*Reinaldo Domingos
As projeções para os próximos
meses são no mínimo preocupantes, uma vez que é esperada uma alta
inflacionária, proporcionando um agravamento da crise, da qual já
sentimos os efeitos. Isso é reflexo tanto do mercado interno, com clara
estagnação e grande índice de inadimplência da população, como do
externo, no qual as grandes economias já se mostram recessivas há
tempos, e países em ascensão, como a China, vêm reduzindo seu
crescimento.
Enfim, o macro com certeza vai
refletir no micro, isso é, em nossas contas e nossos investimentos.
Contudo, mesmo com um cenário pouco animador, não há motivos para
desespero, e sim para planejamentos e adequação, buscando sair
fortalecido deste período. Para auxiliar, elaborei algumas orientações
pertinentes:
Livre-se das dívidas – muitos
pensam em como se livrar das dívidas em um momento de crise. Pode
parecer impossível, mas é exatamente nesses momentos que os credores
também oferecem as melhores condições para negociações. A orientação é
que o primeiro passo seja o de resolver o problema que levou ao
endividamento, isto é, a causa. Adequar seu padrão de vida a sua
realidade é muito difícil, mas é fundamental observar que não pode
viver em uma realidade que não é sua. Cortas gastos para ganhar fôlego
e, assim, poder assumir o compromisso de pagar as dívidas é a melhor
opção agora. Se não se livrar desse problema de forma emergencial, pode
ter certeza que a alta dos juros prejudicará a sua saúde financeira no
futuro.
Faça uma faxina financeira – sabia
que, em média, 25% dos nossos gastos são com supérfluos? As pessoas
sempre dizem que não têm mais da onde reduzir os gastos, mas, depois,
quando fazem uma análise, observam que é possível. É preciso realizar
um diagnóstico de sua vida financeira por 30 dias, anotando tudo o que
gasta por tipo de despesa, até mesmo cafezinhos e gorjetas. Assim, verá
uma realidade muito diferente do que imagina. Mas ressalto que não se
deve virar escravo dessa anotação, pois, quando vira rotina, perde a eficácia.
Chegou a hora de sonhar – por
mais que o cenário para muitos seja de pesadelo, nessa hora, é de
grande importância sonhar, ou seja, definir os objetivos materiais,
pois eles é que farão com que se tenha foco para evitar o descontrole
ou mesmo o desespero. Reúna a família e converse sobre o tema,
dividindo os sonhos em três tipos: curto (até um ano), médio (até dez
anos) e longo (acima de dez anos) prazos, definindo também quanto
custam e quanto poderão poupar por mês para realizá-los.
Mude o formato de seu
orçamento - um erro comum é pensar que orçamento financeiro
familiar consiste em registrar o que se ganha e subtrair o que se gasta
e, caso sobre dinheiro, será lucro, se faltar, prejuízo. A forma
correta, no entanto, consiste em, primeiramente, elaborar o registro de
todas as receitas mensais, posteriormente, separar os valores
pré-definidos para os projetos da família e, somente com o restante,
adequar os gastos da família. Isso forçará um ajuste do padrão de vida
familiar para conquistas financeiras.
Chegou a hora de saber
investir – com a alta de juros, agora, é um bom momento para
quem que investir, contudo, o grande erro que observo é a ideia de
poupar sem motivo e buscar sempre o melhor rendimento. No mercado
financeiro, existem diversas opções de aplicação em ativos financeiros
com riscos diferentes. A orientação é procurar variar o investimento de
acordo com o tempo que utilizará o dinheiro. De forma geral, o risco de
uma aplicação financeira é diretamente proporcional à rentabilidade
desejada pelo empreendedor, ou seja, quanto maior o retorno estimado
pelo tipo de aplicação escolhida, maior será o risco, por isso, é
preciso cautela.
*Reinaldo Domingos, presidente
da Associação Brasileira de Educação Financeira (Abefin), autor do
best-seller Terapia Financeira e da primeira coleção completa de
educação financeira para escolas, que já é adotada em mais de 1500
escolas em todo o Brasil.
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