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terça-feira, 3 de março de 2015

Economia: MP 664 vai ferrar trabalhador doente


Depois de 15 dias acidentado corre risco de demissão

Luís Alberto Alves

 Um dos perigos da MP 664 é a perda da estabilidade do trabalhador doente. Antes a empresa pagava 15 dias, e daí para frente a responsabilidade passava para a Previdência Social. Com essa Medida Provisória ele fica mais 15 dias sendo pago pelo empregador. “Por um lado, o governo fica livre do custo de arcar com esse período, agora nas mãos da empresa, por outro é perigoso, pois ele poderá ser demitido, visto que o custo que o empregador iria pagar é menor do que se fosse por 15 dias na folha de pagamento”, explicou o vice-presidente do Sindiquímicos Guarulhos, Antonio Cortez Morais.

 Na avaliação do vice-presidente do Sindiquímicos Guarulhos, Antonio Cortez Morais, a MP (Medida Provisória) 664 prejudicou o trabalhador e teve vários vícios de inconstitucionalidade. “Existem mudanças que precisam de emenda constitucional, como no caso dos benefícios de pensionistas, não como ocorreu”, disse.  Outro problema, segundo Cortez, é que a empregador vai tirar vantagem por causa da variação da alíquota do seguro acidente de trabalho. “Só após 30 dias é que o funcionário doente irá recorrer, porém muitos não pegarão mais afastamento no 31° dia. Sem o acesso do auxílio doença, a empresa não terá as variações do seguro acidente recolhida para SAT (Seguro Acidente de Trabalho).

 Outro veneno embutido na MP 664 é a mudança no cálculo para pagamento do salário contribuição. De acordo com Cortez, agora subiu para 12 contribuições. “Esse cálculo é para definir o salário benefício. Essa Medida Provisória veio para prejudicar o trabalhador”. Por exemplo: Um funcionário sai de uma empresa onde ganhava R$ 1.500,00 e entra em outra para receber R$ 1.200,00. Os R$ 300 vão refletir sobre o salário benefício quando depender da Previdência Social. “Essa média será menor, provocando perda substancial”, afirmou.

                                                           Carência
 Segundo ele, a carência para o desempregado requerer o benefício na Previdência era de 12 meses. Agora para restabelecer esse direito, terá de pagar quatro meses de contribuição. “Com a mudança feita pela MP 664 esse pagamento sobe para oito meses de contribuição, pois o prazo de carência agora é de 24 meses. Pois 1/3 de 12 meses é quatro e de 24 é oito”, enumerou.

 Para o cálculo que define o salário contribuição, antes da MP 664, era de 80% dos 100% do salário recebido em abril de 1995. “Após a edição dessa Medida Provisória em dezembro de 2014, essa média caiu paras as 12 últimas contribuições, deixando o salário contribuição menor”, finalizou.

 Assim como ocorreu em diversas cidades do País, no período da manhã, em Guarulhos (SP), o ato de protesto pedindo  a revogação da MP 664 ocorreu diante da Subdelegacia do Trabalho, onde os sindicalistas, incluindo o Sindiquímicos Guarulhos, protocolou documento com as reivindicações que serão enviadas a Brasília.

                                                               Direitos
 No mesmo horário, na Delegacia do Trabalho de SP, à Rua Martins Fontes, Centro, foi reforçado o pedido de revogação da MP 664 e 665. Na avaliação do presidente da Fequimfar (Federação dos Químicos dos Est. SP), Sérgio Leite, “o trabalhador não pode pagar pelos desmandos. É preciso discutir a rotatividade da mão de obra e taxar as grandes fortunas. Assim protegemos os direitos dos companheiros”.

 Já para o tesoureiro da CNTQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Químico) Danilo Pereira da Silva, e presidente da Força Sindical SP, “foi uma surpresa a presidente Dilma trazer essa MP para prejudicar o trabalhador”. O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, enfatizou que a unidade é importante. “Isso fará a diferença. É desta forma que iremos quebrar essas MPs. Afinal de consta estão cometendo um crime contra o trabalhador”.


 O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, reforçou o coro de que é preciso revogar as MPs 664 e 665. “O dinheiro do Seguro-Desemprego é importante para movimentar a economia. Não aceitamos a conversa de que salário ajuda na alta da inflação”

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