Com
diversas especulações sobre possíveis ataques terroristas durante a Copa do
Mundo, que acontece neste ano, muitos especialistas estão discutindo como
as autoridades estão preparando o esquema de segurança para o público. Para
Gerardo Portela, autor do livro Gerenciamento de Riscos Baseado em fatores
Humanos e Cultura de Segurança, da editora Elsevier, esses ataques assustam
mais quando a população não possui histórico anterior de ações terroristas,
como os que ocorreram nos Estados Unidos em 2011.
“A magnitude
do evento e a quantidade de indivíduos envolvidos requer uma população bem
orientada pelas autoridades. Serão milhares de pessoas nos estádios,
arredores, aeroportos e demais locais de concentração. As autoridades devem
orientar a população para observar se alguém está aparentando ter alguma
atitude suspeita, e principalmente tentando burlar algum ponto de revista
pessoal ou portal de detecção de armas ou substâncias proibidas.
Uma
população bem orientada estará atenta a esses comportamentos, e se houver
algum ‘lapso de atenção’ por parte dos policiais e agentes responsáveis
pela segurança, o terrorista encontrará como dificuldade milhares de olhos
e ouvidos. As autoridades devem instruir a população através da mídia
mostrando o que realmente é suspeito e educando sobre a forma certa de uma
pessoa agir quando perceber algo anormal, sem gerar atitude preconceituosa,
injustiças e pânico desnecessário”, afirmou.
O especialista deu dicas para que a
população evite maiores transtornos durante o período do evento. “As
autoridades devem orientar a população para ter um comportamento centrado
na palavra ‘atento’. O cidadão não deve nunca agir como policial ou herói,
nem como detetive, mas deve sim ser incentivado a ser muito “atento”,
observador e principalmente discreto. A mais importante contribuição do
cidadão comum é observar e informar, deixando a ação de resposta para os
profissionais”, afirmou.
Isso não
deve ser feito somente nos estádios nem nos dias dos jogos, mas deve ser um
comportamento a ser adotado muito antes. Os atentados começam a ser
planejados e executados com a compra de materiais proibidos, chegada de
novos vizinhos e atitudes suspeitas e obscuras.
“Quanto mais “atento” for o
cidadão comum aos detalhes e também quanto mais discreto for no ato de
repassar a informação para as autoridades, policiais e agentes, mais
eficiente e decisiva será a contribuição do cidadão comum nesse processo.
Notar apenas que algo está errado não é suficiente, porque se o terrorista
perceber que está sendo descoberto, ele pode antecipar seu plano e realizar
o ataque naquele mesmo instante, se isso já for possível. É preciso ser
atento e discreto”, explicou.
Gerardo também acredita que o
Brasil, diferente de muitos países, tem em sua cultura elementos
extraordinários e positivos. “Um deles é a predisposição da população em se
engajar em esforços de socorro e ajuda, por exemplo, em casos de enchentes
e catástrofes. Nem todos os países tem esse fator de predisposição tão
valorizado em sua cultura. Esse é um ponto positivo para o Brasil. Se as
autoridades explorarem também esse aspecto, estou convencido que a
população irá assumir para si a responsabilidade ao seu alcance”, disse.
Na
cultura brasileira, explica, uma palavra tem grande valor: superação. “As
autoridades deveriam aproveitar isso, reconhecer todas as falhas de
infraestrutura e propor à população um esforço baseado numa postura de
humildade e principalmente superação das dificuldades que teremos todos que
enfrentar para que a Copa do Mundo seja um sucesso, mesmo num país que,
apesar de todos os esforços, ainda está atrasado em termos de
infraestrutura”, comentou.
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