“Se possível, pedimos à
população que não saia de casa hoje (10). Adie os compromissos, porque não
temos previsão de que a chuva vá parar durante o dia”, alertou o secretário
estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido. O temporal que
desabou sobre a cidade, desde a noite de domingo e madrugada desta segunda-feira
(10), provocou vários alagamentos e transbordamento dos rios Tietê e Pinheiros.
Zonas Norte e Oeste da Capital foram as mais atingidas.
Marginal do Tietê alagada nesta manhã (10) |
Para justificar o caos
provocados pelo temporal que caiu sobre São Paulo, o secretário explica que a
chuva que castiga a cidade está acima do previsto. “Temos feito vários trabalhos
de limpeza, verificando as bombas de sucção nos rios Tietê e Pinheiros. Porém
nada disso resolve por completo a situação. A cidade tem muitas áreas
impermeabilizadas, contribuindo para que a água da chuva chegue mais rápido aos
córregos e rios”, disse.
A mesma opinião tem o
secretário municipal de Subprefeitura de SP, Alexandre Modenezi. “O acúmulo de
água é muito grande. Os inúmeros córregos transbordaram e a esse forte volume
de água contribui para o transbordamento dos rios Pinheiros e Tietê”, explicou.
Aeroporto Campo de Marte também foi alagado na Zona Norte de SP |
Ceagesp
A enchente afetou as
Zonas Norte e Oeste da Capital, com 63 pontos de alagamentos intransitáveis, 46 semáforos apagados, provocando
interdição ruas e avenidas e de trechos das linhas de trem da CPTM (Cia. Paulista de Trens Metropolitanos).
A Grande SP, Principalmente Osasco, Barueri, Guarulhos, Taboão da Serra, Cotia
ficaram literalmente debaixo de água.
Desde a noite de domingo
e madrugada desta segunda-feira (10), o Corpo de Bombeiros recebeu 320 ligações
de pedidos de socorro, 36 desabamentos. Segundo a corporação, situação anormal.
A violência da água arrancou 46 árvores. Os reflexos desta enchente vão
refletir no bolso da população.
O alagamento da Ceagesp
(maior distribuidor de verduras, legumes e frutas da América Latina), no bairro
do Jaguaré, Zona Oeste de SP, prejudicou a entrada e saída de alimentos. Pior:
o que estava estocado vai para o lixo, com prejuízo para os comerciantes,
porque os preços serão repassados ao consumidor.
História
O histórico de enchentes
na capital paulista não é novidade. De geografia montanhosa, solo argiloso
difícil de drenar e cortada por diversos vales e cursos d´água, a cidade sempre
é ameaçada por alagamentos e inundações. Hoje, São Paulo tem 400 km quadrados
de área construída e impermeabilizada.
Cada ponto de alagamento
formado na cidade, após uma chuva forte provoca prejuízo diário de R$ 1 milhão
ao Brasil. Com 749 pontos críticos de alagamento identificados no município,
São Paulo tem perdas de aproximadamente R$ 336 milhões. Em escala nacional, as
perdas chegam a R$ 762 milhões.
Os grandes culpados
pelas enchentes, por incrível que pareça, são os próprios moradores. Muitos
deles descartam nas ruas toneladas de detritos, de toda a espécie, na maioria
dos dias. Várias avenidas famosas na cidade (23 de Maio, 9 de Julho, Vale do
Anhangabaú) estão em cima de córregos. O forte volume de água não é suportado e
o alagamento acontece, pegando, na maioria das vezes, os motoristas presos nos
congestionamentos.
Várzea
Outro grave problema é a
ocupação de áreas de várzea, com a construção de avenidas e estabelecimento
comerciais. As atuais Marginais do Tietê e Pinheiros, estão em cima de terreno
de várzea, que funciona como uma esponja natural, quando o excesso de água dos
rios ou córregos é sugado.
O terminal rodoviário do
Tietê, o segundo maior do mundo, o primeiro é o de Nova York, nos Estados
Unidos, foi construído sobre a várzea no final da década de 1970, pelo governo
Paulo Maluf. Quando a cidade sofre enchente, nenhum ônibus chega ou sai do
local.
Naquela região, existia
uma grande área de brejo, com parte dele funcionando como lixão, que na década
e 1960 era famoso como “lixão de Vila Guilherme”. Ignorando as regras da natureza,
várias empresas se instalaram naquela área, inclusive um shopping center.
Portanto, segundo geólogos, quando chove muito, a água apenas ocupa o lugar que
pertence a ela. O estranho na várzea são as construções.
Enchentes
A maior enchente da
história de São Paulo aconteceu em 1929. Deixou a cidade praticamente submersa.
Para que ninguém se esquecesse desta tragédia, na estação Armênia do Metrô, na
esquina da Avenida do Estado com Rua Porto Seguro, tem uma placa (foto) registrando a
altura que água chegou após sair do leito dos rios Tietê e Tamanduateí.
Nas décadas de 1980 e
1990, São Paulo enfrentou o mesmo caos. Como um flash back, nessas duas grandes
enchentes, a chuva começou na noite do dia anterior, avançou pela madrugada e
início da manhã. O resultado foi várias ruas e avenidas alagadas. Na enchente
do início da década de 1990, Zona Norte, Oeste, Centro e Grande SP ficaram
submersa. Literalmente São Paulo parou (algo raro) como ocorre no dia de hoje.
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