Projeto de minicentral termoelétrica foi inaugurado nesta quarta-feira
(24)
Redação/Hourpress
Uma minicentral termoelétrica de biogás com 480 kW de potência
instalada, inaugurada nesta quarta-feira (24) em Entre Rios do Oeste, no
extremo Oeste do Paraná, vai “zerar” a conta de energia de 72 unidades
consumidoras da prefeitura municipal.
O projeto, que reúne o Parque Tecnológico Itaipu, mantido por Itaipu,
Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) e Copel, foi
inaugurado pelo governador Carlos Massa Ratinho Júnior e diretores das
instituições envolvidas na parceria.
A longo prazo, a iniciativa vai resultar em economia para a população
do município, além de resolver o problema ambiental causado pela grande
quantidade de dejetos gerada pela produção animal local.
Entre Rios do Oeste tem menos de 5 mil habitantes, mas a quantidade
de resíduos orgânicos produzidos no município é equivalente à de uma cidade
de mais de 500 mil habitantes. O que era um problema ambiental foi
transformado em solução para a economia e o desenvolvimento da cidade, por
meio da implantação da minicentral.
Todo esse volume de resíduos é em função da quantidade da produção
animal do município, especialmente a de suínos: são mais de 150 mil
animais. Os dejetos de 18 propriedades rurais agora são tratados,
transformados em biogás e utilizados para a geração de energia elétrica.
Isso é feito a partir de projeto desenvolvido pelo Parque Tecnológico
Itaipu e CIBiogás, com o financiamento da Companhia Paranaense de Energia
(Copel).
Durante a solenidade desta quarta-feira, o governador do Paraná
ressaltou que vai trabalhar pelo aumento de iniciativas voltadas à produção
de biogás e de biometano - combustível originado a partir do biogás. A
intenção, segundo o governador, é transformar o Paraná em pioneiro e no
Estado mais sustentável do País.
O diretor técnico do Parque Tecnológico Itaipu, Rafael José Deitos,
disse que uma das expectativas do diretor-geral brasileiro da Itaipu
Binacional, general Joaquim Silva e Luna, em relação à atuação do PTI é
quanto à diversificação das fontes energéticas. “Esse projeto em Entre Rios
do Oeste demonstra a nossa capacidade de produzir pesquisa e
desenvolvimento de qualidade na área.”
“Nossa missão como parque tecnológico é promover o desenvolvimento
sustentável da região, e esse projeto que está sendo entregue nos dá a
sensação de missão cumprida por hoje, mas com muito mais trabalho para o
futuro”, pontuou o diretor.
O presidente do CIBiogás, Rodrigo Régis de Almeida, destacou que o
legado do projeto fica não apenas para Entre Rios do Oeste e para o Paraná,
mas para todo o País. A iniciativa dos produtores, conforme ele, foi
essencial para o sucesso da proposta, “do mesmo jeito que os produtores que
desbravaram a área e a transformaram na maior produtora de suínos do
Brasil”.
Régis comparou o potencial do Paraná para produção do biogás ao
potencial do pré-sal no litoral do Brasil. “É o que chamo de pré-sal
caipira, que temos de aproveitar”. No caso da minicentral termoelétrica de
Entre Rios do Oeste, são 215 toneladas de dejetos de suínos por dia que
agora são transformados em um ativo econômico.
O presidente da Copel, Daniel Slaviero, afirmou que a miniusina
“inaugura” a visão do governo para os próximos 10 anos e alia uma
competência do Paraná - a produção animal - com a geração de energia.
Um dos 18 produtores que integra o projeto, Claudinei Jardel Stein,
demonstrou alegria pela eficiência que o projeto vem sendo desenvolvido,
mas disse que os produtores sabem do compromisso que assumiram com a
produção do biogás. “Mas não somos mais poluidores e o biogás vai se tornar
outra fonte de renda”, analisou.
Estiveram presentes na cerimônia de inauguração autoridades como os
deputados estaduais Hussein Bakri, Moacir Micheletto e Élio Rusch; o
secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara; o
presidente da Compagás, Rafael Lamastra; e prefeitos de vários municípios
do Paraná.
De análises para implantação a estudos para replicação: o PTI no
projeto. Com 480 kW de potência instalada, a minicentral termoelétrica
construída no município deve resultar em economia para a população, além de
resolver o problema ambiental que os dejetos geram.
O projeto, denominado “Arranjo técnico e comercial de geração
distribuída de energia elétrica a partir do biogás de biomassa residual da
suinocultura em propriedades rurais no município”, é resultado de uma
chamada pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 2012.
A execução teve duração de 36 meses e um investimento total de R$ 17
milhões, custeado pela Copel, como parte do programa de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) da Aneel. O PTI teve papel fundamental desde o
início, a partir da análise e adaptação das tecnologias para a geração de
energia a partir do biogás.
A equipe de Infraestruturas e Obras do parque tecnológico ficou
responsável pela elaboração do projeto e implantação da minicentral
termoelétrica. Por meio do Laboratório de Automação e Simulação de Sistemas
Elétricos (Lasse) do PTI, foi feita a análise dos impactos do
empreendimento na rede elétrica e também foi desenvolvido um sistema de
monitoramento para garantir a eficiência do projeto, que avalia aspectos
como pressão, vazão e temperatura do gás gerado a partir dos dejetos dos
suínos.
O PTI também fez o mapeamento dos locais mais adequados no Paraná
para geração de energia elétrica produzida a partir do biogás, que vai
servir de base para que outras regiões possam replicar o modelo de Entre
Rios do Oeste e criar seus próprios arranjos.
A Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada, a Itaipu
Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo
produzido, desde 1984, mais de 2,6 bilhões de MWh. Em 2016, a usina
brasileira e paraguaia retomou o recorde mundial anual de geração de
energia, com a marca de 103.098.366 MWh. Em 2018, a hidrelétrica foi
responsável pelo abastecimento de 15% de toda a energia consumida pelo
Brasil e de 90% do Paraguai.