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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Geral: Novos remédios para velhas doenças




Luís Alberto Alves
Pesquisadores combinam drogas já testadas para combater doença de Chagas e leishmaniose
O tratamento para duas enfermidades infecciosas, o mal de Chagas e a leishmaniose, está ganhando novas drogas formuladas por pesquisadores brasileiros. Essas doenças são classificadas como negligenciadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por não receberem grandes investimentos da indústria farmacêutica no desenvolvimento e comercialização de medicamentos. Elas afetam principalmente as populações de baixo poder aquisitivo das regiões tropicais do planeta. O combate a essas doenças pode estar no desenvolvimento de moléculas com novas formulações farmacêuticas, associação de drogas e também em formas menos tóxicas para aplicação de medicamentos já existentes.

A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, é transmitida pelo inseto barbeiro e atinge, segundo estimativas da OMS, 8 milhões de pessoas no mundo, com 12 mil mortes por ano e 65 milhões de pessoas com risco de exposição. A leishmaniose, transmitida por insetos hematófagos conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos, tem duas formas de manifestação: a visceral, que pode ser fatal, e a cutânea. A OMS estima que existam 12 milhões de infectados no mundo, com 30 mil mortes por ano e 350 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco.


Um dos candidatos ao novo medicamento foi identificado pelos pesquisadores Wagner Vilegas, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São Vicente (SP), Emerson Ferreira Queiroz, da Universidade de Genebra, na Suíça, e Cláudia Quintino da Rocha, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Eles isolaram uma nova família de moléculas a partir de uma planta do Cerrado, a Arrabidaea brachypoda, conhecida como cervejinha-do-campo e usada contra cálculos renais. A partir dos resultados de pesquisas in vitro e in vivo, com animais de laboratório, os pesquisadores avaliaram que uma molécula da família tem potencial para o desenvolvimento de um novo medicamento. “Um dado importante é que a substância não apresentou toxicidade nas doses testadas”, diz Cláudia. O benznidazol, droga mais usada hoje no Brasil contra a doença de Chagas, gera fortes efeitos colaterais, com reações alérgicas cutâneas, enjoos e vômitos.

Geral: Três ônibus são incendiados durante a madrugada em São Luís


  • 20/05/2016 12h27
  • Brasília
Da Agência Brasil
Três ônibus foram totalmente incendiados e dois tiveram parte da estrutura queimada, na noite dessa quinta-feira (19), na região metropolitana de São Luís. Segundo o governo do Maranhão, os ataques foram feitos por facções criminosas. O último ataque na região aconteceu em outubro de 2014.

O governo do estado informou que os membros da facção estavam disseminando mensagens de pânico por meio de redes sociais antes dos ataques. Na manhã de hoje (20), 15 pessoas foram presas suspeitas de participação no ataque.

Em nota, a Polícia Militar da região informou que “diante dos ataques a coletivos, o policiamento de toda a região metropolitana foi reforçado com todas as equipes do Batalhão Tiradentes, equipes do Serviço Avançado de Inteligência, Batalhão de Choque, além do patrulhamento das viaturas de área com atenção redobrada”.

A circulação de ônibus na cidade chegou a ser suspensa durante a noite, mas os veículos voltaram a circularam normalmente na manhã de hoje.

Economia: Justiça extingue processo contra Eike Batista por prejuízos a acionistas da OGX



  • 19/05/2016 16h42
  • Rio de Janeiro
Douglas Corrêa - Repórter da Agência Brasil
A Justiça do Rio decidiu extinguir o processo contra o empresário Eike Batista por prejuízos causados aos acionistas da petroleira OGX, atual OGPar. Na decisão, o juiz Fernando César Ferreira Viana, da 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, considerou a inexistência de interesse homogêneo no ajuizamento de ação civil pública contra o empresário.

“Não se demonstrou nos autos a relevante repercussão social dos atos imputados ao réu, seja pela sua natureza, seja pela sua dimensão. Não se está afirmando, com tal conclusão, que os fatos objetos do pedido inicial não tiveram repercussão social, mas sim que a natureza e a dimensão de tais fatos não autorizam o ajuizamento da ação civil pública, já que restrito à seara de acionistas que, embora minoritários, conhecem os riscos do mercado de ações”, disse o juiz na sentença.

A ação civil pública, movida pela Associação dos Investidores Minoritários do Brasil e ex-acionistas da empresa Óleo e Gás Participações S/A, acusava Eike Batista de depreciação dos títulos.

Segundo a ação, o empresário também teria praticado insider trading – negociação de valores mobiliários baseada no conhecimento de informações relevantes que ainda não são de conhecimento público, com o objetivo de auferir lucro ou vantagem no mercado – e negociado ações entre os dias 24 de maio e 10 de junho de 2013 com o conhecimento de fator relevante não divulgado ao mercado, com a obtenção de vantagem com tal operação.

Economia: Preços de remédios elevam prévia da inflação oficial em maio



  • 20/05/2016 09h50
  • Rio de Janeiro
Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil
Os remédios foram os principais responsáveis pela taxa de 0,86% na prévia da inflação oficial de maio, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15). Os medicamentos ficaram 6,5% mais caros no mês, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A alta de preços dos remédios puxou a inflação do grupo de despesas saúde e cuidados pessoais, que registrou uma taxa de 2,54% na prévia de maio, cujo cálculo foi feito com base em preços coletados entre 14 de abril e 13 de maio.

Outro grupo que teve papel importante na prévia foi o de alimentos e bebidas, com uma taxa de 1,03%. Entre os produtos que ficaram mais caros estão a batata-inglesa (29,65%), o feijão-carioca (5,04%), a farinha de mandioca (4,45%) e o leite (2,82%).

Também tiveram taxas acima da média do IPCA-15, os grupos de despesas com habitação (0,99%) e comunicação (1,26%). Outros quatro grupos de despesa tiveram inflação: despesas pessoais (0,81%), vestuário (0,72%), artigos de residência (0,55%) e educação (0,29%).

Apenas os transportes acusaram deflação (queda de preços) de 0,30%, devido ao recuo nos preços das passagens (-8,59%) e etanol (-8,54%).

Política: Relator da reforma do Código de Trânsito busca acordo entre taxistas e Uber


Luís Alberto Alves

Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre o transporte individual de passageiros
Comissão especial da Câmara dos Deputados analisa projetos que modificam o Código de Trânsito Brasileiro
Os frequentes conflitos entre taxistas e os motoristas do aplicativo Uber foram debatidos, nesta quarta-feira (18), nacomissão especial da Câmara que analisa mudanças (PL 8085/14 e apensados) no Código de Trânsito Brasileiro (Lei9.503/97), em vigor há 18 anos.
O relator da comissão, deputado Sérgio Brito (PSD-BA), afirmou que o transporte individual remunerado será tema obrigatório dessa reforma e pediu que taxistas e motoristas de aplicativos, como o Uber, cheguem a um acordo que privilegie o usuário e a mobilidade urbana. Além das reuniões em Brasília, a comissão vai promover debates nos estados.
"Nós temos a responsabilidade de fazer a regulamentação disso. Sem regulamentação nenhuma, nada pode funcionar neste País. Temos que entender e chegar a um denominador comum sobre o que é que o povo brasileiro quer. Esta Casa aqui é que tem de decidir. Vamos aprofundar essa discussão, já que nós vamos sair pelos estados, e isso vai ser muito importante", afirmou Brito.
ConflitosDesde que o Uber passou a ser usado no Brasil, em 2014, os conflitos com taxistas são frequentes. O mais recente aconteceu no início do mês, em São Paulo, onde o prefeito Fernando Haddad liberou, via decreto, o funcionamento do Uber por meio de compra de créditos de uso viário. Em protesto, taxistas fecharam ruas importantes e fizeram manifestação em frente à prefeitura paulistana.
A depender do debate desta quarta, na Câmara, o acordo não será fácil. O presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo, Natalício da Silva, classificou o Uber de serviço "clandestino" que vem aniquilando a categoria dos taxistas.
"Falar dessas organizações que entraram, aqui no Brasil, pela porta dos fundos não entra na cabeça de ninguém. É uma vergonha discutir um assunto como esse”, criticou Natalício. “Um cidadão, para vender pipoca na porta de uma escola, precisa de licença da prefeitura. Como um cidadão se instala no Brasil, explorando os brasileiros? Eles entram apenas com esse aplicativo e ainda esnobam e insultam todas as autoridades brasileiras. Estou aqui nervoso, aborrecido e chateado porque estou vendo a minha categoria ir para o brejo", acrescentou o taxista.
Busca regulamentação
Já o diretor de políticas públicas do Uber no Brasil, André Rosa, admitiu que a empresa ainda busca, junto às autoridades municipais, a devida regulamentação do serviço. Segundo ele, o Uber, presente em 11 cidades brasileiras, ajuda a resolver o problema da mobilidade urbana com segurança e comodidade e a gerar emprego e renda em tempos de crise econômica. Rosa acrescentou que o serviço é amparado pela Constituição, pelo Plano Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/13) e pelo Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14).
"Quanto à natureza jurídica do serviço, realmente a gente concorda que há um 'vacatio' de regulamentação. O Plano Nacional de Mobilidade Urbana, quando traz o conceito de transporte individual remunerado, não definiu o que é o transporte privado. Só definiu o que é o transporte público”, observou André Rosa. “A empresa vem justamente na linha do que está estabelecido no Marco Civil da Internet, usando a plataforma tecnológica para desenvolver novos serviços. Nós não viemos roubar participação de mercado dos táxis."
Convivência
Representantes do Ministério Público e do governo, presentes na audiência pública, acreditam que há espaço para a convivência dos dois tipos de transporte individual remunerado.
O procurador da República Carlos Bruno da Silva defendeu que o Congresso Nacional tem competência para legislar sobre o tema, de forma geral. "Deve-se estimular a Casa a tomar uma decisão", destacou.
No entanto, o procurador lembrou que qualquer iniciativa que venha a proibir o uso do aplicativo Uber no Brasil não vai prosperar, diante da possibilidade de veto do Supremo Tribunal Federal ou de uso de um site no exterior para manter o serviço. "É impossível ir contra a tecnologia", alertou Carlos Bruno da Silva, para quem é preciso encontrar meios em que convivam diferentes tipos de transporte de passageiros, públicos e privados.
Já o diretor do Departamento de Cidadania e Inclusão Social do Ministério das Cidades, Marco Antônio Mota, reconheceu que o tema é complexo e novo, já que o Uber surgiu em 2009, nos Estados Unidos.
Na visão do governo federal, cabe ao Congresso definir regras gerais, porém, as especificidades do transporte individual cabem aos municípios, conforme prevê a Política Nacional de Mobilidade Urbana.
Defesa dos taxistas
Os deputados presentes defenderam os taxistas, em maioria na plateia. O deputado Celso Russomano (PRB-SP) anunciou que, por iniciativa própria, vai acionar o Ministério Público para exigir a apreensão de veículos, como os que utilizam o Uber, que estejam fazendo o transporte sem a devida autorização legal.
O deputado Vicentinho (PT-SP) também se colocou ao lado dos "mais fracos" – no caso, os taxistas – e alertou para o risco de o Uber estar praticando o chamado "dumping" social, enfraquecendo uma categoria para, posteriormente, dominar o mercado.
Diferença de preços
O presidente da comissão especial, deputado Cacá Leão (PP-BA), disse ter aproveitado o fim de semana para fazer uma pesquisa, em Brasília, junto a taxistas e motoristas de Uber. Segundo o parlamentar, chamam a atenção as diferenças de preços entre os dois serviços, a pequena quantidade de taxistas donos de suas próprias licenças e o grande número de clandestinos.
O relatório final da comissão especial da reforma do Código de Trânsito Brasileiro deve ser divulgado em novembro.

Política: Deputados da CPI do Carf querem evitar que interrogados tenham direito de ficar em silêncio


Luís Alberto Alves

Os três depoentes de hoje, como vários outros que compareceram à CPI, estavam munidos de habeas corpus que lhes davam o direito de permanecer calados. Parlamentares defendem mudanças na legislação para evitar que os convocados se utilizem deste recurso, prejudicando o trabalho das CPIs
Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Audiência pública para tomada de depoimentos
Amparados por habeas corpus, depoentes convocados não responderam as perguntas dos deputados, que querem restringir esse direito a acusados de crimes
Deputados da CPI do Carf defendem mudanças na legislação para reforçar os poderes das comissões parlamentares de inquérito (CPI) de modo a tentar evitar que interrogados consigam, no Supremo Tribunal Federal (STF), o direito de permanecer calados durantes os depoimentos.
Os depoentes convocados para a reunião de hoje da CPI – o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva, o advogado Eduardo Gonçalves Valadão e o lobista Halysson Carvalho Silva – estavam amparados porhabeas corpus concedidos pelo STF que davam a eles o direito de permanecer calados e não se autoincriminarem.
Os três, já denunciados pelo Ministério Público Federal, são acusados de envolvimento em compra de medidas provisórias (MPs) que beneficiaram o setor automobilístico e em corrupção em julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda encarregado de julgar recursos de empresas autuadas pela Receita Federal.
Eles se recusaram a responder as perguntas dos deputados da CPI.
O deputado Hildo Rocha (PMDB-MA) sugeriu ao presidente da comissão, Pedro Fernandes (PTB-MA), que fosse ao STF conversar com os ministros para evitar a concessão de novos habeas corpus.
“Eu não vou. O Supremo está agindo dentro da lei. Prefiro que a gente tente mudar a lei”, respondeu o presidente da CPI.
O deputado Jorge Solla (PT-BA) defendeu a proposta. “Devemos mudar a legislação para evitar o que está acontecendo aqui, que é um abuso no direito de ficar calado”, disse.
Negativa de envolvimento
Mesmo em silêncio, quando questionados a respeito das acusações que pesam sobre eles, dois dos três acusados convocados para depor negaram ter atuado em irregularidades no Carf.
O advogado Eduardo Gonçalves Valadão e o comerciante Halysson Carvalho Silva negaram qualquer envolvimento com o órgão. “Nunca andei no Carf, não sabia nem o que era o Carf”, disse Halysson.
Ele é acusado de extorsão e teria sido contratado pela SGR Consultoria Empresarial para ameaçar os lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, sócios da empresa de consultoria Marcondes e Mautoni, para pagarem propina relativa à aprovação de medida provisória que teria beneficiado a Mitsubishi do Brasil.
Marcondes, em depoimento à CPI, também optou pelo silêncio, mas confirmou com um gesto de cabeça ter sido ameaçado por Halysson, ao ser questionado pelo deputado Izalci (PSDB-DF).
Valadão, por sua vez, disse que nunca atuou no Carf. “Não sou tributarista, nunca atuei no Carf e não tenho o que colaborar”, disse.
Ele negou também ser sócio da empresa SGR, controlada pelo terceiro depoente convocado para a reunião de hoje da CPI, o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva.
José Ricardo se recusou a responder perguntas sobre as acusações que pesam sobre ele, mas disse que nem todas as empresas que recorrem administrativamente ao órgão contra autuações da Receita são sonegadoras. “O que acontece é que o sistema tributário é muito complexo”, disse.
Ele provocou irritação entre os deputados ao defender uma reforma tributária. “Fica parecendo que as falcatruas no Carf foram causadas pela complexidade tributária e não pela ação deles. Inverteram os valores aqui hoje. Silêncio é um direito constitucional, mas não dá para ouvir conselhos de quem está denunciado no Carf”, disse o deputado Pedro Uczai (PT-SC).
Acusações
José Ricardo, segundo o Ministério Público Federal, oferecia decisões favoráveis a empresas nos julgamentos do Carf. O pai dele, Eivany Antônio da Silva, é ex-auditor da Receita Federal e fundador da SGR. Também é investigado, acusado de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e extorsão.

De acordo com a Polícia Federal, José Ricardo e Valadão atuaram juntos em um esquema de compra de medidas provisórias e corrupção no Carf junto com o lobista Alexandre Paes dos Santos – que também ficou calado em depoimento à CPI. Eles teriam contratado Halysson para pressionar cúmplices que não teriam pago a comissão pelos resultados.

Os três depoentes de hoje foram dispensados depois de se recusarem a colaborar.
Requerimentos
Na mesma reunião, a CPI aprovou convite para que o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel preste depoimento sobre o funcionamento do Carf.
Maciel não é investigado e seu depoimento, pedido pelo deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), tem como objetivo subsidiar os trabalhos da comissão.
Da mesma forma também será convidado o coordenador-geral de Pesquisa e Investigação da Receita Federal, Gerson D’Agord Shaan, a pedido dos deputados Izalci (PSDB-DF) e Heráclito Fortes (PSB-PI).
A CPI também aprovou requerimentos apresentados pelo relator da comissão, deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), com solicitações de documentos a vários órgãos, como a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério Público a respeito de processos relativos a irregularidades no Carf.
Foi aprovado ainda requerimento do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que pede a transferência de dados relativos à quebra dos sigilos bancário e fiscal da empresa de consultoria Marcondes e Mautoni, dos lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, acusados de pagar propina a conselheiros do Carf em troca de decisões favoráveis a empresas devedoras.
Como o quórum da comissão estava baixo, o presidente da CPI, deputado Pedro Fernandes, decidiu não colocar em votação requerimentos mais polêmicos previstos na pauta desta reunião, como a convocação dos empresários André Gerdau, da Siderúrgica Gerdau, e Walter Faria, da Cervejaria Petrópolis.
As duas empresas teriam usado o serviço de lobistas para corromper conselheiros do Carf em julgamentos de recursos contra autuações da Receita.
As últimas tentativas de votar os requerimentos de convocação dos empresários não foram adiante por falta de quórum na CPI.

Política: Deputados avaliam primeiros atos tomados por governo interino de Michel Temer

Luís Alberto Alves

Alguns parlamentares acham que os planos são necessários para enfrentar a crise, enquanto outros falam em perdas de direitos. Declaração sobre tamanho do SUS teve críticas de governistas e oposicionistas, assim como possível recriação de CPMF.
Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Reunião de Temer com líderes partidários
No início da semana o presidente em exercício, Michel Temer, reuniu-se com líderes partidários
Os primeiros passos do novo presidente repercutiram toda a semana no Plenário da Câmara dos Deputados. Parlamentares que agora compõem a base de apoio ao governo interino destacaram medidas positivas, como a perspectiva de ajuste nas contas públicas. Quem é contra o governo, no entanto, denunciou perdas de direitos.
Algumas medidas foram consideradas impopulares por deputados de diferentes matizes: a possível recriação da CPMF – o imposto do cheque, cobrado nas movimentações financeiras – e as declarações sobre o tamanho do Sistema Único de Saúde (SUS).
O deputado Renato Molling (PP-RS) disse que o presidente interino Michel Temer está fazendo o “dever de casa” ao diminuir os custos da máquina pública com o corte nos ministérios. E disse que o Congresso tem responsabilidade com a governabilidade do interino, para que as propostas da nova gestão prosperem. “Temer não vai tirar direitos de ninguém, mas as reformas são necessárias, são importantes e têm que acontecer. Não existe nada de graça. O presidente Michel Temer prometeu emprego. E, para isso, todos nós precisamos colaborar, precisamos ajudar. E o Congresso é responsável também por isso”, afirmou o deputado.
A avaliação do líder da Rede, deputado Alessandro Molon (RJ), no entanto, é que as primeiras medidas anunciadas vão cortar direitos sociais. “São muitos retrocessos e muitos recuos”, disse o deputado, referindo-se a declarações de ministros desmentidas por Temer. Molon criticou cortes em políticas sociais da área de Educação, a extinção do Ministério da Cultura, e a falta de mulheres no primeiro escalão governista. “No fundo, nós começamos a ver o que isso está representando em termos de perdas para a população brasileira, em especial para a mais sofrida, em especial para a mais pobre”, condenou.
Já o deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA) criticou os cortes no Programa Minha Casa, Minha Vida, anunciado pelo novo ministros das Cidades, Bruno Araújo. “Este foi o primeiro corte efetivo em programas sociais realizado pelo governo de Michel Temer, que até ontem anunciava que não tocaria nos recursos para programas sociais”, criticou.
As críticas foram minimizadas pelo deputado Delegado Edson Moreira (PR-MG), para quem ainda é muito cedo para apontar erros do novo governo, que assumiu há uma semana. “Não sou da situação, muito menos da oposição, mas quero dizer que avaliar um governo de quatro dias é piada!”, comentou. Ele disse ainda que o novo governo não vai resolver problemas herdados do governo passado.
Relações Exteriores
A atuação do Ministério das Relações Exteriores, comandado por José Serra, foi alvo de críticas e elogios em Plenário. O deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) parabenizou a mudança na orientação da pasta, que divulgou nota condenado declarações contra o impeachment de governos da Venezuela, de Cuba, da Bolívia, do Equador e da Nicarágua, considerados aliados do PT. “Quero parabenizar a postura de José Serra. É preciso que façamos parceria com quem oferece coisas boas”, afirmou.
Serra também teve apoio do deputado Lobbe Neto (PSDB-SP). “Sentimos que agora é para valer, o Brasil poderá ser respeitado no exterior, em vários países, não só no Mercosul, não só em alguns países bolivarianos”, afirmou.
A decisão de Serra de conceder passaporte diplomático para o pastor da Assembleia de Deus Samuel Pereira, no entanto, foi criticada por alguns deputados. Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), chama atenção o fato de o pastor beneficiado ser citado pela Operação Lava Jato. “Um representante da Assembleia de Deus, citado na Operação Lava Jato, acusado de lavagem de dinheiro agora ganhou o passaporte pelos relevantes serviços que pode prestar ao País no mundo inteiro”, ironizou.
O líder do PCdoB, deputado Daniel Almeida (BA), também criticou a medida. “Qual foi o critério, qual foi a razão para uma das primeiras medidas do ministro das Relações Exteriores ser a concessão de passaporte diplomático a um acusado na Operação Lava-Jato? Querem proteger — só pode ser essa a leitura — aqueles que estão denunciados na Lava-Jato”, questionou.