Eles pretendiam mostrar que eram tão cruéis quanto os atiradores de Columbine
Agência Brasil
A Polícia Civil está investigando a participação de uma terceira pessoa, de 17 anos, na organização do atentado na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano. Este suspeito era colega de classe do atirador Guilherme Taucci Monteiro, também de 17 anos, e teria ajudado no planejamento do crime. Segundo a polícia, ele estava na cidade de Suzano no momento do ataque, mas não foi até a escola.
O jovem já foi ouvido pela polícia civil, que pediu à Vara da Infância e da Juventude a apreensão do adolescente e espera autorização.
Há um vídeo em que uma terceira pessoa aparece junto com os dois assassinos dias após eles terem alugado o carro usado no atentado. O aluguel do carro foi pago com cartão de crédito.
Pessoas que conviviam com os atiradores disseram à polícia que já tinham ouvido deles referência ao caso de Columbine, nos Estados Unidos, que deixou 13 mortos e 24 feridos em 1999. “Quem ouviu eles falando sobre isso ou não levou a sério ou ficou com medo”, disse o delegado-geral de Polícia Ruy Ferraz Pontes.
O delegado disse também que, até o momento, é uma “presunção” que um dos assassinos tenha atirado no outro e depois se suicidado. A conclusão sobre a morte dos assassinos depende ainda de informações que serão trazidas pela perícia.
De acordo com Pontes, a polícia diz que não há elementos suficientes até o momento que indiquem que o uso da deep web tenha sido determinante para o atentado.
O delegado-geral informou que não está claro ainda se a morte de Jorge Antonio de Moraes, tio de Guilherme, foi motivada por vingança, já que ele chegou a contratar o sobrinho para trabalhar em sua empresa, mas teve que demiti-lo por causa de pequenos furtos.
Motivação
O delegado-geral afirmou que os jovens queriam reconhecimento dentro da própria comunidade e publicidade na mídia. De acordo com Pontes, eles pretendiam mostrar que eram tão cruéis quanto os atiradores de Columbine.
“A motivação tem mais um caráter pessoal, de reconhecimento por parte da comunidade, da sociedade deles. Eles não se sentiam reconhecidos, e copiaram, e isso nós já temos materializado [em depoimentos], eles queriam demonstrar que eles podiam agir, como aconteceu na escola em Columbine, com crueldade e com caráter trágico para que eles fossem mais reconhecidos”.
O delegado-geral ainda minimizou a hipótese de que um suposto bullying sofrido pelos jovens tenha motivado o massacre. Pontes ressaltou ainda que não foi encontrado, até o momento, nenhum indício de que eles planejassem fazer ataques em outras escolas.
“Todo material colhido não demonstra que eles fariam ou tentariam fazer ataques em outras escolas. Não demonstra que eles teriam contato com outras pessoas que estivessem encarregadas de fazer ataques em outras escolas”, disse.
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