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Crônica: Igual peixe, algumas pessoas morrem pela boca

Divulgação Ficava vidrado ao cortar o torresmo e ver a gordura escorrer no prato Astrogildo Magno Juca adorava comida gordurosa. Fã de...

domingo, 7 de abril de 2024

Crônica: Igual peixe, algumas pessoas morrem pela boca

Divulgação


Ficava vidrado ao cortar o torresmo e ver a gordura escorrer no prato

Astrogildo Magno

Juca adorava comida gordurosa. Fã de torresmo de rolo, encomendava num boteco da Zona Norte de SP, às vezes 2 kg desta iguaria. Ficava vidrado ao cortar o torresmo e ver a gordura escorrer no prato. Dizia que falta de gordura no seu prato era comparado a casamento sem sexo. Recusava os conselhos dos médicos alertando para o risco de doenças cardíacas provocadas pelo alto consumo de carne com excesso de gordura.

Com 1,90 metro de altura, braços e pernas musculosos, conseguia correr 20 quilômetros todos os dias, antes de enfrentar o congestionamento da Avenida Tiradentes rumo ao Centro de SP. A sua saúde era de ferro. Na cama, a esposa Cintia reclamava do seu apetite amoroso. Não dava sossego para ela, mesmo após mais de 25 anos de casados e dois filhos jovens. Ambos gerados nas calorosas noites de amor.

Porém na vida existem surpresas, principalmente as desagradáveis, daquelas que retiram a alegria do nosso caminho. Mesmo quando tentamos evitar sentir esse amargo sabor, ele insiste e permanece em nossos lábios. Logo começou a sentir dormência no rosto, braços e pernas; tinha confusão e dificuldade para falar ou para entender, enxergar com um ou ambos os olhos e passou a apresentar perda de coordenação. Juca começou a pagar o preço dos abusos cometidos na hora de comer e igual peixe corria o risco de morrer pela boca....

Astrogildo Magno é cronista

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