Provocado pelas abruptas mudanças de
temperatura entre o outono e o inverno, fenômeno afeta a qualidade do ar e
potencializa não só a ocorrência de doenças respiratórias, mas também de
problemas cardiovasculares
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A poluição é inimiga do coração |
Com as bruscas mudanças de temperatura nos grandes
centros urbanos, entre o outono e o inverno, as inversões térmicas são cada
vez mais frequentes em metrópoles como São Paulo. Caracterizado por uma troca
na órdem das camadas de ar quente e frio na atmosfera, o fenômeno, ocorrido
principalmente no inverno, compromete bastante a qualidade do ar, ao impedir
a dispersão de poluentes através das camadas atmosféricas mais elevadas.
“Isso potencializa não só a ocorrência de doenças respiratórias, mas também
de problemas cardiovasculares, já que a poluição do ar é um importante fator
de risco para as doenças do coração”, disse o Dr. Abrão Cury, cardiologista
do Hospital do Coração (HCor).
Segundo o cardiologista, a concentração de
poluentes no ambiente causada pelas inversões térmicas afeta o organismo
ocasionando aumento da coagulação do sangue, tromboses, aumento na propensão
a arritmias cardíacas, vasoconstricção aguda das artérias, reações
inflamatórias em diferentes partes do corpo, além do desenvolvimento de
aterosclerose crônica. “Isso ocorre porque a poluição do ar afeta de maneira
significativa a pressão arterial, principalmente no caso de hipertensos e
idosos. Tanto que em períodos de maior concentração de poluentes no ar, como
no inverno, o atendimento a pacientes hipertensos triplica”, lembra o cardiologista.
Cury explica que o crescente número de
veículos nas grandes capitais só agrava o problema, já que isso aumenta a
concentração de gases nocivos à saúde na atmosfera, como é caso do monóxido
de carbono. Considerado como um dos principais poluentes emitidos pelos
automóveis, o gás altera o endotélio (camada de revestimento interno) das
artérias e também afeta o coração. “Já é possível associar a liberação dessa
e de outras substâncias, como o óxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre,
provocada pelos automóveis, com o aumento dos casos de hipertensão arterial
registrados no país”, afirma Cury. “A doença já afeta de 30% a 35% da
população brasileira e é um dos principais fatores de risco para a ocorrência
de derrames e infartos do miocárdio”, alerta o cardiologista.
Cuidados
Nos
meses mais frios do ano, as inversões térmicas fazem com que o ar fique ainda
mais seco e poluído. Por isso, confira algumas dicas do cardiologista do HCor
para cuidar da saúde e do coração nos períodos mais frios do ano:
- Procure evitar locais e horários onde se pode encontrar maior quantidade de
poluentes no ar, como os engarrafamentos, por exemplo.
- Evite correr, andar de bicicleta ou caminhar perto de vias congestionadas
ou com muito trânsito.
- Sempre que possível, visite locais mais distantes das grandes cidades, onde
o ar é menos poluído.
- Feche as janelas para proteger o ambiente da poluição.
- Se for hipertenso, mantenha-se aquecido para manter a pressão arterial em
níveis saudáveis.
- Monitore e controle a pressão nessa época do ano. Se possível, consulte um
especialista para fazer um check-up.
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