não à rede de energia). Veículo elétrico Para compor o projeto-piloto, a Itaipu cedeu em comodato um veículo elétrico Renault Fluence Z e um eletroposto, que será ligado ao sistema de armazenamento de energia. O Fluence Elétrico possui motor elétrico de 70 kW de potência e um pack interno de baterias de lítio com 48 módulos, totalizando 22 kWh de energia disponível. O resultado é uma autonomia de até 185 km em condições normais de utilização. O posto de recarga, montado pela equipe técnica da Itaipu, é capaz de fornecer energia para até dois veículos simultaneamente e poderá carregar o VE em aproximadamente 4 horas. O automóvel e o eletroposto serão monitorados pela plataforma mobi.me, desenvolvida pelo CEiiA, Centro de Tecnologia de Portugal. O sistema permite acompanhar em tempo real os equipamentos, informando estado de carga, localização, velocidade e deslocamentos, além da quantidade de CO² com emissão evitada, entre outros indicadores. A Itaipu Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, a Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo produzido, desde 1984, mais de 2,31 bilhões de MWh. A hidrelétrica é responsável pelo abastecimento de cerca de 15% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 75 % do Paraguai. Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”. |
- Brasília
Da Agência Brasil
O Ministério da Fazenda divulgou uma nova estimativa do impacto que a mudança na fórmula de cálculo da dívida dos estados pode provocar nas finanças da União. De acordo com a nova estimativa, a perda pode chagar a R$ 402 bilhões. Inicialmente, os técnicos do governo tinham estimado o prejuízo em R$ 313,3 bilhões. O valor apresentado anteriormente tinha sido calculado sobre o saldo de 2013 e foi atualizado até 2015.
Saiba Mais
Ontem (26), o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reuniu-se com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para apresentar o cálculo atualizado e o impacto nas finanças da União caso haja mudança na fórmula de cálculo dos juros da dívida dos estados, passando dos juros composto para simples.
O Supremo julga hoje (27) o mérito das liminares concedidas a alguns estados, que permitem o pagamento das parcelas da dívida em valores menores do que os exigidos pela União, sem sofrer sanções legais – em especial a retenção de repasses federais. O mandado de segurança, inicialmente impetrado pelo estado de Santa Catarina, já foi estendido ao Rio de Janeiro, Sergipe, São Paulo, Pará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Goiás, conforme o Ministério da Fazenda.
O governo federal tem dito que uma decisão favorável à adoção do regime de juros simples no cálculo da dívida beneficiaria somente seis estados, enquanto os 21 restantes perderiam com a decisão, de acordo com estudos do órgão. Segundo o ministro Nelson Barbosa, o uso de taxas de juros acumuladas em contratos de empréstimo (os juros compostos) é aplicado em financimentos habitacional, de automóvel, de eletrodomésticos e inclusive entre entes federativos.
Ao longo da última semana, o ministro se reuniu com os ministros do STF Edson Fachin, Dias Toffoli, Roberto Barroso e Rosa Weber em que manifestou os argumentos da União contrários à aplicação de juros simples no cálculo da dívida dos estados.