HQs EUROPÉIAS: UMA HISTÓRIADE LUTA E GLÓRIA!(Primeira Parte)
Tony Fernandes\Redação\Pegasus Studios
Se você é autor de HQs e anda meio desanimado
com as possibilidades que o mercado
nacional lhe oferece, imagine-se vivendo
numa Europa em guerra onde
facistas e as tropas de Hitler
manipulavam o mundo e proibia a publicação
de HQs. No mundo o caos imperava e as
casas editoriais europeias
de quadrinhos estavam fadadas a desaparecer.
Pois é, amigo leitor, se aqui no Brasil a coisa
está ruim, dá para imaginar como seria
a sua situação se você estivesse
morando lá na Europa, mais
precisamente, na Itália, naquele tempo.
Há um velho ditado que diz: "Se a vida se
apresentar azeda, como um limão, seja
otimista e faça com dela uma boa limonada".
Foi exatamente isso o que os editores e
desenhistas europeus fizeram ante um
mercado que estava prestes a sucumbir.
Foi assim que eles deram início a uma
desacreditada produção nacional, até
então insípida.
Leia a matéria a seguir e tire proveito dela,
que apresenta um exemplo de luta,
de garra e de perseverança.
Nada é impossível quando se deseja
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Soldados italianos rumo à guerra |
ardentemente uma coisa.
Erga a cabeça e vá á luta!
A batalha deve continuar. Boa leitura!
LUTA E GLÓRIA!
1915 - A Itália estava em guerra, pela primeira vez.
O sargento Silvio Uderzo, nascido numa vila italiana,
que ficava no nordeste da Itália, exatamente a
cinqüenta quilômetros de Veneza, chamada
La Spenzia, na Ligurie (Liguria), comandava
seus homens.
O premier italiano, em pânico, convocou mulheres
e crianças para essa região que estava sendo invadida
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A cidade de Liguria, Itália |
pelos inimigos facistas.
Entre os civis convocados estava uma jovem chamada
Iria Crestini, de origem toscana.
Em La Spenzia ela conheceu o então militar
Silvio Uderzo e acabaram se casando e
constituindo família.
Liguria
Itália
Porém, ante o poderio bélico do inimigo a região
precisou ser evacuada.
Silvio e sua jovem esposa desesperadamente foram
em direção das colinas em busca de refúgio.
Viveram ainda por algum tempo na Itália, onde
nasceram Uderzo, Bruno, Marcel, Rina e Jeanne.
Depois migraram para a França.
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Soldados Nazistas |
Entre junho de 1940 e 1944 o território francês
também foi invadido pelas tropas alemãs, provocando
um êxodo dramático de sua população que vivia
no norte para o sul daquele país.
Durante a Segunda Grande Guerra Mundial as tropas
de Adolf Hitler, seguindo seu plano de expansão
invadiram os principais países da Europa.
O líder alemão, um ditador de origem austríaca,
se aliou a Mussolini, um ditador facista italiano,
que determinou, de imediato, a proibição de
qualquer forma de divulgação das ideologias do
imperialismo americano.
Benito Mussolini
Nas emissoras de rádio, daquele país,
as músicas americanas eram proibidas. Teatros, jornais, livros
e até as histórias
em quadrinhos Made in America, segundo Mussolini,
poderiam ser usadas como veículos para implantar
na mente do povo europeu a
ideologia capitalista ianque.
Mussolini exigiu que fosse proibido, em seu país,
qualquer manifestação da ideologia alienígena
por meio de qualquer veículo de comunicação,
como: rádio, cinema, teatro ou através da imprensa.
Assim, os personagens de HQs produzidos na América, que
faziam um grande sucesso naquele país,
deixaram de ser publicados.
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O ditador Mussolini |
Os editores entraram em pânico.
Personagens criados na América, como:
Tarzan, Mickey, Pato Donald, Popeye,
Tarzan e muitos heróis do velho Oeste,
de grande aceitação popular, precisavam ser
substituídos, de imediato.
Caso contrário, as editoras
locais estavam fadadas a sucumbir.
Quadrinhos
Enquanto alguns editores simplesmente
abandonavam o ramo, outros que desejavam
continuar publicando os fumettis (Quadrinhos)
tentavam encontrar uma saída desesperadamente.
Caso as editoras fechassem muita gente ficaria
desempregada, como: artistas, escritores, gráficos, papeleiros, etc,
provocando ainda mais miséria e fome, naquele tempo de guerra.
A produção nacional italiana, até então
era insignificante. As HQs produzidas na América
dominavam aquele mercado e gozavam de boa
resposta do público leitor.
Qual era a saída? - pensavam todos.
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Tarzan e Jane no cinema |
De repente, alguém teve uma ideia genial,
mas arriscada: Criar produtos similares aos
mais populares comics americanos,
visando não perder seus fiéis leitores.
Escritores e desenhistas italianos foram
convocados às pressas.
Plagiadores
Era preciso salvar as editoras daquele país e,
quem sabe, criar uma linha de produção nacional.
Porém, dúvidas pairavam no ar: Como reagiriam
os leitores italianos ante esses novos
lançamentos de produtos
similares aos americanos?
Haveria rejeição? Autores e editores seriam
considerados meros plagiadores?
As vendas se sustentariam?
Só havia um jeito de obter essas respostas:
Colocar os novos materiais nos pontos de venda.
Não havia outra alternativa.
Assim, teve início a primeira manifestação nacional
visando a produção de material italiano, num país
que jamais teve tradição de produzir histórias em quadrinhos.
Tal atitude descortinou um grande número de novas
oportunidades aos autores nacionais que, antes disso,
viviam apenas de cartuns e ilustrações de revistas
para campanhas publicitárias.
Um novo mundo surgia e com grande possibilidade
de gerar novos empregos.
De imediato começou a produção
nacional e uma
centena de produtos similares
aos importados, de fato,
foram criados e lançados no mercado.
Nem todos os novos títulos emplacaram
muitos acabaram sendo cancelados.
Akim
No entanto, alguns deles vingaram, caíram
no gosto popular. Em meio a essa
avalanche de novos produtos Made In
Italy surgiu Akim (revista publicada no Brasil
pela extinta editora Noblet). Akim era uma
serie semanal desenhada
pelo italiano Augusto Pedrazza, desenhista que
fez AKIM durante anos
, que apresentava um
personagem na mesma linha de Tarzan,
o Rei dos Macacos, criado pelo escritor americano
Tarzan tinha uma grande aceitação entre os
leitores italianos, tanto quanto tinha no
cinema e nos livros escritos
por Burroughs. Nas telonas o herói das selvas foi
interpretado
por vários atores, porém dentre estes um ganhou
notoriedade: Johnny Weismuller, ex-atleta olímpico.
Foi assim que Weismiller, vivendo o papel do
menino branco, filho de um nobre inglês,
que fora criado entre os macacos, foi considerado
pela crítica e pelo público como a mais perfeita
interpretação de Tarzan.
Tamanho foi o sucesso deste personagem, que uma
centena de filmes, séries de TVs e gibis foram lançados
em todo mundo, nos últimos anos.
Com a morte do autor, aos poucos, Tarzan foi caindo
no esquecimento, saindo da mídia.
Nos últimos anos Tarzan foi ressuscitado pelos estúdios Disney,
em forma de desenho animado e obteve um estrondoso sucesso.
DE VOLTA À EUROPA...
Diante do sucesso de Akim e de outros
produtos similares as HQs CONTINUA...
Por: Tony Fernandes\Redação\Pegasus Studios
americanas, obtido pelos editores italianos,
na França uma legião de autores e editores também
se animaram e decidiram seguir o exemplo da Itália
e adotaram, também, o caminho da nacionalização.
CONTINUA...
Por: Tony Fernandes\Redação\Pegasus Studios
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Augusto Pedrazza
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