*Reinaldo
Domingos
Quando falamos de
finanças para casais, é importante cuidado para evitar brigas, o que é muito
comum. Para se ter ideia, uma pesquisa do SPC Brasil, com 662 consumidores
acima de 18 anos e de todas as classes sociais das 27 capitais brasileiras, 35%
desconhece o valor do salário do companheiro. Essa informação é bastante
preocupante, já que demonstra uma grande possibilidade de problemas
relacionados ao dinheiro no futuro.
Isso porque
a primeira dica em relação ao tratamento do dinheiro do casal é sempre muito
diálogo. O mais adequado é construir um orçamento familiar. A partir deste
momento, deve haver a definição de quem paga o quê. É possível ter uma conta
conjunta para que esses compromissos sejam pagos.
Porém,
acredito que seja essencial avaliar a possibilidade de cada um ter sua conta
corrente para questões relacionadas a pagamentos, definindo os limites, pois
cada um pode ter seus próprios gastos. Já, quando o assunto é investimento, se
faz em conjunto, pois, assim, se poupa mais dinheiro e obtém melhores
resultados.
Outro ponto
que deve ser tratado de forma diferenciada é em relação à aposentadoria. Esse
investimento deve ser para cada um, lembrando que, quem não construir sua
aposentadoria, um dia, terá que pedir dinheiro para alguém, certo? O
segredo, então, é colocar tudo na mesa, nunca esquecendo que o assunto mais
importante a ser conversado não são as despesas, e sim os sonhos e desejos
individuais e coletivos. É muito comum os sonhos serem deixados de lado, mas,
acredite, esse é um erro capital de milhões de casais.
É
importante estar atento, colocando sempre, no mínimo, três sonhos – curto (até
um ano), médio (de um a dez) e longo prazo (acima de dez anos) –, todos
acompanhados de informações básicas, como quanto custa e quanto será guardado
mensalmente. Caso contrário, não serão sonhos, e sim verdadeiros pesadelos para
os casais, podendo “esfriar o relacionamento”.
É preciso
reforçar que, mesmo tendo contas separadas, quando se opta pelo casamento, é
preciso não discriminar quem ganha mais ou menos. Trata-se de uma família e,
neste caso, a receita deve ser pensada e somada para todos que dela participam.
Assim, se deve definir um limite de gasto para cada um e fazer com que ele seja
respeitado. Caso isso não ocorra, deverá ser motivo de diálogo.
Veja algumas orientações:
1. Recomendo reuniões
frequentes entre o casal para debater as finanças, porém, diferente do que
ocorre frequentemente, esse não deve ser um momento apenas de tensão, mas sim
de projeção;
2. Estabeleçam sempre sonhos
de curto, médio e longo prazos, lembrando que se deve ter objetivos coletivos e
individuais;
3. Um ponto que geralmente
é foco de divergências é o padrão de vida que o casal leva, assim, faça um
diagnóstico financeiro e, com os números reais da vida financeira, ajuste o
padrão dentro dessa lógica;
4. Outro motivo de briga é
o fato de um dos parceiros ser mais acomodado. É importante entender que cada
um possui um estilo, assim, recomendo a busca de um meio termo, com regras bem
estabelecidas e não ficar batendo sempre na mesma tecla;
5. O ponto fundamental é
que, quando só um dos parceiros trabalha externo, também deve se ter a
preocupação com a vida financeira em longo prazo, no caso aposentadoria;
6. Caso tenham filhos, é
preciso inclui-los na conversa sobre dinheiro e, mais do que isso, também devem
chegar a um acordo sobre como será a educação deles em relação às finanças;
7. Se um dos parceiros fez
alguma ação errada em relação ao dinheiro, lógico que haverá um nervosismo
inicial, por isso, tente deixar o debate para um momento no qual já conseguiu
se acalmar um pouco e refletir sobre o ocorrido. Contudo, não finja que nada
ocorreu, guardar pode causar “estouros” futuros;
8. Lembrem-se, é nas
dificuldades que vemos com quem realmente podemos contar. Assim, em caso de
crise financeira, em vez do distanciamento, o ideal é buscar estar mais perto
de quem gostamos.
*Reinaldo
Domingos, educador
financeiro, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros
(Abefin), autor dos livros Terapia Financeira, Papo Empreendedor, Eu mereço ter
dinheiro, Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem Segredo, das coleções
infantis O Menino do Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da coleção didática
de educação financeira para o Ensino Básico, adotada em diversas escolas do País.