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Crônica: Surpresas desagradáveis pregadas pelo tempo

Pixabay   Os seus quatro filhos se encontravam bem encaminhados Astrogildo Magno O   tempo não preocupava Justino. Não dava bola para ...

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Crônica: Quando o amor é presente com força total

 .   Pixabay


À noite a dose se repetia quando se preparavam para dormir

Astrogildo Magno

Carole e Nilo eram duas pessoas que se amavam muito. Não conseguiam ficar sem conversar durante o dia. A todo instante as mensagens chegavam no Whatsapp ou mesmo chamada de vídeo. A paixão entre eles era algo que causava até inveja no restante dos colegas e amigos. Ficar distante jamais ocorria. Visto que saiam juntos sempre.

Carole, negra de olhos verdes e corpo escultural, deixava Nilo maluco logo de manhã quando acordava. O café da manhã, todos os dias era colocar o seu amado dentro dela. Quando o cansaço dele não deixava, ela atacava de sexo oral. Sem fazer amor jamais ficava. Á noite a dose se repetia quando se preparavam para dormir.

Troca

Nilo, filho de alemães, tinha porte atlético e olhos azuis que faziam sucesso entre o público feminino. Quando o casal estava em algum local, logo despertava atenção por causa do contraste de cores: Carole negra e Nilo branco, de cabelos loiros. O entrosamento entre ambos estava na ordem do dia. Uma troca de olhar já servia de comunicação.

Nesta batida, os dois já tinham 20 anos de casamento. Ele arquiteto, Carole artista plástica. Nunca tomavam decisão sem conversar com o outro. Qualquer negócio só se tornava realidade com aval dos dois. O diálogo era a marca registrada. Numa manhã ensolarada, Nilo não conseguiu fazer amor com a sua amada. Ele tentou acordá-lo, mas logo descobriu que Nilo estava num sono que nunca mais despertaria....

Astrogildo Magno é cronista

Variedades: Carla Prata revela Erika Schneider como sua dupla

Lucas Rodrigues


 Radiografia da Notícia

* Após o anúncio desta grande parceria, filho de Fausto Silva confirma que irá participar de um dos episódios

A apresentadora falou um pouco sobre a doença autoimune que é portadora 

Carla Prata contou um pouquinho de como começou esse amor pelo Carnaval 

Redação/Hourpress

 Apresentadora Carla Prata participou do Programa do João Silva, exibido pela Band,  na noite de sábado, dia 02 de dezembro.

Comemorando o Dia Nacional do Samba, o filho de Fausto Silva convidou para um papo descontraído as apresentadoras Carla Prata e Erika Schneider, duas apaixonadas por carnaval, que já desfilaram tanto no Anhembi quanto na Sapucaí,  o cantor Dudu Nobre e o jogador de futebol Edilson. 

Para abrilhantar ainda mais estiveram presentes integrantes da Acadêmicos do Tucuruvi, escola onde Carla é Rainha de Bateria.

Carla Prata contou um pouquinho de como começou esse amor pelo Carnaval e como era a transmissão dos desfiles na televisão, quando assistia atentamente e acompanhava cada detalhe  juntamente com sua avó. A apresentadora falou um pouco sobre a doença autoimune que é portadora e aproveitou ainda para fazer um alerta para os telespectadores sobre a importância de ter um diagnóstico correto para um tratamento certeiro.

Muito à vontade, Carla e Erika mostraram um grande entrosamento e caíram no samba. As duas, que já foram bailarinas do Faustão, muito felizes, compartilharam também a  novidade que apresentarão juntas a segunda temporada do Pod Trash, que é um podcast exibido no Youtube sobre desafios dos relacionamentos atuais e histórias “trashs” vivenciadas pelos convidados. 

Já imaginou o João Silva em um episódio? Pois bem, durante o programa exibido em horário nobre e nacionalmente, o apresentador  já confirmou sua presença! Agora é só aguardar e ficarem  ligadinhos nas novidades que virão.

Variedades: DJ Gio Marx divulga o clipe da faixa "Tarde Pra Dizer Não"


 Radiografia da Notícia

O som faz parte do álbum “Baile”, que vem sendo construído single-a-single

*  As misturas e influencias, deve-se pelo próprio perfil do artista

Redação/Hourpress

O DJ Gio Marx convidou os conterrâneos sul-mato-grossenses Gf Gahiji e Dafront para a faixa “Tarde Pra Dizer Não”. Confira o vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=92rM8fNuOhI

O som faz parte do álbum “Baile”, que vem sendo construído single-a-single. “Quero fazer músicas dançantes, sigo nessa linha atual com influência de trap, boombap, e música latina”, explica Gio sobre o projeto.

As misturas e influências, deve-se pelo próprio perfil do artista. Nascido em Campo Grande (MS), Gio Marx é produtor musical e DJ profissional desde 2008.

Seja tocando com algum artista, dando aula ou participando de campeonatos, Gio Marx é um DJ completo que já se apresentou em diversos lugares do Brasil e da América do Sul, incluindo Paraguai, Colômbia e Bolívia.

Gio Marx faz parte do time da A Braba Records, liderada pelo músico, produtor e empresário, Dachuva. Juntos, recentemente, lançaram um disco de vinil, tendo no lado A o single “Corpo Quente” (Dachuva) e no outro, “Baile”. 

Variedades: Forfun esgota ingressos no Rio de Janeiro em 30 minutos

Divulgação


 Radiografia da Notícia

A prova é que em  apenas 30 minutos os ingressos para o show da turnê NÓS no dia 24 de janeiro, no Rio de Janeiro, esgotaram!

No dia 9 de agosto, o Forfun faz show em São Paulo, no Allianz Parque, e restam poucas entradas disponíveis para essa apresentação

Agora, sobe para três o número de apresentações em 2024, ano em que a banda completa 23 anos

Redação/Hourpress

O anúncio do retorno de um dos grupos mais queridos e populares do Brasil, o Forfun, mexeu com a cabeça dos fãs. A prova é que em  apenas 30 minutos os ingressos para o show da turnê NÓS no dia 24 de janeiro, no Rio de Janeiro, esgotaram! E assim, a produtora 30e e os músicos do Forfun trazem uma novidade: data extra na Cidade Maravilhosa no dia 25 de agosto, também na Marina da Glória. No dia 9 de agosto, o Forfun faz show em São Paulo, no Allianz Parque, e restam poucas entradas disponíveis para essa apresentação.

Os ingressos para data extra da turnê NÓS no Rio de Janeiro estavam disponíveis a partir das 16h de ontem (6/12) na Eventim ou nas bilheterias oficiais (mais informações abaixo). As poucas unidades para a apresentação em São Paulo também estão disponíveis.

Com shows produzidos pela 30e, o Forfun retorna aos palcos depois de um hiato de nove anos. A turnê NÓS está fundamentada em quatro pilares principais: alegria, otimismo, união e reflexão, justamente o que os integrantes do Forfun pretendem levar para seu público. Agora, sobe para três o número de apresentações em 2024, ano em que a banda completa 23 anos de estrada.

“O Forfun nasceu para cantar uma vida de alegria, otimismo, reflexões e entusiasmo. Acreditamos que cada um de nós é capaz de transmitir essas mensagens individualmente, mas só os quatro juntos são capazes de transformá-las  em uma ação potente o suficiente para mudar a vida das pessoas”, afirmam os integrantes da banda ao anunciar o retorno aos palcos.

"Fizemos turnês longas em 2023 com artistas nacionais. No caso do Forfun, será como abrir um portal para ter acesso àquele repertório e àqueles quatro integrantes juntos em poucas ocasiões. Mesmo parados enquanto banda, o Forfun tem uma conexão muito forte com os fãs, estamos ansiosos para presenciar esse reencontro", afirma Caio Jacob, Vice-Presidente de Global Touring & Festivals da 30e.

Apesar de ter anunciado o fim de suas atividades em junho de 2015, o Forfun  até hoje  mantém um lugar cativo na memória dos fãs. Tanto que, ao lançar, em fevereiro de 2021, o primeiro disco oficial da carreira, “Teoria Dinâmica Gastativa”, nas plataformas de streaming, Forfun foi parar nos Trending Topics do X (Twitter). Em 2022, a banda lançou o DVD “Forfun ao Vivo na Fundição”, com transmissão ao vivo no canal oficial da banda no YouTube. O show foi originalmente gravado em dezembro de 2015, na apresentação de sua turnê de despedida, na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. Este foi outro grande sucesso na trajetória do grupo, e que deixou os fãs ainda mais ansiosos por novas surpresas.

Criado em 2001 por Danilo Cutrim (voz e guitarra), Vitor Insensee (teclados, guitarra e vocal de apoio), Nicolas Fassano (bateria) e Rodrigo Costa (baixo e vocal de apoio), o Forfun marcou uma geração. Em 2008, o quarteto lançou o álbum Polisenso, em que começou a experimentar mais ritmos latinos, africanos e jamaicanos. E foi justamente com esse álbum que, em 2009, a banda recebeu o prêmio de “Melhor Banda de Rock” no Video Music Brasil, da MTV. O disco fez muito sucesso na internet, totalizando mais de 800 mil downloads na época.

No final de 2012, outro marco na história do quarteto: os integrantes promoveram um crowdfunding (vaquinha virtual) para conseguir realizar a gravação de seu primeiro DVD. O pedido teve tanto sucesso que acabou batendo o recorde brasileiro de maior arrecadação alcançada em um projeto musical e mostrou a força que Forfun tem com seus fiéis fãs, que certamente será demonstrada nessas duas apresentações marcadas para 2024. “Nos sentimos realizados quando juntos trocamos vibrações de alegria, otimismo e união com as pessoas”, finaliza o grupo Forfun.

Serviço: 

Turnê NÓS
Produção: 30e

SÃO PAULO
Data: 9 de Agosto de 2024
Local: Allianz Parque
Horário de Abertura da casa: 16h
Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.

Geral: Indígenas do RS vivem disputa em meio a grupos criminosos, diz Cimi

    EBC


Radiografia da Notícia

Após episódios de violência, governo consulta comunidade sobre comando

* A disputa pela liderança da terra indígena está associada a outras ilegalidades

Cada hectare equivale, aproximadamente, às medidas de um campo de futebol oficial

Agência Brasil 

O Ministério dos Povos Indígenas e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) farão, nos próximos dias 10 e 11, consulta à comunidade guarani e kaingang, que vive na Terra Indígena Cacique Doble, no noroeste do Rio Grande do Sul, próximo à divisa com Santa Catarina, que tem sido palco de violenta disputa entre grupos indígenas rivais que brigam pela liderança da reserva. 

Em nota enviada à Agência Brasil, a fundação informou que o objetivo da consulta é discutir a questão da “representação democrática da comunidade” com os cerca de 815 indígenas que vivem na reserva de 4,4 mil hectares, homologada em 1991 como área da União de usufruto exclusivo indígena. Cada hectare equivale, aproximadamente, às medidas de um campo de futebol oficial. Os servidores do ministério e da fundação ingressarão na terra indígena acompanhados por agentes da Força Nacional de Segurança Pública.

Em entrevista à Agência Brasil, o advogado e membro do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Roberto Liebgott, afirmou que parte dos moradores da terra indígena é refém de grupos organizados que, além de arrendar terras ilegalmente, são suspeitos de ligações com outras atividades criminosas.

“É uma situação grave”, afirmou Liebgott, ao comentar as causas e consequências da disputa que se arrasta há mais de um ano; causou ao menos duas mortes e alterou a rotina do município. “A população indígena de Cacique Doble se tornou refém de grupos organizados que arrendam terras e que têm ligações com outras práticas criminosas. É uma comunidade extremamente oprimida e que não vislumbra saída”, acrescentou Liebgott, um dos colaboradores do Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, que o conselho indigenista vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga anualmente.

Conforme a Agência Brasil noticiou nesta terça-feira (5), o conflito na área indígena se arrasta há tempos, mas se intensificou a partir de agosto de 2022, quando quatro moradores da reserva foram baleados. Apesar da Força Nacional de Segurança Pública estar presente na região desde setembro do ano passado e da Polícia Federal ter realizado ao menos uma grande operação para tentar “reestabelecer a ordem pública e apurar a autoria e circunstâncias de sucessivos crimes graves”, a disputa transpôs os limites da reserva.

Na semana passada, ao menos 12 pessoas precisaram ser hospitalizadas devido a uma briga generalizada durante a abertura de um tradicional evento natalino. Autoridades locais atribuíram a confusão aos mesmos dois grupos que disputam a liderança da terra indígena e a prefeitura determinou a suspensão de eventos públicos que promovam aglomerações na cidade. Escolas chegaram a suspender aulas e reprogramar eventos acadêmicos. 

Na última segunda-feira (4), uma menina de 13 anos morreu após ser atingida por um projétil durante um tiroteio no interior da terra indígena. Outras duas pessoas, uma adolescente de 15 anos e um rapaz de 23 anos, também foram baleados e hospitalizados. “Só queria que alguém fizesse alguma coisa, [pois] está muito difícil para nós [no interior da terra indígena]. É tiro todo dia, toda noite”, disse a tia da adolescente morta. O tiroteio ocorreu dois dias após mais de uma dezena de casas serem incendiadas na reserva. Acionados, os bombeiros voluntários alegaram não ter segurança para ingressar na área e combater as chamas.

Ainda segundo Roberto Liebgott, a situação em Cacique Doble tem raízes históricas, sendo uma das consequências da desagregação social dos povos originais. “Em dado momento, o SPI [Serviço de Proteção aos Índios, órgão federal que, em 1967, deu origem à Fundação Nacional dos Povos Indígenas – Funai], que era comandado por militares, passou a influir e conceder o poder sobre algumas terras indígenas. Em algumas comunidades, isso formou uma estrutura de poder baseada na estrutura militar. Paralelamente, em alguns territórios, forjou-se uma cultura de arrendamento das terras, com os arrendatários exercendo forte poder econômico sobre a comunidade”, destacou o advogado, lembrando que a prática é proibida, já que as terras indígenas pertencem à União.

“Contudo, o arrendamento não deixou de existir. E não só em Cacique Doble, que é um reflexo de todo este contexto histórico. Em Cacique Doble, a liderança [comunitária] foi usurpada e o controle do território tornou-se absoluto. As lideranças privatizaram toda a área cultivável da terra indígena, destinando-a ao arrendamento, à exploração de grãos como o milho, trigo e, especialmente, a soja, e determinando quem pode e quem não pode plantar”, acrescentou Liebgott, lembrando que as investigações da PF reforçaram as suspeitas de que a disputa pela liderança da terra indígena está associada a outras ilegalidades, como a formação de milícias privadas; tráfico de drogas e contrabando de armas; sementes agrícolas e agrotóxicos. “E a comunidade local é submetida a esta realidade de extrema violência e vulnerabilidade, da mesma forma como acontece em outras partes do País.”

Por e-mail, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que, a pedido do governo estadual, o prazo para que o efetivo da Força Nacional de Segurança Pública permaneça no município, apoiando eventuais ações da PF para preservar a ordem pública, foi ampliado por mais 90 dias, contados a partir de 1º de dezembro. Ainda segundo a pasta, “o Ministério dos Povos Indígenas já destacou a necessidade de atuação governamental para buscar soluções aos conflitos existentes e garantir a segurança das comunidades”.

“Será necessária uma intervenção duradoura, não algo pontual, pois só assim será possível criar um ambiente de apaziguamento e promover, entre os indígenas, um debate a respeito do uso da terra e das estruturas de poder interno”, ponderou Roberto Liebgott.

Agência Brasil entrou em contato com a prefeitura de Cacique Doble e aguarda retorno. A reportagem também aguarda posicionamento do governo do Rio Grande do Sul.

Geral: Aumento de prisões fortaleceu o crime organizado, avalia pesquisador

    EBC


Radiografia da Notícia

Para Bruno Paes Manso, o "remédio" do Estado se tornou um "veneno"

 O Estado é omisso no provimento de boas condições de moradia e infraestrutura

A população desassistida pelo Estado encontra nas igrejas evangélicas vida social, conforto espiritual e recursos de sobrevivência

Agência Brasil 

A modernização da segurança pública nos últimos 20 anos levou ao aumento exponencial do número de prisões. Mas o que era visto como “remédio” para controlar o crime há duas décadas acabou fortalecendo o comando de facções dentro dos presídios. Essa é a avaliação do jornalista e escritor Bruno Paes Manso.

“Esse remédio de segurança pública acabou produzindo o efeito colateral, que foi o fortalecimento das gangues prisionais e uma modernização da cena criminal do tráfico de drogas no Brasil. A gente produziu, imaginando ser um remédio, o nosso veneno. E agora, a gente vê a situação descontrolada e a gente pede que se dobre a dose do nosso remédio”, critica o pesquisador do Núcleo de Estudo da Violência da Universidade de São Paulo (USP) que esteve em Brasília para lançamento do seu mais recente livro: A fé e o fuzil: crime e religião no Brasil do século XXI.

O livro descortina dois fenômenos que se ligam à atuação do Estado nas periferias e comunidades pobres das cidades brasileiras. Por um lado, o Estado é omisso no provimento de boas condições de moradia e infraestrutura, oferta de serviços de educação, de atendimento médico, de cultura e de lazer. Por outro lado, mantém presença estritamente repressiva e violenta contra a população, em nome da guerra ao crime.

Brasília, (DF) – 05/12/2023 - Entrevista com o  jornalista Bruno Paes Manso, fala sobre o seu livro A fé e o fuzil - crime e religião no Brasil no século XXI. Foto Valter Campanato/Agência Brasil.
Entrevista com o jornalista Bruno Paes Manso sobre o seu livro A fé e o fuzil - crime e religião no Brasil no século XXI. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A população desassistida pelo Estado encontra nas igrejas evangélicas vida social, conforto espiritual e recursos de sobrevivência em lugares tomados por milícias e facções criminosas, que prosperam pela incapacidade de o poder público oferecer segurança a essas áreas.

Ganhador do Prêmio Jabuti em 2011 com A República das Milícias, Bruno Paes Manso concedeu uma entrevista exclusiva à Agência Brasil. Veja os principais trechos abaixo:

Agência Brasil - Observando dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, fica evidente a alta mortalidade em operações policiais. Mortes especialmente de pessoas pretas, pobres e periféricas, diga-se. O excesso de violência policial é sinal de perda de controle pelos governos estaduais?

Bruno Paes Manso - Eu acho que sim. É um sintoma importante da perda de controle. Vai ser o sexto ano seguido do Brasil com mais de 6 mil homicídios praticados pela polícia. E a violência policial foi a semente das milícias no Rio de Janeiro. O policial que mata aproveita a vantagem comparativa que tem na cena do crime para ganhar dinheiro com o crime. Isso aconteceu historicamente, desde a época dos esquadrões da morte. O policial que tem carta branca para matar usa esse poder e essa condescendência para tirar vantagem e ficar rico com isso. O Brasil é o país com maior letalidade policial disparada no mundo. E é um sintoma do descontrole dos governos sobre suas polícias. O Rio de Janeiro é o caso mais dramático, mas você tem isso em diversos estados, como na própria Bahia.

Agência Brasil - Para os moradores das comunidades, há diferença nas formas de domínio exercido pelas milícias e pelas facções criminosas? Que inferno é pior?

Bruno Paes Manso - Olha, essa é uma pergunta que, vira e mexe, surge no Rio de Janeiro. No modelo de negócio das milícias, muitas vezes os próprios moradores são extorquidos tanto no comércio como em suas as residências, por monopólios de negócios que geram lucro excessivo e o morador é obrigado a financiar o crime. Já o tráfico de drogas ganha dinheiro pela venda de drogas a pessoas que querem comprar. Mas com o tráfico de drogas ocorrem as operações policiais que produzem muitas mortes, violência e descontrole. São dois problemas sérios de tiranias armadas exercendo o mando nesses territórios que deveria ser controlado pelo Estado. Os próprios cariocas falavam para mim que viviam um Game of Thrones, uma Guerra dos tronos, onde você não vê o Estado como garantidor. Você tem diversos donos de morro lutando e impondo suas vontades pela violência. Então, é o pesadelo e a tirania armada pré-moderna. E é ruim para todo mundo.

Agência Brasil - Você estuda violência no Brasil há 20 anos. Conhece alguma iniciativa estatal que tenha sido eficiente para reduzir a criminalidade de forma duradoura?

Bruno Paes Manso - Nos últimos 20 anos ocorreu modernização da segurança, com investimento nas polícias militares, que são as polícias territoriais, que passaram a prender com mais agilidade em flagrante. A Polícia Civil tem um papel muito frágil na investigação e na compreensão da cena, da dinâmica criminal. Então, se prende muita gente pouco importante. Superlotam as prisões que passaram de 90 mil nos anos 1990 para quase 900 mil depois de 30 anos. Essas prisões superlotadas, em vez de controlar o crime, passaram a fortalecer os chefes das facções dentro das prisões, que controlam o crime no interior das prisões. Então, esse remédio de segurança pública acabou produzindo o efeito colateral, que foi o fortalecimento das gangues prisionais e uma modernização da cena criminal do tráfico de drogas no Brasil. Então, a gente produziu imaginando ser um remédio, mas é o nosso veneno. E agora, a gente vê a situação descontrolada e a gente pede que se dobre a dose do nosso remédio.

Mas há situações isoladas [de sucesso], principalmente voltadas à redução de homicídios. Tivemos o Pacto pela Vida [programa criado em 2007] em Pernambuco, que o governador focou na redução dos homicídios. Foram situações bem-sucedidas que mudam o comportamento, pelo menos que seja momentaneamente, do tráfico de drogas. Porque as drogas vão continuar sendo vendidas, mas se você tiver um tráfico que não mata e que não exerce a tirania nos territórios, já é uma redução de danos importante. Em alguns momentos caminhou para esse sentido. Há também o trabalho de serviço social nos territórios da paz no Pará, onde o Estado chega por outras formas, com equipamentos de arte, cultura e tudo mais. Essas iniciativas são muito isoladas. A guerra ao crime, com a superlotação do sistema prisional, é a base da nossa política de segurança pública. A gente não aceita grandes mudanças alternativas de política de segurança pública.

Silhueta de presos em presídio. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
"Superlotam as prisões que passaram de 90 mil nos anos 1990 para quase 900 mil depois de 30 anos. Essas prisões superlotadas, em vez de controlar o crime, passaram a fortalecer os chefes das facções", afirma Bruno Paes Manso. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Agência Brasil – A operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) decretada pelo governo federal para portos e aeroportos em São Paulo e no Rio de Janeiro e o aumento da fiscalização policial nas fronteiras do MT, MS e PR terão alguma repercussão na redução da criminalidade nas comunidades?

Bruno Paes Manso - Eu acho que a GLO foi uma tentativa de dar uma resposta naquele momento da crise que levou à morte dos médicos [na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro]. Os Estados Unidos têm 3 mil quilômetros de fronteira e investe bilhões de dólares para tentar fazer esse tipo de trabalho. E não consegue. A fronteira com o México continua sendo um desafio e são 3 mil quilômetros. O Brasil tem 17 mil de fronteira e um ínfimo de investimento. Para lidar com isso, não é esse o caminho. A atuação tem que ser numa outra esfera, num outro tipo de trabalho. Eu acho que foi um equívoco, de fato. Ainda mais, mais uma vez, trazer as Forças Armadas para lidar com o problema. E é mais um desvio de assunto para que aparentemente, as coisas continuem como estão, fingindo que está trabalhando um teatro de ação para que, no fundo, as coisas continuem iguais.

Agência Brasil – A ausência estatal para prover segurança, mas também ensino de qualidade, atendimento à saúde e lazer, antecede o crescimento de igrejas evangélicas?

Bruno Paes Manso - O desafio é viver em cidades onde cada vez é mais importante ter dinheiro para sobreviver. Dinheiro é a diferença entre vida e morte. É oxigênio. E você precisa ter uma visão empreendedora dos desafios de sobreviver à miséria. Os evangélicos oferecem um propósito de vida. Isso é muito importante. Eles oferecem autoestima a partir da crença em Cristo. Oferecem networking para conseguir trabalho. Autocontrole e disciplina é condição de prosperar numa sociedade onde cada vez mais é importante ganhar dinheiro. E aí eles surgem com toda essa nova ideia de mundo e ideia de vida, oferecendo um propósito e ordem para uma vida muito desafiadora. E foi abraçada, de uma forma geral, pelos brasileiros, porque realmente oferecem instrumentos para sobreviver nesse mundo muito ligado ao capital e ao e liberalismo, ao mercado e com estados cada vez mais frágeis.

Agência Brasil – Há relações entre crime e fé nas periferias? Como o discurso da violência e o discurso evangélico se articulam?

Bruno Paes Manso - Eu acho que, de uma forma geral, a Igreja ainda é uma porta de saída importante da cena criminal. O criminoso entra no crime muitas vezes ativado pelo desafio da sua masculinidade. Com esse tipo de discurso, o cara entra no crime, começa a perceber que foi seduzido por um engano. Porque, na verdade, ele se afasta dos amigos, dos parentes, dos afetos. Passa a viver uma vida também sem sentido, em busca de um dinheiro vazio que ele percebe que não faz sentido nenhum. E ele quer uma porta de saída. É reconstruir a identidade. A Igreja oferece isso, oferece a possibilidade do arrependimento. A partir do momento que se arrepende, você pode ser perdoado. A partir do momento em que você é perdoado e abraça Jesus, você tem uma nova identidade e você não é essencialmente mau. Você estava sendo influenciado pelo demônio e agora que abraçou Cristo, você pode renascer do zero.

Isso é a base da igreja e continua sendo a base, mas, ao mesmo tempo, dialoga muito com o crime. O PCC passou a oferecer um sentido de vida também falando “olha, em vez de você ser um bandido egoísta e bicho solto, você vai fazer parte de um novo consciente criminal que vai ter uma visão coletiva do crime, o crime fortalecendo o crime. Você vai obedecer regras do crime. Você vai ser um bandido sangue bom, vai prosperar assim, dessa forma e também vai renascer na atividade criminal”. Muitos dos elementos da igreja foram usados para criar esse novo propósito, essa nova ordem do crime, e eles passam a dialogar a partir da prosperidade e da capacidade de ganhar dinheiro e de sobreviver nesse mundo.

Agência Brasil – O Rio de Janeiro “exportou” o modo de funcionamento do crime com as facções? O mesmo pode acontecer com as milícias? Em outros lugares já ocorre a dialética entre fé e crime?

Bruno Paes Manso - O Rio tem suas especificidades. E lá teve o Complexo de Israel, que um traficante começou a controlar cinco favelas a partir de um discurso religioso. Ele falava ser um traficante ungido de Deus, que sonhou com Deus, que deu um propósito nessa luta do bem contra o mal. E a partir daí ele passou a se expandir para outros territórios. Com esse discurso que ele era um traficante que representava o bem. Eu não acho que isso vá ser exportado para outros lugares, porque eu acho que a diferença entre crime e trabalho ainda é muito presente no resto do Brasil. Mas existe um diálogo. Existe um diálogo que a partir do momento que você faz parte do mercado, você oferece empregos, você tem empresas formais e você vai à igreja. Você já está inserido na sociedade e é aceito e pode financiar campanhas [políticas]. E isso começa a fazer parte do dia a dia da cena política e econômica brasileira.


Geral: Crea-SP realiza quase 700 mil fiscalizações no Estado

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Radiografia da Notícia

Números vão até novembro e já bateram um recorde histórico em ações no ano

o Conselho também havia superado uma meta inédita ao executar 462 mil operações de fiscalização

De 2015 a 2022, as fiscalizações aumentaram cerca de 1.600%

Redação/Hourpress

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) já soma, entre os meses de janeiro e novembro de 2023, 699.190 ações fiscalizatórias nos 645 municípios paulistas. O número ultrapassa a ambiciosa meta anual, que era de 600 mil, o que é um recorde histórico para o Crea-SP. Em 2022, o Conselho também havia superado uma meta inédita ao executar 462 mil operações de fiscalização. Para 2024, a expectativa é de que os números continuem em ascensão.
 

De 2015 a 2022, as fiscalizações aumentaram cerca de 1.600%. O crescimento se deve ao planejamento do Crea-SP, parcerias com outras instituições e o uso de tecnologias para apoio às atividades, com pesquisas e apurações remotas, antes e durante a atuação dos agentes fiscais em campo, caso do FiscalizApp, aplicativo desenvolvido internamente. A superintendente de Fiscalização da autarquia, engenheira Maria Edith dos Santos, destaca iniciativas como as forças-tarefas, que direcionam as operações de acordo com as peculiaridades de cada localidade, e projetos inovadores, como a Fiscalização Inteligente e o Match da Fiscalização. “Graças à tecnologia, conseguimos otimizar processos”, afirmou.
 

“A fiscalização é a principal frente de atuação do Crea-SP e temos investido em entregar valor à área tecnológica com esse trabalho, pois, desta forma, conscientizamos a sociedade sobre a importância de se contratar responsáveis técnicos. Essas operações contribuem também para a segurança da população ao exigir a presença de profissionais habilitados e registrados à frente dos projetos das áreas de Engenharia, Agronomia e Geociências”, finalizou.