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sexta-feira, 13 de junho de 2014

Esportes: Brasil racista mostra a cara outra vez


O erro de Marcelo foi ter feito um gol contra o Brasil

Luís Alberto Alves

 Para os inocentes de plantão, que batem os pés contra a existência de racismo no Brasil e sim discriminação social, alguns internautas no Twitter revelaram o contrário. Uma minoria em nosso país não gosta de negros. O gol contra do lateral-esquerdo Marcelo na partida Brasil x Croácia, ontem no Itaquerão, Zona Leste, na abertura da Copa do Mundo, foi o estopim para comentários raivosos.

Ataques desferidos contra o jogador Marcelo


  O twiteiro identificado como Lucifer (pelo apelido deve ser tremendo mau caráter) escreveu: “olha meu cachorro falou aqui sobre o gol “tinha que ser preto né”, que cachorro mau. Depois veio outra paulada sobre o jogador da Seleção Brasileira, por alguém que assina como Harnock: “tira esse Marcelo de campo, depois vai dizer que sou racista, mas tinha que ser preto”.

 No total de ataques, cinco internautas vomitaram o ódio contra o erro cometido pelo lateral do Brasil, como se errar fosse prerrogativa só de negros e acertos somente para brancos. Agora compreendo a humilhação sofrida pelo goleiro Barbosa na Copa do Mundo de 1950, quando o Brasil perdeu a final disputada com o Uruguai. Até sua morte, aos 79 anos, em abril de 2000, carregou a culpa de não ter conseguido impedir a gol que deu ao Uruguai o título daquele Mundial.

 Aliás, durante vários anos a então CBD (Confederação Brasileira de Desportos), hoje CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ficou sem convocar goleiros negros para defender a Seleção em Copas do Mundo. Só em 2002, o arqueiro Dida quebrou essa maldição sagrando campeão.
Comentários desse tipo revelam o quanto o racismo está impregnado em minorias deste país.

 A própria festa de abertura deixou de fora o torcedor brasileiro de cor negra, numa nação onde 50% da população são escuras. A Fifa que em público é contrária ao racismo, é a primeira adotar práticas discriminatória ao gerar imagens distribuídas para emissoras de televisão, só focando em homens e mulheres, brancos, de aspecto bonito, como se os negros fossem todos doentes.

 O azar de Marcelo foi a bola chutada pelo croata Jelavic ter batido no seu pé e entrar no gol brasileiro. Imaginem esta situação numa final e o título não ficasse no Brasil. Provavelmente ele teria de sair escoltado pela polícia do estádio, colocado num avião para permanecer em local seguro.  Carregaria para sempre o peso de colaborar para a derrota da Seleção e, claro, o comentário racista: “só podia ser coisa de preto”.

  O mais curioso dessa triste história é que o melhor jogador de futebol de todos os tempos é negro: Pelé. Em nenhum país ninguém questiona essa qualidade do eterno camisa 10 do Brasil. Cabe ao serviço de inteligência da polícia identificar todos esses internautas e que eles paguem pelo erro na Justiça.

 Não adianta aparecer advogados dizendo que foram comentários sem desejar ofender ninguém, tudo feito no calor da emoção do jogo. Erraram feio, pois o publicado na internet ganha o mundo e não volta mais. É igual soltar penas no alto de uma montanha e depois pretender juntar tudo de novo.



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