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| A mentira do falso suícidio tramado pela ditadura militar de 1954 |
Radiografia da Notícia
Os ditadores não imaginavam que a morte de Vlado iria se
tornar grande dor de cabeça para o Regime
Luís Alberto Alves/Hourpress
O dia 25 de outubro de 1975 caiu num sábado, igual em 2025,
50 anos depois da tragédia que se abateu sobre a família Herzog. Naquele dia, o
jornalista Vladimir Herzog compareceu à sede do DOI/Codi, que funcionava nas esquinas
da Rua Tutoia com Tomaz Carvalhal no bairro paulistano do Paraíso, Zona Sul.
No início daquela tarde, Herzog estaria morto por causa das
torturas que sofreu para que confessasse planos que o então Partido Comunista
tinha, conhecido como partidão, para continuar combatendo o regime militar que
havia derrubado o presidente eleito diretamente João Goulart, em 1964.
Os ditadores não imaginavam que a morte de Vlado iria se
tornar grande dor de cabeça para o Regime. Para tentar encobrir o assassinato
forjaram uma foto dele sentando como se estivesse praticado suicídio ao se
enforcar. Detalhe: ninguém se enforca sentado!!
Assassinado
Judeu, a notícia correu rápido entre a comunidade de que ele
era suicida e deveria ser sepultado numa ala destinada a este tipo de morto. Na
época, o rabino Henry Sobel foi até o IML (Instituto Médico Legal) para
preparar o corpo para o enterro. Porém, constatou que os ferimentos no cadáver
de Vlado não eram típicos de suicídio. Constatou que ele fora assassinado.
A notícia se propagou rapidamente entre as redações de
jornais, revistas, rádio e televisão. O enterro ocorreu sob olhares de agentes
da repressão, com alguns deles fazendo o papel de coveiro para colocar
rapidamente o caixão na sepultura. Uma semana depois, por intermédio do
presidente do Sindicato dos Jornalista de SP, Audálio Dantas, ocorreu ato ecumênico
na Catedral da Sé.
O arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns, junto com o reverendo
James Wright e o rabino Henry Sobel
conduziram o culto que reuniu mais de 8 mil pessoas. Mesmo sob ameaças das
Forças Armadas milhares de pessoas se dirigiram até a Praça da Sé. Os bloqueios
no trânsito, não impediram que elas descessem dos seus carros e continuasse a
pé o trajeto. Era o tapa no rosto dos ditadores. Em 1978, a Justiça Federal condenou a União pela
morte de Vlado.
Luta
Nesses 50 anos, a viúva Clarice Herzog e seus dois filhos e
demais amigos da família lutaram para mostrar ao Brasil, que Vlado tinha sido
assassinado por discordar do regime ditatorial que matou inúmeros brasileiros
por exigir democracia. Sofreram ameaças, mas continuaram firmes na luta por
esse ideal. Passados meio século, fica a certeza que a morte de Vlado não foi
em vão, assim como de milhares de brasileiros que perderam as suas vidas nas
mãos de torturadores que ainda
permanecem livres sem sentir o peso das mãos da Justiça.

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