Excesso de gordura é prejudicial à saúde |
Dr. Assumpto Iaconelli Junior
A obesidade é um dos piores problemas de saúde
da sociedade moderna. Favorecida pelo ‘quase irrefreável’consumo de alimentos altamente calóricos e ricos em
gordura, sal e açúcar, além do aumento do sedentarismo, já é tratada como
doença crônica. Dados do IBGE revelam que o excesso de peso entre
mulheres saltou de 28,7% para 48% entre 2008 e 2009. Embora a maioria das
pacientes obesas não seja infértil, pode-se dizer que esse grupo tem menos
chances de conceber por ciclo. De acordo com Assumpto Iaconelli Junior,
especialista em Medicina Reprodutiva e diretor do Grupo Fertility, elas normalmente enfrentam mais distúrbios no
eixo hipotálamo-hipófise-ovário, no ciclo menstrual, e têm até três vezes mais
chances de sofrer de anovulação.
O
assunto é grave e é tema de inúmeros estudos e iniciativas que buscam
compreender, prevenir e reverter esse quadro. As pacientes obesas e com
sobrepeso têm um nível elevado de leptina – hormônio associado à dificuldade de
engravidar. Mais: não só a obesidade dificulta a gravidez, como também o
processo de implantação e resposta ao tratamento. Por isso, especialistas em
Fertilização Assistida costumam oferecer todo um suporte para a paciente perder
peso antes de dar início a um tratamento para engravidar. Em muitos casos, a
perda de peso – depois de uma modificação radical no estilo de vida e de se
alimentar, ou ainda depois de uma cirurgia bariátrica – pode contribuir muito
para restaurar o ciclo menstrual e a ovulação, aumentando as chances de
concepção.
Estudos
desenvolvidos no Instituto Sapientiae, braço acadêmico do Grupo Fertility, revelam que
pessoas que modificaram seus hábitos alimentares – reduzindo o consumo de fast
food e bebidas alcoólicas – durante o tratamento de fertilização
assistida, duplicaram suas chances de engravidar. “Infelizmente, o hábito de
consumir os clássicos lanches com maionese e bacon, acompanhados de batatas
fritas, refrigerante e sobremesa, já foi incorporado por muitos jovens, adultos
e, inclusive, crianças. Esse costume faz muito mal à saúde como um todo e tem
levado a um aumento sem precedentes dos casos de obesidade e diabetes,
impactando também o potencial de um casal gerar um bebê”, disse Iaconelli.
Além
das carnes que levam hormônios para ficarem mais tenras, os alimentos que levam
gordura trans na composição representam um verdadeiro perigo para a saúde,
podendo comprometer as futuras gerações. Iaconelli diz que o diabetes tipo 2
geralmente está associado à obesidade e resistência à insulina. Essas duas
condições podem causar deficiência hormonal na mulher, assim como ciclo
menstrual irregular e infertilidade. Já o diabetes tipo 1, que normalmente
acomete pacientes jovens, ocorre quando as células no pâncreas que produzem
insulina são destruídas por anticorpos. Esse processo também pode se estender a
outros órgãos endócrinos – incluindo os ovários – e impossibilitar a
gravidez.
O especialista faz um último alerta:
“Gestantes que não mantêm o diabetes bem controlado nas primeiras semanas de
gravidez têm entre duas e quatro vezes mais chances de gerar uma criança com
defeitos genéticos, estão mais sujeitas a hemorragias, abortos e partos
prematuros. Vale dizer que a fertilidade masculina também é impactada pela
obesidade e o diabetes, que resultam em maior quantidade de material defeituoso
e, consequentemente, podem levar à infertilidade, problemas de gestação e
abortos espontâneos, principalmente quando o paciente não sabe que está
diabético. Estudos apontam que a cada seis casais em que um dos cônjuges é
portador do diabetes tipo 2, pelo menos um precisa recorrer a técnicas de
fertilização assistida.”
Dr. Assumpto Iaconelli Junior,
médico ginecologista, especialista em Medicina Reprodutiva, sócio-diretor do Grupo Fertility e
do Instituto Sapientiae.
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