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Bem realizado profissionalmente, jamais conheceu o gosto amargo do desemprego
Astrogildo Magno
Bem realizado profissionalmente, jamais conheceu o gosto
amargo do desemprego. Em 50 anos de vida, 30 deles passou por grandes empresas,
onde deixou a marca de funcionário competente. Nunca fugiu de nenhum tipo de
desafio. Quando pedia demissão já estava de mergulho para entrar no outro
concorrente.
A esposa Estela, branca de olhos azuis, cabelos cinza palha
e corpo de adolescente de 18 anos, e vulcão incandescente ao fazer amor, o
admirava demais. Em 25 anos de casamento nunca teve motivos para qualquer
reclamação. Conseguia agradar a sua cara metade na maioria das vezes. Quando
sentia que ela pretendia discutir. Pegava o carro e saia pela cidade.
Feliz
Mas o ser humano tem razões que somente Deus é capaz de
conhecer, pois é obra de suas mãos. Morava numa linda cobertura na região dos
Jardins. Da janela do seu quarto enxergava o nascer do sol. Na garagem tinha
três carros top de linha. Comia qualquer tipo de alimento, inclusive os mais
caros adquiridos num supermercado de grife em travessa da Rua Augusta. Porém,
nada disso o deixava mais feliz.
Em uma manhã resolveu parar próximo à ponte Cidade Jardim
para mergulhar para sempre nas águas do Rio Pinheiros. Encostou perto da mureta
de concreto e se preparava para dar um fim à vida, quando de repente viu
Margarete, uma paixão fervorosa da época de início de juventude. Linda, ela o
reconheceu e o segurou pelo braço.
Rogério olhou bem naquele rosto e relembrou das noites que
chorou muito pensando naquela que foi o seu grande amor. A mulher que lhe
tirava o sono, porque recusava sempre os seus pedidos para entrar na sua vida.
Margarete o abraçou, o beijou ardentemente, o afastou da mureta do rio. Saíram
a caminhar em direção ao shopping center de milionário, ali próximo. Depois foram fazer amor num motel. O prazer
de entrar no corpo de uma grande paixão liquida com qualquer desejo de
suicídio....
Astrogildo Magno é cronista
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