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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Economia: Alta nos juros revela preocupação com inflação



Os preços continuam altos nos supermercados


Redação

A Apas (Associação Paulista de Supermercados ) analisa que a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil em manter inalterados os juros básicos da economia (taxa Selic), em 11% ao ano, demonstra a preocupação na busca pelo controle da inflação ao longo do tempo e a necessidade de não prejudicar ainda mais a dinâmica da atividade econômica.

 Desta maneira, a autoridade monetária sinaliza que busca uma inflação dentro da meta estipulada para 12 meses. No entanto, a manutenção dos juros em patamares elevados continua a impactar de maneira negativa as projeções de crescimento para a economia brasileira. A atividade econômica desacelerou, assim como o mercado de trabalho, o consumo de bens duráveis e o mercado de crédito. Portanto, o cenário atual necessita de uma revisão na atual condução da taxa de juros na economia brasileira.

A nota divulgada pelo Banco Central após a decisão expressa a cautela em relação à análise dos indicadores econômicos. Talvez a autoridade monetária tenha verificado que a elevação dos juros é condição necessária, mas não suficiente para a queda da inflação. Vale ressaltar que, mesmo diante do atual patamar da SELIC em 11%, a inflação continua persistente e o ritmo de atividade econômico vem sendo impactado negativamente.

 Ainda em nota, ao expressar que "o comitê irá monitorar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", o Banco Central deixa em aberto a possibilidade de continuidade na elevação da SELIC, embora em um ritmo mais moderado nos próximos meses. Desta maneira, ainda há a possibilidade de elevações de 0,25 pontos percentuais, mas provavelmente só após as eleições.

 Mesmo diante do atual patamar de juros, a inflação oficial projetada para 2014 está em 6,47%, ou seja, superior à verificada em 2013, de 5,91%. Vale ressaltar que o impacto da taxa de juros na economia possui dois efeitos básicos: um imediato e outro defasado. 

O efeito imediato está relacionado ao impacto nas expectativas em relação a uma inflação menor no futuro. Já o efeito defasado perdura ao longo de mais 4 a 6 meses (em média) sobre a atividade econômica em geral. Ou seja, mesmo com a elevação constante e prolongada da taxa de juros a inflação em 12 meses não vem recuando, o que preocupa a evolução de outras variáveis importantes da economia, como a renda. Isso porque inflação maior tende a impactar a renda real, por meio da perda do poder de compra, e isso impacta o consumo das famílias de modo geral.

 Vale ressaltar que a preocupação em relação à inflação não é pontual. A preocupação é a tendência altista dos preços ao longo dos últimos anos. Ou seja, a inflação que preocupa não é a inflação pontual de 2014, e sim a persistência da inflação em se manter em um patamar elevado, como verificado nos anos recentes. Para comparação, a média de inflação de 2007 a 2014 (8 anos) é de 5,62%, inferior a inflação projetada para 2014, que é de 6,47%.

 Se analisarmos este período separadamente, a inflação também se encontra em patamar mais elevado. A inflação média para o período de 2007 a 2010 foi de 5,15%, enquanto que a inflação para o período de 2011 a 2014 deve atingir 6,09%, percentual superior ao período imediatamente anterior.

 Estamos diante de um quadro inflacionário mais resistente e persistente do que o esperado, mas que deve perder força nos próximos meses, quando o aperto monetário se refletir em desaquecimento da economia e, consequente, desaceleração dos preços. Não sabemos até que ponto este processo desinflacionário trará impacto no crescimento econômico brasileiro para 2014. De modo geral, a alta dos juros traz mais impacto ao crescimento econômico do que a um processo de desaceleração da inflação, principalmente no que diz respeito aos preços de alimentos e bebidas. A preocupação é que esta alta traga um recuo da inflação, mas sob a pena de um crescimento por mais um ano abaixo de esperado.


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