O primeiro fator é mudar nossa postura
*Dora Ramos
Quando pensamos em organizar nossas finanças, normalmente começamos com a frase “Eu não quero mais ser inadimplente". Acredito que em algum momento de nossas vidas já ouvimos alguém dizer que o cérebro não registra a palavra "não". Partindo desta premissa, ao dizermos, ou pensarmos, que "não queremos ser mais ser inadimplentes”, nosso cérebro pode ter mais dificuldade em mudar a conduta.
- Mudança na postura: o primeiro fator é mudar nossa postura, afirmando "Eu vou ser cada vez mais Adimplente". A pessoa que cumpre seus acordos e/ou obrigações. O aspecto mental é pouco levado em consideração, sempre que se fala sobre organização financeira e pessoal. Quando mudamos nossa conduta e afirmamos que queremos ser adimplentes, estamos dando o primeiro passo em direção à nossa organização financeira. Estamos assumindo um compromisso com nós mesmos. Querer ser adimplente é determinar que queremos sair da situação atual de dívidas. E para isso, temos que saber o que nos torna devedores, quem são nossos credores e quanto estamos devendo.
- Levantamento: Fazer o levantamento dessa situação financeira atual é nosso segundo passo. Separar as dívidas, verificar o tamanho de cada uma delas e quais tem mais possibilidades de serem cumpridas, ou sanadas de acordo com nossa situação atual de receita/ganho. Desta forma, será possível saber qual nossa real situação de compromissos ou dívidas até o momento. Diante disso, saber nossa real receita. E lembrando que Crédito não é receita.
- Ganho x Receita: o quanto eu ganho e qual é minha receita? Nossa realidade é que, além de nossas dívidas, temos nossos compromissos e nossas despesas mensais. Estas, inevitavelmente, precisam ser cumpridas, como alimentação, aluguel, luz, escola, academia ou plano de saúde.
- Despesas e Decisões: o quarto passo é apurar minhas despesas mensais. Despesas que são prioritárias para que eu me mantenha em equilíbrio. Com essas respostas, chegou a hora de tomar decisões e escolher o caminho para quitar/negociar as dívidas. Como reduzir consumo de luz e água? Como evitar desperdício de comida? Quais os mercados mais baratos para consumir? Como gastar menos com transporte? Tudo isso deve ser analisado sempre.
- Neste momento, vale à pena analisar a possibilidade de verificar onde podemos obter créditos que sejam mais baratos, ou menos onerosos que os que tenho atualmente. Pode ser migrar de um banco para outro, ou conseguir empréstimo com um familiar ou amigo. Lembrando que esta negociação, precisa se encaixar na minha realidade financeira. Ou seja, não posso me comprometer além da minha capacidade financeira atual, deixando por exemplo de cumprir meus compromissos fixos. Para quem é empregado, uma possibilidade é usar as férias, ou quem sabe conseguir um empréstimo junto ao empregador.
Estes são apenas alguns pontos a serem adotados para se iniciar uma mudança mais ampla na sua vida financeira. Não existe uma receita pronta que sirva para todos. O caminho é saber qual sua realidade e, dentro dela, encontrar a melhor alternativa. O mais importante é que você se mantenha firme no propósito, mesmo que, inicialmente, seu cenário pareça sem solução.
*Dora Ramos é contadora e orientadora financeira com mais de 30 anos de experiência. Empreendedora desde os 21 anos, é CEO da Fharos Contabilidade e Gestão Empresarial.
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