Cresce a negociação de dívidas |
Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil
O desemprego
e as taxas de juros mais altas levaram ao aumento da renegociação de
empréstimos nos bancos em agosto. O saldo dessas renegociações chegou a R$
24,435 bilhões, com crescimento de 1,6% no mês e 10,9%, em 12 meses, de acordo
com dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (23).
Para o chefe
do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, no cenário econômico atual “é
natural que as pessoas procurem esse tipo de alternativa”. A taxa do crédito
renegociado, 44,9% ao ano em agosto, é mais baixa que a média (61,2% ao ano)
dos juros cobrados nos empréstimos a pessoas físicas e os prazos de pagamento
costumam ser maiores. A renegociação pode ser uma alternativa para sair do
rotativo do cartão do crédito ou do cheque especial, com taxas de juros muito
altas: 403,5% ao ano e 253,2% ao ano, respectivamente.
Entretanto,
as tentativas de controlar as dívidas nem sempre dão certo. A taxa de
inadimplência (atrasos acima de 90 dias) dessa modalidade, 16,2%, é bem maior
que a média (5,5%). “As pessoas procuram alternativas, tentam regularizar os
seus pagamentos, mas nem sempre conseguem”, disse Maciel.
De acordo
com os dados do BC, em agosto, também cresceu o saldo do rotativo do cartão de
crédito (1,3%), do empréstimo consignado (0,7%) e do crédito pessoal (0,7%).
Outras modalidades tiveram queda: compra de veículos (1,3%), aquisição de bens
(1%) e arrendamento mercantil (3,4%). O saldo do cheque especial ficou estável
no mês. Essas modalidades são do crédito com recursos livres, em que os bancos
têm autonomia para para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as
taxas de juros.
No caso do
crédito com recursos direcionados (empréstimos com regras definidas pelo
governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de
infraestrutura) para pessoas físicas, o destaque é o crédito imobiliário, com
saldo de R$ 481,967 bilhões, em agosto. No mês, o crescimento ficou em 1,1% e
em 12 meses, em 20,8%. Segundo Maciel, há uma moderação no crescimento do
crédito imobiliário, em momento de elevação das taxas de juros.
Maciel disse
ainda que as empresas também estão tomando menos empréstimos, devido à retração
da atividade econômica. “O capital de giro, principal modalidade de empréstimo
às empresas com recursos livres, teve redução 0,8% no mês e em 12 meses, de
1,2%”, destacou.
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