O garoto Marcelo Pesseghini não teria cometido suícidio como sustenta a polícia paulista |
Em 1996, diversas autoridades sustentaram a tese de que Suzana matou PC Farias e depois se suicidou |
Luís Alberto
Caju
Na avaliação do médico legista e professor da
Universidade Federal de Alagoas, e também coronel da PM, George Sanguinetti, o
filho do casal de Pms paulistas, Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13, também
foi executado junto com os pais, o sargento da Rota, Luís Marcelo Pesseghini,
40, a cabo Andreia Pesseghini, 35, juntamente com a avó Benedita de Oliveira
Bovo, 67, e a tia avó Bernadete Oliveira da Silva, 55, na segunda-feira passada
(5) em Vila Brasilândia, Zona Norte de SP. O delegado Itagiba Franco, do DHPP
(Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), afirma que o adolescente
cometeu a chacina e se matou depois.
Sanguinetti tornou-se conhecido ao refazer o
laudo das mortes de Paulo Cesar Farias (braço direito do então presidente
Fernando Collor de Mello no começo da década de 1990) e sua amante Suzana
Marcolino assassinados em 1996, mas que a polícia tratava como homicídio
seguido de suicídio. O trabalho do legista alagoano resultou na reabertura do
caso, levando a júri os Pms, que eram seguranças de PC Farias, como acusados das
duas mortes. Assim como hoje, na época a maioria das autoridades defendia a
tese de que Suzana Marcolino matou Paulo Cesar Farias e depois tirou a própria
vida.
De acordo com ele, nas fotos publicadas em
diversos jornais do País, é visível que os dois policiais e o menino foram
assassinados. Sanguinetti ressalta que da maneira que o corpo de Marcelo caiu,
com a mão direita em cima do lado esquerdo da cabeça e o braço esquerdo dobrado
para trás, com a palma da mão esquerda aberta para cima, não condiz com a
posição de um suicida, mas com a de alguém que foi executado. Outro detalhe
chama atenção: a pistola .40, usada para cometer a chacina, iria aparecer em
cima da cama ou próximo aos joelhos do adolescente.
Janela da
casa teve cadeado arrombado
Para intrigar mais ainda, o filho de
Bernadete Oliveira da Silva, 55, tia avó de Marcelo, uma das vítimas, Sebastião
de Oliveira Costa, entregou ao delegado Itagiba Franco, durante depoimento
prestando ontem (12) no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa),
uma suposta cópia da chave da casa onde ocorreu a chacina. Uma das janelas da
residência tinha o cadeado arrombado, provavelmente por onde o assassino que
matou as cinco pessoas entrou.
Se de fato o sargento da Rota, Luís
Pesseghini pode ter morrido 12 horas antes, o homicídio teria ocorrido por volta da
meia-noite do domingo, quando alguém saiu da casa com o carro da cabo Andreia e
o deixou estacionado próximo da escola onde Marcelo estudava. O DHPP já sabe
que naquele dia a família fez um churrasco e consumiu cerca de 20 latinhas de
cerveja. Com a hipótese que cada pessoa (Andreia, o marido Luís, a avó Benedita
e a tia avó Bernadete) tenha ingerido cinco latinhas naquela tarde, não se
sustenta a tese de que a cerveja provocou a sonolência impedindo a reação
quando ocorreu o ataque.
Na segunda-feira (5), o sargento Luís
Pesseghini iria viajar numa missão especial com diversos soldados da Rota (Rondas
Ostensivas Tobias de Aguiar) até a cidade paulista de Presidente Wenceslau,
onde está presa a cúpula de uma facção criminosa de SP. Naquela mesma semana, o
coronel César Augusto Morelli, comandante da tropa de choque, da qual faz parte
diversos policiais da Rota, foi demitido do cargo, que ocupava há dois anos.
Entre as três razões que pesaram no corte de sua cabeça, estava o envio de
equipes sob seu comando para ações no Interior de SP, sem aviso ao secretário.
Será que a missão que o sargento Pesseghini iria fazer em Presidente Wenceslau
era de conhecimento do secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira?
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