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Crônica: De bem-sucedido ao amargo do ostracismo

    Hourpress/Arquivo Morava num apartamento de cobertura na Região dos Jardins, com direito a três vagas na garagem, onde tinha estacionad...

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Crônica: O amor tem força para impedir a morte

    Pixabay


Bem realizado profissionalmente, jamais conheceu o gosto amargo do desemprego

Astrogildo Magno

 O plano de Rogério era acabar com a vida. Estava cansando de tanta cobrança. Mesmo ganhando salário de R$ 40 mil não sentia o gosto da felicidade. A sua família estava cobrando diariamente a presença dele nas festas, onde ele jamais aparecia. Viciado em trabalho, levava a jornada da empresa para o quarto. Pegava no sono por volta das 4h da madrugada e acordava às 6h pontualmente.

Bem realizado profissionalmente, jamais conheceu o gosto amargo do desemprego. Em 50 anos de vida, 30 deles passou por grandes empresas, onde deixou a marca de funcionário competente. Nunca fugiu de nenhum tipo de desafio. Quando pedia demissão já estava de mergulho para entrar no outro concorrente.

A esposa Estela, branca de olhos azuis, cabelos cinza palha e corpo de adolescente de 18 anos, e vulcão incandescente ao fazer amor, o admirava demais. Em 25 anos de casamento nunca teve motivos para qualquer reclamação. Conseguia agradar a sua cara metade na maioria das vezes. Quando sentia que ela pretendia discutir. Pegava o carro e saia pela cidade.

Feliz

Mas o ser humano tem razões que somente Deus é capaz de conhecer, pois é obra de suas mãos. Morava numa linda cobertura na região dos Jardins. Da janela do seu quarto enxergava o nascer do sol. Na garagem tinha três carros top de linha. Comia qualquer tipo de alimento, inclusive os mais caros adquiridos num supermercado de grife em travessa da Rua Augusta. Porém, nada disso o deixava mais feliz.

Em uma manhã resolveu parar próximo à ponte Cidade Jardim para mergulhar para sempre nas águas do Rio Pinheiros. Encostou perto da mureta de concreto e se preparava para dar um fim à vida, quando de repente viu Margarete, uma paixão fervorosa da época de início de juventude. Linda, ela o reconheceu e o segurou pelo braço.

Rogério olhou bem naquele rosto e relembrou das noites que chorou muito pensando naquela que foi o seu grande amor. A mulher que lhe tirava o sono, porque recusava sempre os seus pedidos para entrar na sua vida. Margarete o abraçou, o beijou ardentemente, o afastou da mureta do rio. Saíram a caminhar em direção ao shopping center de milionário, ali próximo.  Depois foram fazer amor num motel. O prazer de entrar no corpo de uma grande paixão liquida com qualquer desejo de suicídio....

Astrogildo Magno é cronista

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