Redução penal ficou de fora do relatório |
Luís Alberto Alves
A redução da maioridade penal não
estará no relatório da comissão especial que avalia propostas de
mudanças no sistema de medidas socioeducativas para jovens infratores (Projeto
de Lei 7.197/02, do Senado, e apensados). Esse e outros
pontos do texto a ser apresentado no próximo dia 21 foram adiantados pelo
relator da matéria, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
De acordo com o parlamentar, o
espírito do parecer é, em vez de reduzir a idade penal, aumentar a punição aos
infratores. Mesmo sem o dispositivo mais polêmico, o texto ainda sofre críticas
de deputados.
Mudanças
O relatório vai propor alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei 8.069/90), como o aumento de três para oito anos do tempo máximo que internação de adolescentes de 16 a 18 anos que cometerem infrações equivalentes a crimes hediondos.
O relatório vai propor alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei 8.069/90), como o aumento de três para oito anos do tempo máximo que internação de adolescentes de 16 a 18 anos que cometerem infrações equivalentes a crimes hediondos.
Nas propostas que estavam em
avaliação, havia a sugestão de que jovens que cometerem infrações equivalentes
a crimes hediondos não fossem mais réus primários quando passassem para a vida
adulta. Também havia previsão de dar ao infrator a pena com o mesmo tempo da
punição que um adulto receberia se ele cometesse o crime. Essas medidas, porém,
não foram acatadas pelo relator.
Divergências
Parte dos deputados da comissão especial não concorda com a proposta como um todo, por isso, optou por obstruir a apresentação do relatório na reunião marcada para a última quarta-feira (7). A manobra impossibilitou a apresentação do parecer, agora prevista para dia 21.
Parte dos deputados da comissão especial não concorda com a proposta como um todo, por isso, optou por obstruir a apresentação do relatório na reunião marcada para a última quarta-feira (7). A manobra impossibilitou a apresentação do parecer, agora prevista para dia 21.
“Essa proposta está abrindo a
porteira para a redução da maioridade penal, para entupir as nossas cadeias
apodrecidas também com jovens, com adolescentes. Vamos apostar em um modelo de
encarceramento que já provou não dar certo? Precisamos é garantir os direitos
que não foram dados a esses jovens: educação, saúde, entretenimento”,
argumentou o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias,
deputado Nilmário Miranda (PT-MG), um dos que não foram à reunião de ontem.
O parlamentar lembra que o
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase – Lei 12.594/12) já prevê melhorias no atendimento e ressocialização
de jovens infratores. “Os Estados nem chegaram a implementar na totalidade e já
estão querendo mudar? É preciso mudar o sistema e não a lei”, afirmou.
Miranda já adiantou que, se
houver quórum na comissão especial e permitir a avaliação do relatório, ele vai
apresentar um voto em separado com conteúdo oposto ao texto de Carlos Sampaio.
Defesa do projeto
Para o relator da comissão especial, aumentar o tempo de internação significa “mais tempo também para ressocialização”. Sampaio acescrenta que a medida também terá um efeito “inibitório”.
Para o relator da comissão especial, aumentar o tempo de internação significa “mais tempo também para ressocialização”. Sampaio acescrenta que a medida também terá um efeito “inibitório”.
“Há uma grande divergência na
Câmara se deve haver ou não a diminuição da maioridade penal. Eu,
particularmente, sou favorável à redução. Mas como ela ainda não é possível,
estamos dando uma resposta tanto ao adolescente que pratica um 'crime' grave
quanto à sociedade que aguarda uma ação por parte dos legisladores”, concluiu.
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