Intelectuais defendem Dilma Rousseff (PT) |
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Daniel Mello - Agência Brasil
Um
grupo de intelectuais lançou hoje (16) um manifesto contra as propostas de impeachmentda
presidenta Dilma Rousseff. No documento, intitulado A Sociedade Brasileira
Precisa Reinventar a Esperança, o impedimento é apontado como um risco à
“constitucionalidade democrática” e uma violação do Estado de Direito. Segundo
o manifesto, não há base jurídica para os pedidos. “Impeachment foi feito para punir governantes
que efetivamente cometeram crimes. A presidenta Dilma Rousseff não cometeu
qualquer crime”, enfatiza o texto. A ideia do grupo é, a partir de agora,
continuar a articulação contra o impeachment com movimentos sociais.
Um dos
responsáveis por elaborar o documento, o jurista Fabio Konder Comparato, disse
que os argumentos a favor do afastamento de Dilma referem-se a ações do
mandato anterior. Porém, de acordo com ele, a chefe do Executivo só poderia
ser declarada impedida por fatos relativos à gestão atual. “O que a oposição,
por intermédio de dois eminentes juristas, está fazendo é levantar para a
discussão fatos ocorridos durante o primeiro mandato da presidente Dilma”,
ressaltou.
Foi
registrado na manhã de ontem (15), no 4º Cartório de Notas, na zona oeste da
capital paulista, um pedido de impeachment assinado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel
Reale Júnior e Janaína Conceição Paschoal. Segundo Reale, o pedido é um
compilado de diversos textos apresentados anteriormente, com acréscimo da
rejeição das contas do governo referentes à 2014 pelo Tribunal de Contas da
União [TCU]”.
Saiba Mais
Para
Comparato, ainda que os atrasos em repasses a bancos públicos tenham continuado
a ocorrer neste ano, o tema só pode ser apreciado pelo TCU em 2016. “Trata-se
de uma irregularidade orçamentária que precisa de um processo de definição, um
processo no Tribunal de Contas da União. Esse processo é feito só no exercício
financeiro imediatamente posterior”, explicou.
O cientista
político André Singer chamou o movimento que busca afastar Dilma de
“golpista”. “Nós estamos aqui para dizer, em alto e bom som, que a tentativa
de cassar a presidenta Dilma Rousseff é um grave retrocesso institucional e um
grave atentado a democracia”, disse o ex-porta-voz do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva ao abrir as falas da reunião em que foi lançado o manifesto. O
encontro ocorreu no campus Maria Antônia da Universidade de São Paulo, no
centro da capital paulista.
“Evidentemente
que o impeachment é uma figura constitucional, faz
parte das regras do jogo, mas não na forma de um pseudoparlamentarismo, em que
se tenta sem nenhuma justificativa racional, demonstrável, derrubar um governo
constitucionalmente eleito, legítimo e que está governando”, criticou Singer.
A filósofa
Marilena Chauí disse que vê os pedidos de impeachment como um ataque aos avanços
democráticos construídos após o fim da ditadura. “Independentemente das
limitações das ações desses últimos governos, foi nessa direção que se
caminhou. Na direção de um espaço público republicano e de um espaço
democrático de direitos. É isso que ser quer frear”.
O escritor
Fernando Morais destacou que haverá resistência política caso se queira
afastar Dilma institucionalmente, como feito com Fernando Lugo, no Paraguai,
ou à força, como feito com Manuel Zelaya em Honduras. “Nós temos que deixar
absolutamente claro que no golpe não levam. Só levam no voto. Seja golpe
paraguaio ou hondurenho, não importa. Só mudam o projeto de nação, com o qual
nós estamos comprometidos, no voto. Na mão grande [com trapaça] nós não
permitiremos”.
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