Superlotar os presídios não ajuda reduzir a criminalidade |
Luís Alberto Alves
A defensora pública da União Tatiana Melo
Aragão Bianchini analisou, em comissão geral sobre segurança pública no Plenário
da Câmara dos Deputados, a situação do sistema prisional no País, que, segundo
ela, tem reflexos diretos na violência.
Ela apresentou dados de diagnóstico do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 2014, segundo o qual há no Brasil
563.526 presos, sem incluir os que estão em prisão domiciliar, para um total de
357.219 vagas no sistema prisional. “É evidente a superlotação”, disse,
lembrando que o mesmo diagnóstico aponta que existem 373.900 mandados de prisão
em aberto no País. “Há mais mandados de prisão em aberto do que vagas nos
presídios”, continuou.
Ao citar um levantamento internacional que
colocou o Brasil entre os países mais inseguros do mundo, a defensora pública
foi enfática: “O encarceramento em massa não está sendo eficaz para reduzir a
criminalidade no Brasil”. Para ela, a situação atual leva a um embrutecimento
do preso, e não à reeducação, como prevê a lei. “A reincidência no crime chega
a 70%”, alertou.
Diante deste quadro, Tatiana Bianchini apelou
para que o Congresso não eleve penas de prisão, como previsto em muitos
projetos, mas sim estimule a adoção, pelo Judiciário, de penas alternativas.
Ela também sugeriu a redução dos casos de prisão temporária, pedindo ainda que
seja proposto um tempo máximo para esse tipo de detenção.
Homicídios
O coordenador de projeto do Instituto Sou da Paz, Marcelo Fragano Baird, criticou o número de homicídios no Brasil, que se assemelha aos casos de mortes em guerras. Ele defendeu a criação de um plano que promova a redução dos casos, com metas definidas e sistemas de avaliação.
O coordenador de projeto do Instituto Sou da Paz, Marcelo Fragano Baird, criticou o número de homicídios no Brasil, que se assemelha aos casos de mortes em guerras. Ele defendeu a criação de um plano que promova a redução dos casos, com metas definidas e sistemas de avaliação.
Baird cobrou ainda a melhoria na capacidade de
investigação da polícia, já que atualmente apenas 8% dos casos de homicídio são
solucionados. Também defendeu uma redução da letalidade e da vitimização das
forças policiais.
Por fim, o representante do Instituto Sou da
Paz criticou tentativas, no Congresso, em busca da revogação do Estatuto do
Desarmamento. “Isso é inadmissível”, afirmou, defendendo uma maior fiscalização
no País e apontando que 70% dos homicídios no Brasil são cometidos por armas de
fogo.
Prisões temporárias
O desembargador Alexandre Victor de Carvalho, representando a Associação dos Magistrados Mineiros, alertou para o respeito às garantias constitucionais em relação aos presos. Segundo ele, é grande a pressão sobre os juízes para que convertam prisões em flagrante em temporárias.
O desembargador Alexandre Victor de Carvalho, representando a Associação dos Magistrados Mineiros, alertou para o respeito às garantias constitucionais em relação aos presos. Segundo ele, é grande a pressão sobre os juízes para que convertam prisões em flagrante em temporárias.
“As prisões
estão abarrotadas de presos temporários”, alertou, destacando que, em Minas
Gerais, quase metade da população carcerária é formada por presos temporários.
“É necessário pensar uma política de segurança pública que não seja
contraditória, que respeite as garantias constitucionais, mas também assegure a
tranquilidade da sociedade”, disse.
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