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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Economia: Justiça extingue processo contra Eike Batista por prejuízos a acionistas da OGX



  • 19/05/2016 16h42
  • Rio de Janeiro
Douglas Corrêa - Repórter da Agência Brasil
A Justiça do Rio decidiu extinguir o processo contra o empresário Eike Batista por prejuízos causados aos acionistas da petroleira OGX, atual OGPar. Na decisão, o juiz Fernando César Ferreira Viana, da 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, considerou a inexistência de interesse homogêneo no ajuizamento de ação civil pública contra o empresário.

“Não se demonstrou nos autos a relevante repercussão social dos atos imputados ao réu, seja pela sua natureza, seja pela sua dimensão. Não se está afirmando, com tal conclusão, que os fatos objetos do pedido inicial não tiveram repercussão social, mas sim que a natureza e a dimensão de tais fatos não autorizam o ajuizamento da ação civil pública, já que restrito à seara de acionistas que, embora minoritários, conhecem os riscos do mercado de ações”, disse o juiz na sentença.

A ação civil pública, movida pela Associação dos Investidores Minoritários do Brasil e ex-acionistas da empresa Óleo e Gás Participações S/A, acusava Eike Batista de depreciação dos títulos.

Segundo a ação, o empresário também teria praticado insider trading – negociação de valores mobiliários baseada no conhecimento de informações relevantes que ainda não são de conhecimento público, com o objetivo de auferir lucro ou vantagem no mercado – e negociado ações entre os dias 24 de maio e 10 de junho de 2013 com o conhecimento de fator relevante não divulgado ao mercado, com a obtenção de vantagem com tal operação.

Economia: Preços de remédios elevam prévia da inflação oficial em maio



  • 20/05/2016 09h50
  • Rio de Janeiro
Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil
Os remédios foram os principais responsáveis pela taxa de 0,86% na prévia da inflação oficial de maio, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15). Os medicamentos ficaram 6,5% mais caros no mês, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A alta de preços dos remédios puxou a inflação do grupo de despesas saúde e cuidados pessoais, que registrou uma taxa de 2,54% na prévia de maio, cujo cálculo foi feito com base em preços coletados entre 14 de abril e 13 de maio.

Outro grupo que teve papel importante na prévia foi o de alimentos e bebidas, com uma taxa de 1,03%. Entre os produtos que ficaram mais caros estão a batata-inglesa (29,65%), o feijão-carioca (5,04%), a farinha de mandioca (4,45%) e o leite (2,82%).

Também tiveram taxas acima da média do IPCA-15, os grupos de despesas com habitação (0,99%) e comunicação (1,26%). Outros quatro grupos de despesa tiveram inflação: despesas pessoais (0,81%), vestuário (0,72%), artigos de residência (0,55%) e educação (0,29%).

Apenas os transportes acusaram deflação (queda de preços) de 0,30%, devido ao recuo nos preços das passagens (-8,59%) e etanol (-8,54%).

Política: Relator da reforma do Código de Trânsito busca acordo entre taxistas e Uber


Luís Alberto Alves

Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre o transporte individual de passageiros
Comissão especial da Câmara dos Deputados analisa projetos que modificam o Código de Trânsito Brasileiro
Os frequentes conflitos entre taxistas e os motoristas do aplicativo Uber foram debatidos, nesta quarta-feira (18), nacomissão especial da Câmara que analisa mudanças (PL 8085/14 e apensados) no Código de Trânsito Brasileiro (Lei9.503/97), em vigor há 18 anos.
O relator da comissão, deputado Sérgio Brito (PSD-BA), afirmou que o transporte individual remunerado será tema obrigatório dessa reforma e pediu que taxistas e motoristas de aplicativos, como o Uber, cheguem a um acordo que privilegie o usuário e a mobilidade urbana. Além das reuniões em Brasília, a comissão vai promover debates nos estados.
"Nós temos a responsabilidade de fazer a regulamentação disso. Sem regulamentação nenhuma, nada pode funcionar neste País. Temos que entender e chegar a um denominador comum sobre o que é que o povo brasileiro quer. Esta Casa aqui é que tem de decidir. Vamos aprofundar essa discussão, já que nós vamos sair pelos estados, e isso vai ser muito importante", afirmou Brito.
ConflitosDesde que o Uber passou a ser usado no Brasil, em 2014, os conflitos com taxistas são frequentes. O mais recente aconteceu no início do mês, em São Paulo, onde o prefeito Fernando Haddad liberou, via decreto, o funcionamento do Uber por meio de compra de créditos de uso viário. Em protesto, taxistas fecharam ruas importantes e fizeram manifestação em frente à prefeitura paulistana.
A depender do debate desta quarta, na Câmara, o acordo não será fácil. O presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo, Natalício da Silva, classificou o Uber de serviço "clandestino" que vem aniquilando a categoria dos taxistas.
"Falar dessas organizações que entraram, aqui no Brasil, pela porta dos fundos não entra na cabeça de ninguém. É uma vergonha discutir um assunto como esse”, criticou Natalício. “Um cidadão, para vender pipoca na porta de uma escola, precisa de licença da prefeitura. Como um cidadão se instala no Brasil, explorando os brasileiros? Eles entram apenas com esse aplicativo e ainda esnobam e insultam todas as autoridades brasileiras. Estou aqui nervoso, aborrecido e chateado porque estou vendo a minha categoria ir para o brejo", acrescentou o taxista.
Busca regulamentação
Já o diretor de políticas públicas do Uber no Brasil, André Rosa, admitiu que a empresa ainda busca, junto às autoridades municipais, a devida regulamentação do serviço. Segundo ele, o Uber, presente em 11 cidades brasileiras, ajuda a resolver o problema da mobilidade urbana com segurança e comodidade e a gerar emprego e renda em tempos de crise econômica. Rosa acrescentou que o serviço é amparado pela Constituição, pelo Plano Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/13) e pelo Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14).
"Quanto à natureza jurídica do serviço, realmente a gente concorda que há um 'vacatio' de regulamentação. O Plano Nacional de Mobilidade Urbana, quando traz o conceito de transporte individual remunerado, não definiu o que é o transporte privado. Só definiu o que é o transporte público”, observou André Rosa. “A empresa vem justamente na linha do que está estabelecido no Marco Civil da Internet, usando a plataforma tecnológica para desenvolver novos serviços. Nós não viemos roubar participação de mercado dos táxis."
Convivência
Representantes do Ministério Público e do governo, presentes na audiência pública, acreditam que há espaço para a convivência dos dois tipos de transporte individual remunerado.
O procurador da República Carlos Bruno da Silva defendeu que o Congresso Nacional tem competência para legislar sobre o tema, de forma geral. "Deve-se estimular a Casa a tomar uma decisão", destacou.
No entanto, o procurador lembrou que qualquer iniciativa que venha a proibir o uso do aplicativo Uber no Brasil não vai prosperar, diante da possibilidade de veto do Supremo Tribunal Federal ou de uso de um site no exterior para manter o serviço. "É impossível ir contra a tecnologia", alertou Carlos Bruno da Silva, para quem é preciso encontrar meios em que convivam diferentes tipos de transporte de passageiros, públicos e privados.
Já o diretor do Departamento de Cidadania e Inclusão Social do Ministério das Cidades, Marco Antônio Mota, reconheceu que o tema é complexo e novo, já que o Uber surgiu em 2009, nos Estados Unidos.
Na visão do governo federal, cabe ao Congresso definir regras gerais, porém, as especificidades do transporte individual cabem aos municípios, conforme prevê a Política Nacional de Mobilidade Urbana.
Defesa dos taxistas
Os deputados presentes defenderam os taxistas, em maioria na plateia. O deputado Celso Russomano (PRB-SP) anunciou que, por iniciativa própria, vai acionar o Ministério Público para exigir a apreensão de veículos, como os que utilizam o Uber, que estejam fazendo o transporte sem a devida autorização legal.
O deputado Vicentinho (PT-SP) também se colocou ao lado dos "mais fracos" – no caso, os taxistas – e alertou para o risco de o Uber estar praticando o chamado "dumping" social, enfraquecendo uma categoria para, posteriormente, dominar o mercado.
Diferença de preços
O presidente da comissão especial, deputado Cacá Leão (PP-BA), disse ter aproveitado o fim de semana para fazer uma pesquisa, em Brasília, junto a taxistas e motoristas de Uber. Segundo o parlamentar, chamam a atenção as diferenças de preços entre os dois serviços, a pequena quantidade de taxistas donos de suas próprias licenças e o grande número de clandestinos.
O relatório final da comissão especial da reforma do Código de Trânsito Brasileiro deve ser divulgado em novembro.

Política: Deputados da CPI do Carf querem evitar que interrogados tenham direito de ficar em silêncio


Luís Alberto Alves

Os três depoentes de hoje, como vários outros que compareceram à CPI, estavam munidos de habeas corpus que lhes davam o direito de permanecer calados. Parlamentares defendem mudanças na legislação para evitar que os convocados se utilizem deste recurso, prejudicando o trabalho das CPIs
Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Audiência pública para tomada de depoimentos
Amparados por habeas corpus, depoentes convocados não responderam as perguntas dos deputados, que querem restringir esse direito a acusados de crimes
Deputados da CPI do Carf defendem mudanças na legislação para reforçar os poderes das comissões parlamentares de inquérito (CPI) de modo a tentar evitar que interrogados consigam, no Supremo Tribunal Federal (STF), o direito de permanecer calados durantes os depoimentos.
Os depoentes convocados para a reunião de hoje da CPI – o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva, o advogado Eduardo Gonçalves Valadão e o lobista Halysson Carvalho Silva – estavam amparados porhabeas corpus concedidos pelo STF que davam a eles o direito de permanecer calados e não se autoincriminarem.
Os três, já denunciados pelo Ministério Público Federal, são acusados de envolvimento em compra de medidas provisórias (MPs) que beneficiaram o setor automobilístico e em corrupção em julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda encarregado de julgar recursos de empresas autuadas pela Receita Federal.
Eles se recusaram a responder as perguntas dos deputados da CPI.
O deputado Hildo Rocha (PMDB-MA) sugeriu ao presidente da comissão, Pedro Fernandes (PTB-MA), que fosse ao STF conversar com os ministros para evitar a concessão de novos habeas corpus.
“Eu não vou. O Supremo está agindo dentro da lei. Prefiro que a gente tente mudar a lei”, respondeu o presidente da CPI.
O deputado Jorge Solla (PT-BA) defendeu a proposta. “Devemos mudar a legislação para evitar o que está acontecendo aqui, que é um abuso no direito de ficar calado”, disse.
Negativa de envolvimento
Mesmo em silêncio, quando questionados a respeito das acusações que pesam sobre eles, dois dos três acusados convocados para depor negaram ter atuado em irregularidades no Carf.
O advogado Eduardo Gonçalves Valadão e o comerciante Halysson Carvalho Silva negaram qualquer envolvimento com o órgão. “Nunca andei no Carf, não sabia nem o que era o Carf”, disse Halysson.
Ele é acusado de extorsão e teria sido contratado pela SGR Consultoria Empresarial para ameaçar os lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, sócios da empresa de consultoria Marcondes e Mautoni, para pagarem propina relativa à aprovação de medida provisória que teria beneficiado a Mitsubishi do Brasil.
Marcondes, em depoimento à CPI, também optou pelo silêncio, mas confirmou com um gesto de cabeça ter sido ameaçado por Halysson, ao ser questionado pelo deputado Izalci (PSDB-DF).
Valadão, por sua vez, disse que nunca atuou no Carf. “Não sou tributarista, nunca atuei no Carf e não tenho o que colaborar”, disse.
Ele negou também ser sócio da empresa SGR, controlada pelo terceiro depoente convocado para a reunião de hoje da CPI, o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva.
José Ricardo se recusou a responder perguntas sobre as acusações que pesam sobre ele, mas disse que nem todas as empresas que recorrem administrativamente ao órgão contra autuações da Receita são sonegadoras. “O que acontece é que o sistema tributário é muito complexo”, disse.
Ele provocou irritação entre os deputados ao defender uma reforma tributária. “Fica parecendo que as falcatruas no Carf foram causadas pela complexidade tributária e não pela ação deles. Inverteram os valores aqui hoje. Silêncio é um direito constitucional, mas não dá para ouvir conselhos de quem está denunciado no Carf”, disse o deputado Pedro Uczai (PT-SC).
Acusações
José Ricardo, segundo o Ministério Público Federal, oferecia decisões favoráveis a empresas nos julgamentos do Carf. O pai dele, Eivany Antônio da Silva, é ex-auditor da Receita Federal e fundador da SGR. Também é investigado, acusado de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e extorsão.

De acordo com a Polícia Federal, José Ricardo e Valadão atuaram juntos em um esquema de compra de medidas provisórias e corrupção no Carf junto com o lobista Alexandre Paes dos Santos – que também ficou calado em depoimento à CPI. Eles teriam contratado Halysson para pressionar cúmplices que não teriam pago a comissão pelos resultados.

Os três depoentes de hoje foram dispensados depois de se recusarem a colaborar.
Requerimentos
Na mesma reunião, a CPI aprovou convite para que o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel preste depoimento sobre o funcionamento do Carf.
Maciel não é investigado e seu depoimento, pedido pelo deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), tem como objetivo subsidiar os trabalhos da comissão.
Da mesma forma também será convidado o coordenador-geral de Pesquisa e Investigação da Receita Federal, Gerson D’Agord Shaan, a pedido dos deputados Izalci (PSDB-DF) e Heráclito Fortes (PSB-PI).
A CPI também aprovou requerimentos apresentados pelo relator da comissão, deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), com solicitações de documentos a vários órgãos, como a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério Público a respeito de processos relativos a irregularidades no Carf.
Foi aprovado ainda requerimento do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que pede a transferência de dados relativos à quebra dos sigilos bancário e fiscal da empresa de consultoria Marcondes e Mautoni, dos lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, acusados de pagar propina a conselheiros do Carf em troca de decisões favoráveis a empresas devedoras.
Como o quórum da comissão estava baixo, o presidente da CPI, deputado Pedro Fernandes, decidiu não colocar em votação requerimentos mais polêmicos previstos na pauta desta reunião, como a convocação dos empresários André Gerdau, da Siderúrgica Gerdau, e Walter Faria, da Cervejaria Petrópolis.
As duas empresas teriam usado o serviço de lobistas para corromper conselheiros do Carf em julgamentos de recursos contra autuações da Receita.
As últimas tentativas de votar os requerimentos de convocação dos empresários não foram adiante por falta de quórum na CPI.

Política: Deputados avaliam primeiros atos tomados por governo interino de Michel Temer

Luís Alberto Alves

Alguns parlamentares acham que os planos são necessários para enfrentar a crise, enquanto outros falam em perdas de direitos. Declaração sobre tamanho do SUS teve críticas de governistas e oposicionistas, assim como possível recriação de CPMF.
Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Reunião de Temer com líderes partidários
No início da semana o presidente em exercício, Michel Temer, reuniu-se com líderes partidários
Os primeiros passos do novo presidente repercutiram toda a semana no Plenário da Câmara dos Deputados. Parlamentares que agora compõem a base de apoio ao governo interino destacaram medidas positivas, como a perspectiva de ajuste nas contas públicas. Quem é contra o governo, no entanto, denunciou perdas de direitos.
Algumas medidas foram consideradas impopulares por deputados de diferentes matizes: a possível recriação da CPMF – o imposto do cheque, cobrado nas movimentações financeiras – e as declarações sobre o tamanho do Sistema Único de Saúde (SUS).
O deputado Renato Molling (PP-RS) disse que o presidente interino Michel Temer está fazendo o “dever de casa” ao diminuir os custos da máquina pública com o corte nos ministérios. E disse que o Congresso tem responsabilidade com a governabilidade do interino, para que as propostas da nova gestão prosperem. “Temer não vai tirar direitos de ninguém, mas as reformas são necessárias, são importantes e têm que acontecer. Não existe nada de graça. O presidente Michel Temer prometeu emprego. E, para isso, todos nós precisamos colaborar, precisamos ajudar. E o Congresso é responsável também por isso”, afirmou o deputado.
A avaliação do líder da Rede, deputado Alessandro Molon (RJ), no entanto, é que as primeiras medidas anunciadas vão cortar direitos sociais. “São muitos retrocessos e muitos recuos”, disse o deputado, referindo-se a declarações de ministros desmentidas por Temer. Molon criticou cortes em políticas sociais da área de Educação, a extinção do Ministério da Cultura, e a falta de mulheres no primeiro escalão governista. “No fundo, nós começamos a ver o que isso está representando em termos de perdas para a população brasileira, em especial para a mais sofrida, em especial para a mais pobre”, condenou.
Já o deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA) criticou os cortes no Programa Minha Casa, Minha Vida, anunciado pelo novo ministros das Cidades, Bruno Araújo. “Este foi o primeiro corte efetivo em programas sociais realizado pelo governo de Michel Temer, que até ontem anunciava que não tocaria nos recursos para programas sociais”, criticou.
As críticas foram minimizadas pelo deputado Delegado Edson Moreira (PR-MG), para quem ainda é muito cedo para apontar erros do novo governo, que assumiu há uma semana. “Não sou da situação, muito menos da oposição, mas quero dizer que avaliar um governo de quatro dias é piada!”, comentou. Ele disse ainda que o novo governo não vai resolver problemas herdados do governo passado.
Relações Exteriores
A atuação do Ministério das Relações Exteriores, comandado por José Serra, foi alvo de críticas e elogios em Plenário. O deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) parabenizou a mudança na orientação da pasta, que divulgou nota condenado declarações contra o impeachment de governos da Venezuela, de Cuba, da Bolívia, do Equador e da Nicarágua, considerados aliados do PT. “Quero parabenizar a postura de José Serra. É preciso que façamos parceria com quem oferece coisas boas”, afirmou.
Serra também teve apoio do deputado Lobbe Neto (PSDB-SP). “Sentimos que agora é para valer, o Brasil poderá ser respeitado no exterior, em vários países, não só no Mercosul, não só em alguns países bolivarianos”, afirmou.
A decisão de Serra de conceder passaporte diplomático para o pastor da Assembleia de Deus Samuel Pereira, no entanto, foi criticada por alguns deputados. Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), chama atenção o fato de o pastor beneficiado ser citado pela Operação Lava Jato. “Um representante da Assembleia de Deus, citado na Operação Lava Jato, acusado de lavagem de dinheiro agora ganhou o passaporte pelos relevantes serviços que pode prestar ao País no mundo inteiro”, ironizou.
O líder do PCdoB, deputado Daniel Almeida (BA), também criticou a medida. “Qual foi o critério, qual foi a razão para uma das primeiras medidas do ministro das Relações Exteriores ser a concessão de passaporte diplomático a um acusado na Operação Lava-Jato? Querem proteger — só pode ser essa a leitura — aqueles que estão denunciados na Lava-Jato”, questionou.


Política: Eduardo Cunha diz que voltará a frequentar a Câmara na segunda-feira


Luís Alberto Alves

Em depoimento de sete horas de duração no Conselho de Ética, presidente afastado da Casa volta a afirmar que não possui contas no exterior
Reunião ordinária para oitiva do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que veio fazer sua defesa no colegiado, onde enfrenta um processo que pode resultar na cassação do mandato como parlamentar
Ao lado do advogado Marcelo Nobre (D), Eduardo Cunha mostrou aos deputados passaportes que usava nos anos 80 em viagens de negócios ao exterior
O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou nesta quinta-feira (19) que voltará a frequentar a Casa na próxima segunda-feira (23). Ao sair de reunião no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, onde depôs por cerca de sete horas, Cunha explicou a jornalistas que poderá ser encontrado no gabinete 510. “Eu estou suspenso do exercício do mandato e não do mandato”, disse, em referência à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o afastou em 5 de maio.
Cunha disse ainda estar certo de retornar à presidência da Câmara. “Vamos recorrer [da decisão]. Espero que os recursos sejam acolhidos, uma ação direta de inconstitucionalidade, um pedido de reconsideração. Nós vamos lutar, porque é uma decisão que eu contestei veementemente no dia em que foi adotada, por ser excepcional, sem previsão constitucional”, afirmou. “Eu comparo a distorções, como o senador Delcídio [o senador recentemente cassado Delcídio do Amaral], que foi preso e não teve o mandato suspenso.”
Antes, no Conselho de Ética, Eduardo Cunha já havia dito se sentir injustiçado com o afastamento imposto pelo Supremo e classificou o processo como de “natureza política”.
Sem contas no exterior
No Conselho de Ética, Cunha enfrenta um processo por quebra de decoro parlamentar, acusado de ter mentido, em depoimento em maio de 2015 à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, sobre a existência de contas bancárias de sua propriedade no exterior. Ao depor no Conselho nesta quinta, ele disse reiteradas vezes que não possui contas nem investimentos não declarados no exterior. Cunha reafirmou que é beneficiário de um truste na Suíça, e não proprietário de conta.
"Se eu possuísse investimentos, certamente eles estariam declarados. Eu sou beneficiário de um truste. O truste é o detentor do patrimônio, dos investimentos, dos resultados dos investimentos e das perdas, inclusive. Eu não possuo investimento não declarado. Os investimentos e o patrimônio não me pertenciam", disse Cunha em resposta ao relator do caso, deputado Marcos Rogério (DEM-RO).
Ele disse ainda não ser autorizado a movimentar os recursos do truste, que seria do tipo familiar, ou seja, quando se passa para uma administração de terceiros o patrimônio da família.
Marcos Rogério também questionou um possível crescimento de patrimônio do truste em mais de 100% em um ano. "Durante os anos, os saldos nessas contas continuaram subindo. Eram 2,4 milhões de dólares em 2009. Como o saldo continuou a subir se não houve aporte de recurso?" perguntou o relator, em uma comparação com o ano anterior. Cunha respondeu que os recursos têm valorização em épocas de mercado em alta.
Ele explicou que os seus recursos advêm de atividades de comércio exterior na década de 1980 e mostrou um passaporte que comprovaria diversas viagens à África há cerca de 30 anos, antes de ingressar na vida pública: "Era um período de inflação, havia dificuldades de várias naturezas. Era um outro Brasil. Assim o fiz e assim amealhei o patrimônio que foi depois doado ao truste. Eu não detinha vida pública naquele momento."
Depoimento a CPI
Segundo Eduardo Cunha, em 2015 havia apenas um truste do qual seria beneficiário, o Netherton. Ele se recusou a responder a perguntas referentes a outros dois trustes, o Orion e o Triumph, que já não existiam quando ele compareceu à CPI da Petrobras em 2015.
O presidente afastado também discordou de Marcos Rogério quando o relator afirmou que o truste é uma forma de investimento e quis saber por que Cunha havia optado por essa forma. "Eu não tenho forma de investimento. Solicito que as perguntas não sejam mais feitas em forma de afirmação. É uma opção pessoal de cada um dispor de seu patrimônio. Quando você detém o patrimônio, pode fazer o que quiser: doar, gastar, investir", afirmou Cunha.
Ele também disse que uma conta em nome de sua mulher, Claudia Cruz, seria exclusivamente de cartão de crédito. "Minha esposa não é deputada e não deve explicação ao Conselho de Ética", afirmou.
Segundo ele, o processo no Conselho de Ética tem “diversas nulidades e irregularidades” e faz parte de um jogo político.
Uma dessas nulidades e irregularidades seria um possível impedimento de Marcos Rogério para relatar o caso, em razão de o relator ter passado ao Democratas, que integra o mesmo bloco do PMDB de Cunha. Cunha anunciou que pedirá a impugnação do relator. "Peço substituição por nulidade que representa o descumprimento claro de artigo do Código de Ética. Isso será objeto de preliminar por mim arguida na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ)”, disse Cunha.
Sobre isso, o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), respondeu que Cunha ainda não fez a arguição e, quando fizer, haverá uma resposta sobre uma possível mudança de relator.
Cunha também disse não haver razão para culpá-lo pela demora da análise de seu caso no Conselho de Ética, que já dura seis meses. Ele é acusado de lançar mão de manobras para protelar o caso. “Querer me culpar pelo atraso no Conselho de Ética é me atribuir o que eu não fiz. Se querem ser céleres, cumpram a Constituição e o Regimento Interno. Tive sempre muito zelo em relação a isso.”
Governo Temer
Questionado durante o depoimento e também em entrevista coletiva ao fim da reunião, Cunha afirmou que não indicou “nem um alfinete” para o governo do presidente interino da República, Michel Temer, que é seu colega de partido (PMDB).
Prazo
Marcos Rogério deu um prazo de cinco dias úteis para a defesa de Cunha apresentar suas alegações finais antes do relatório. O advogado do presidente afastado, Marcelo Nobre, reclamou da decisão e disse que se tenta incluir no processo fatos que não estão na representação inicial. “Não posso agora ter cinco dias ou cinco minutos para defender ou me manifestar sobre coisas que não constam deste processo”, disse Nobre.
Rogério rebateu dizendo que o advogado estava antecipando a posição do relator: “O que a relatoria está fazendo é abrindo um prazo para a defesa se manifestar para não alegar surpresa. O prazo que é dado a vossa excelência é mais do que razoável. Vossa excelência poderá alegar tudo o que quiser. O processo é devolvido. Não há nenhuma manobra. Há uma homenagem ao princípio da ampla defesa.”
O relator terá até dez dias úteis para entregar o seu parecer com eventuais pedidos de punição.

Variedades: Raça, que conta a vida de Jesse Owens, estreia em junho




Stephan James revive trajetória de Jesse Owens, atleta que teve seu recorde olímpico mantido por 48 anos
 
O longa-metragem Raça, que estreia no dia 16 de junho no Brasil, é dirigido por Stephen Hopkins e também traz Jeremy Irons e William Hurt no elenco

O desafio estava lançado: reviver a trajetória de Jesse Owens, um dos maiores atletas da história nos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, Alemanha. E para dar vida a Raça (Race, Canadá/2016), que chega aos cinemas brasileiros no dia 16 de junho, o ator escolhido foi Stephan James (Selma: Uma Luta Pela Igualdade), recentemente reconhecido como estrela em ascensão no Festival Internacional de Toronto em 2015. 


O ator canadense, que já teve a honra de representar no cinema outras figuras importantes da história afro-americana, trouxe sensibilidade e dedicação ao enredo e impressionou a produção do longa, dirigido por Stephen Hopkins (Colheita do Mal, A hora do Pesadelo 5: O Maior Horror de Freddy, Predador 2: A Caçada Continua). A obstinação do ator teve como intuito fazer justiça ao estilo único e postura de Jesse Owens, reconhecido por sua determinação, coragem e foco.

James mergulhou profundamente no universo de Jesse Owens: “Eu não conhecia muito sobre Jesse; sabia quem ele era e tinha uma ideia geral do que tinha feito. Rapidamente percebi que sua história era muito mais profunda do que uma extraordinária mostra de atletismo. Raça permite que você entenda mais completamente a época, as circunstâncias e os conflitos em que ele vivia e navegava”, comenta o ator.

A corrida também passou a ser prioridade na rotina de James, que já era adepto de outros esportes como o basquete, futebol, futebol americano, kickboxing e atletismo. Foram vários meses de preparação com o treinador de atletismo da Georgia Tech, que possibilitou a sua entrada ao programa Owens, bem como sessões com o atleta olímpico canadense Hank Palmer, que contracenou com James em algumas cenas de corrida, e também aparece como irmão de Jesse, Quincy.

Jesse Owens foi o primeiro atleta afro-americano a ganhar quatro medalhas de ouro no atletismo em uma única edição dos Jogos Olímpicos: 100m, 200m, salto em distância e revezamento 4x100m, sendo o último um recorde. Em meio a um cenário de segregação e diversidade, o atleta demostrou que, invés de raça ou nação, a excelência individual distingue o homem. O recorde de medalhas de ouro em uma única olimpíada permaneceu inquebrável por 48 anos.

Para o ator, a vida do atleta é uma inspiração: “Jesse lutou e triunfou contra as adversidades de sua vida. Ele quebrou barreiras indo para Berlim correr nas Olimpíadas. Ele mudou o curso da história, não apenas quebrou recordes. Muitos dos atletas que vieram depois não teriam nenhuma chance sem ele”.

Antes de estrelar como o herói olímpico em Raça, Stephan James compôs o elenco deSelma: Uma Luta Pela Igualdade, de Ava DuVernay, um dos mais aclamados filmes dos anos recentes, em que recebeu uma indicação do Black Reel Award por sua atuação, e dividiu com seus colegas atores o prêmio Black Film Critics Circle por Melhor Montagem.