A sobrevivência de uma pessoa com rins com funções comprometidas é dolorida
Emanuel Pires Esposito
O Brasil é um dos países que mais se engaja na divulgação da campanha que alerta para as prevenções do Dia Mundial do Rim, lembrado em 12/3. Apesar da intensa mobilização nacional acerca da doença, estima-se que cerca de 10 milhões de brasileiros, possuem doença renal crônica.
A maioria das pessoas não sabe para que serve o rim, desprezando o significado vital deste órgão. No check-up anual, podemos dizer até mesmo que os rins são esquecidos e não entram no monitoramento padrão da maioria dos brasileiros.
Mas afinal, para que servem os rins? O ponto principal é que eles funcionam como filtro de sustâncias ingeridas, contribuindo para eliminação de sustâncias tóxicas e excesso de água ou sal. Auxiliam ainda, no controle da anemia, da pressão arterial e mantém a calcificação dos ossos. É um órgão tão essencial como qualquer outro no organismo humano.
A sobrevivência de uma pessoa com rins com funções comprometidas é dolorida, tem custos sociais, familiares, inúmeros desafios e perdas. A pessoa com insuficiência renal crônica, que consiste na diminuição do funcionamento do rim por alguma lesão, geralmente precisa fazer hemodiálise ou diálise peritoneal, e em alguns casos mais graves até mesmo um transplante.
Normalmente este indivíduo precisa se ausentar cerca de três dias de casa e passar quatro horas ligado a uma máquina de hemodiálise, método artificial para filtragem do sangue. Outro inconveniente, é a necessidade de ir ao hospital e fazer exames com muito mais frequência. No Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém (PA), referência para a região Norte do país com um importante Centro de Terapia Renal Substitutiva, atendemos milhares de pessoas nessas condições e, apesar da assistência prestada e da qualidade do serviço, é nítido o quanto esta rotina é cansativa.
Os principais fatores de risco para desenvolver insuficiência renal crônica, são: hipertensão, diabetes, histórico familiar de doença renal crônica, problemas cardiovasculares, obesidade, fumo, infecção urinária e/ou cálculos renais de repetição, uso de medicamentos que podem comprometer as funções dos rins e a idade (acima de 50 anos). Neste último fator, a propensão em desenvolver a doença ocorre porque, depois dos 40 anos, perdemos cerca de 1% da função renal, que é o envelhecimento natural do órgão.
Fazendo referência ao tema deste ano da campanha do Dia Mundial do Rim, da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), essa incidência de casos no Brasil pode diminuir com a realização do rastreio rotineiro da doença renal, que pode ser feito por meio da dosagem de creatinina no exame de sangue e do exame complementar de urina – os dois exames avaliam a função dos rins e podem ser realizados em qualquer laboratório, com baixo custo.
Por serem exames de rotina, no momento do check-up, o paciente pode solicitar ao seu médico a dosagem da creatinina - substância que está presente no sangue, derivada do metabolismo muscular e é filtrada pelos rins. A creatinina funciona como marcador da função renal.
Os músculos produzem a substância, ela é filtrada pelos rins e sai na urina. Quando o paciente apresenta problema renal, o rim, que filtra a creatinina, não consegue eliminar essa substância e ela aumenta no sangue. Assim, níveis de creatinina acima do limite de normalidade indicam doença renal.
Quando você lembrar que glicose tem a ver com diabetes, colesterol tem a ver com doenças do coração, não esqueça que a creatinina tem a ver com a saúde dos seus rins. Agora que você já sabe da importância dos rins e como acompanhar a saúde deles, não esqueça de incluí-los no seu check-up anual.
A prevenção não custa caro, além de ser bem menos dolorida. Ame seus rins!
Emanuel Pires Esposito é Médico especialista em Clínica Médica e Nefrologia, responsável Técnico pelo serviço de Nefrologia e Transplante Renal do Hospital Regional do Baixo Amazonas, gerenciado pela Pró-Saúde em Santarém (PA)
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