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| É preciso saber administrar o dinheiro | 
*Reinaldo Domingos
A partir do dia 25
de agosto, será liberada a primeira parcela do 13º salário dos  aposentados e pensionistas do Brasil, de
acordo com o calendário divulgado pelo Ministério da Previdência Social. Essa
injeção de dinheiro feita pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)
aquece a economia e, por isso, é preciso saber se os beneficiados sabem a
melhor forma de utilizar essa quantia.
 Sempre
alerto que independente da situação financeira, dinheiro extra não deve ser
utilizado para quitar dívidas e nem fazer novas compras, mas sim ser poupado,
destinando-o para a realização dos sonhos; até porque, o correto é conseguir
pagar as contas com o próprio orçamento e não depender de valores extras. No
entanto, boa parte da população não é educada financeiramente e, sendo assim, o
melhor a fazer é ter ciência da situação financeira para saber como agir.
 Assim,
antes de receber esse dinheiro, é importante que o aposentado faça um
diagnóstico de suas finanças e da família, ou seja, anote todos os gastos ao
longo de um mês, separando-os em categorias (alimentação, combustível,
vestuário, etc.). Dessa forma, verá exatamente com o que está gastando cada
centavo do dinheiro e onde está havendo excessos, para diminui-los ou até
cortá-los, se for o caso. Sabendo se é investidor, equilibrado ou inadimplente,
é mais fácil descobrir o que fazer com o 13º.
 O
primeiro perfil é aquele que já pode ser qualificado como investidor, mesmo que
pequeno. A opção mais indicada para utilizar o 13º é continuar investindo.
Cinquenta por cento do valor deve ser aplicado onde a pessoa já tem
investimento. Para o valor restante, uma boa pedida pode ser iniciar a poupar
para novos sonhos. Sempre alerto que o dinheiro tem que ter objetivos, podendo
ser uma reserva de emergência, uma viagem dos sonhos ou muitos outros, já que
nunca é tarde para sonhar.
 A segunda
opção de utilização do 13º é destinada aos consumidores equilibrados
financeiramente, isto é, não possuem dívidas, mas que também não poupam. Essa
situação de falsa estabilidade é muito preocupante, pois o aposentado acredita
poder utilizar o dinheiro para compras, e é aí que mora o perigo, qualquer
imprevisto financeiro fará com que se torne endividado. Uma boa opção é a de
iniciar uma reserva; o aposentado deve destinar ao menos uma parcela do
dinheiro recebido para este fim. O mais importante para este público, contudo,
é criar o hábito de poupar.
 A
situação mais preocupante é do inadimplente, isto é, pessoa que possui dívidas
e não consegue honrar com as mesmas. Lembrando que não é um problema possuir dívidas,
como parcelamentos, o problema começa quando não se consegue arcar com esses
compromisso.
Nesse caso, não se deve gastar imediatamente o
dinheiro para o pagamento dos credores, pois isso não solucionará o problema
com o dinheiro, apenas postergará. Como este último caso é o mais grave, veja
mais algumas orientações que preparei, para sair desta situação:
- Antes de sair
     negociando, é preciso ter pleno domínio do seu dinheiro, fazer um
     diagnóstico financeiro, registrando o que se ganha, o que se gasta e
     conhecer seu verdadeiro eu financeiro;
- Faça um
     apontamento de despesas diárias por tipo de gastos pelos próximos 30 dias.
     Esse é o caminho para que fique tudo mais claro, somente assim poderá
     cortar gastos e reduzir excessos;
- Muitas vezes, é
     importante dizer “devo, não nego, pago, como e quando puder”. Nunca se
     deve procurar um credor antes de ter domínio completo de seu dinheiro;
- A portabilidade
     é uma das ferramentas para reduzir o endividamento, procure por linhas de
     créditos mais baixa, mas é importante frisar que isso não resolve a causa
     do problema;
- No planejamento
     para pagar as dívidas, priorize as que têm os juros mais altos, geralmente
     as de cartão de crédito e cheque especial;
- Na hora de
     negociar, se for parcelar as dívidas, tenha certeza de que as mesmas cabem
     em seu orçamento;
- Saiba que, para
     pagar as dívidas atrasadas, terá que repensar seu padrão de vida, pois, se
     já se endividou com o que ganha, será ainda mais difícil nos próximos
     meses com as parcelas;
- Não existe uma
     porcentagem exata de quanto terá que direcionar para pagar as dívidas,
     isso dependerá do diagnóstico financeiro feito previamente;
- Estabeleça uma
     estratégia para sair do endividamento, conhecendo detalhadamente os
     credores, valores e taxas de juros;
- Dois fatores
     levam ao endividamento, são eles: o crédito fácil, conjugado com a
     competente propaganda. Por isso, cuidado para não comprar o que não
     sonhava, com o dinheiro que você não tem, para impressionar, muitas vezes,
     até mesmo quem você não conhece;
- As facilidades
     de créditos, como limite de cheque especial, cartão de crédito e
     crediários, têm sido verdadeiros vilões nessa ciranda do endividamento e
     inadimplência;
- Principalmente
     para os aposentado, é importante não “emprestar” seu nome para que
     parentes e amigos façam dívidas. Se eles não podem usar o próprio nome, é
     porque provavelmente já estão com problemas de endividamento;
- Procure guardar
     dinheiro para comprar à vista e com algum desconto. O sonho da
     independência financeira passa por respeito ao dinheiro, entender que ele
     é meio e não fim;
- Quem compra a
     prazo, paga juros, quem paga juros, paga mais caro e tem dívidas e, quem
     tem dívidas, realiza menos sonhos.
*Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da
DSOP de Educação Financeira e da Editora DSOP, autor dos livros Terapia
Financeira, Eu Mereço Ter Dinheiro, Ter Dinheiro não tem Segredo, Livre-se das
Dívidas, da primeira Coleção Didática de Educação Financeira no Ensino Básico,
e das séries infantis O Menino e o Dinheiro e O Menino do Dinheiro, todos pela
Editora DSOP.