A proposta da Fenasaúde é o retorno à época que a maioria da população não tinha acesso à saúde
Luís Alberto Alves/Hourpress
Os idosos, mulheres e pobres
vão se transformar em comida de lobo caso seja aprovado o projeto de
reformulação da Lei 9.656/98 proposto pela Fenasaúde (Federação Nacional de
Saúde Suplementar), guarda-chuva onde estão as principais operadoras brasileiras
de plano de saúde. “Sem mobilização da sociedade, essa proposta pode ser
aprovada no Congresso Nacional”, alertou o presidente da APM/SP, Dr. José Luís
Gomes do Amaral.
Mesma opinião tem o diretor da
entidade, o médico Marun David Cury. “O problema é que as operadoras vendem
planos de saúde como se fossem cestas básicas. Ignoram especialidades complexas”,
criticou. Na avaliação do promotor do Ministério Público, Artur Pinto Filho, a
proposta da Fenasaúde é o retorno à época que a maioria da população não tinha
acesso à saúde.
“Até 1988, o cidadão só
conseguia atendimento médico no serviço de saúde, se estivesse trabalhando com
carteira registrada. O plano é destruir o SUS (Serviço Único de Saúde), porque
quem não conseguir ter um plano de saúde (caso de idosos, mulheres e pobres),
por causa dos altos custos cobrados, irão sobrecarregar o SUS”, explicou.
A mesma opinião tem seu colega
de Defensoria Pública, Luiz Fernando, alertando que os idosos não conseguirão
arcar com os custos, cada vez mais elevados, cobrados pelos planos de saúde. “Para
complicar, o governo congelou o investimento em Saúde Pública. Durante 20 anos,
o SUS perderá R$ 420 bilhões”, enfatizou.
A proposta da Fenasaúde de
impor mudanças na Lei 9.656/98 é provocar mudanças nos planos de saúde. “Pretendem jogar a maior parte da população
sem condições de arcar com essas despesas para o SUS. Por meio de planos
populares, só vão oferecer cobertura de atendimento ambulatorial, deixando de
fora os casos graves”, disse Fernando.
Para a presidente da Sociedade
Brasileira de Ginecologia, Maria Lúcia Mesquita, as mulheres vão sofrer, caso
essas mudanças sejam aprovadas. “Hoje é
grande o número de mulheres que morrem por causa de problemas cardíacos. Pela
visão da Fenasaúde, no caso das gestantes, só poderemos atender problemas sem
gravidade durante a gravidez. Se ocorrer algo mais grave, ela será enviada ao
SUS”, frisou.
Durante evento realizado hoje
(30) na sede da APM/SP, diversas entidades se manifestaram favoráveis à mobilização
para impedir que a população seja prejudicada pelas mudanças propostas pela
Fenasaúde. Participam desta mobilização Idec, MCPON (Associação Nacional do
Ministério Público do Consumidor), OAB, Fórum Nacional das Entidades Civis de
Defesa do Consumidor, CFM (Conselho Federal de Medicina), entre diversas
entidades defensoras dos interesses do consumidor.
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