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quinta-feira, 7 de março de 2019

Variedades: Motivos para Vai-Vai cair para o grupo de acesso do carnaval de SP



Meu último desfile pela Vai-Vai em março de 1987, na Avenida Tiradentes

Foi esta cozinha que numa tarde de domingo, acompanhou a voz da Mangueira, Jamelão


Luís Alberto Alves/Hourpress

Década de 1980. Época que o samba ganhava grande espaço nas rádios FMS usando o codinome de pagode, que nunca foi um gênero musical, trata-se de uma reunião de sambistas onde são tocadas diversas canções. Nas quadras das escolas virava rotina o pessoal colocar uma mesa rodeada de vários experts na arte de versar e ficavam várias horas cantando sambas que dificilmente ganhariam as paradas de sucessos.

Com meus 20 e poucos anos frequentavam muito a quadra da Vai-Vai no bairro do Bixiga, região central de Sampa. O clímax começava no final da tarde de domingo e só terminava perto das 10h da noite. Quantas vezes ouvi Geraldo Filme, Talismã, Osvaldinho da Cuíca, Branca di Neve em início de carreira-solo suingando suas músicas no violão e a voz rouca que explodiu em todo o Brasil com o hit “Boca Louca”, autoria do cobrador de ônibus da então CMTC, Zelão.

Era a Vai-Vai sob comando do folclórico Chiclé, apelido de José Jambo, que dirigia a alvinegra do Bixiga com carinho e competência. Tempo de alegria e união. Todos trabalhavam em prol da escola, sem vaidade. Caso o carro alegórico quebrasse na passarela da Avenida Tiradentes, até compositor ajudava empurrar. Não tinha estrelas.

Lembro-me do duelo de cavaquinho e banjo entre os já falecidos Macalé e Mário Sergio, que tocou muito anos no grupo Fundo de Quintal. Um fazia a base e outro dedilhava solos de massagear os ouvidos dos amantes dos bons sambas. Nisto ninho de bambas me contentava em tocar tamborim. Foi esta cozinha que numa tarde de domingo, acompanhou a voz da Mangueira, Jamelão. Pegou o microfone, sem dizer o tom da música e despejou várias pérolas da Velha Guarda. Desceu contente do pequeno palco existente no interior da quadra da Vai-Vai. Ninguém errou os acordes de suas canções.

Já faz 23 anos que me afastei para sempre do Carnaval. Porém me surpreendi com o rebaixamento da Vai-Vai para o grupo de acesso, onde já estão Camisa Verde e Branco, Nenê de Vila Matilde e Leandro de Itaquera. Talvez seja a falta deste companheirismo existente na década de 1980 e amor pela alvinegra do Bixiga que a mergulhou nesta crise. Pelo noticiário percebo que a atual administração é alvo de investigação do Ministério Público por suposto desvio de verba liberada pela Prefeitura. Não sou ingênuo a ponto de crer que todos são santos ali dentro, mas humildade nunca provocou danos em ninguém. E pelo visto ela anda em falta na atual Vai-Vai.

https://www.youtube.com/watch?v=lTN0oRhMsqc

https://www.youtube.com/watch?v=ejThlTcGLKc

https://www.youtube.com/watch?v=HgQdBhoI5HM

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